Exercícios para pacientes com câncer

Pesquisas recentes mostram que a prática de exercícios não só é segura e possível durante o tratamento, como recomendada

Exercícios físicos podem parecer desanimadores para muitos pacientes com câncer, especialmente aqueles com câncer de pulmão. Mas estudos mostram que o exercício pode aliviar significativamente a fadiga relacionada ao tratamento e ao mesmo tempo diminui o risco de muitas doenças graves, incluindo tumores recorrentes ou secundários.

“Pacientes com falta de ar devido ao câncer podem – e devem – incluir exercícios em suas rotinas diárias para ganhar força, resistência e melhorar a qualidade de vida. Mas todos os pacientes, independentemente do tipo de câncer e nível de atividade, devem consultar o médico especialista antes de iniciar qualquer programa de exercícios”, diz o oncologista torácico Carlos Gil Ferreira, presidente do Instituto Oncoclínicas.

© EnvatoElements

Um artigo publicado em março deste ano no Jornal de Ciências do Esporte e Saúde – Funções e mecanismos moleculares do exercício físico na prevenção e tratamento do câncer – apresenta uma revisão da literatura sobre os efeitos do exercício no desenvolvimento e progressão do câncer. A conclusão é de que o exercício físico deve ser considerado uma importante intervenção na prevenção e tratamento do câncer e suas complicações. “A prática de exercícios pode aumentar a motivação para mudar comportamentos e estilo de vida, melhorar a aptidão aeróbica, a função física, a qualidade de vida e controlar a fadiga”, diz o médico.

Com relação à prevenção, segundo o artigo, em uma revisão de 25 estudos, os fumantes que se exercitaram tiveram um risco menor de câncer de pulmão do que aqueles que não se exercitaram. Mas não houve diferença no risco de câncer de pulmão entre os não fumantes que se exercitaram em comparação com aqueles que não o fizeram.

“Durante o tratamento de câncer o programa de exercícios deve ser baseado no que é seguro, eficaz e agradável para cada paciente. Deve-se levar em conta atividades anteriores que o paciente já costumava seguir antes da doença e também seus novos limites”, diz Carlos Gil Ferreira. O médico alerta que a prática de exercícios físicos deve ser iniciada após liberação do médico oncologista, e que o profissional que elaborar a rotina de exercícios deve conhecer o diagnóstico e as limitações do paciente.


Sobre Dr. Carlos Gil Ferreira

Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1992) e doutorado em Oncologia Experimental – Free University of Amsterdam (2001). Foi pesquisador Sênior da Coordenação de Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) entre 2002 e 2015, onde exerceu as seguintes atividades: Chefe da Divisão de Pesquisa Clínica, Chefe do Programa Científico de Pesquisa Clínica, Idealizador e Pesquisador Principal do Banco Nacional de Tumores e DNA (BNT), Coordenador da Rede Nacional de Desenvolvimento de Fármacos Anticâncer (REDEFAC/SCTIE/MS) e Coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC/SCTIE/MS). Desde 2018 é Presidente do Instituto Oncoclínicas e Diretor Científico do Grupo Oncoclínicas. No âmbito nacional e internacional foi Membro Titular da Comissão Científica (CCVISA) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No âmbito internacional é membro do Board, Career Development and Fellowship Committee e do Bylaws Committee da International Association for the Research and Treatment of Lung Cancer (IALSC); Diretor no Brasil da International Network for Cancer Treatment and Research (INCTR); Membro do Board da Americas Health Foundation (AHF). Editor do Livro Oncologia Molecular (ganhador do Prêmio Jabuti em 2005) e Editor Geral da Série Câncer da Editora Atheneu. Já publicou mais de 120 artigos em revistas internacionais. Em 2020, recebeu o Partners in Progress Award da American Society of Clinical Oncology. Presidente Eleito da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica para o período 2023-2025.