Em novembro de 2009 eu estava trabalhando em uma das bicicletas do nosso acervo, quando fui chamado para atender uma pessoa que desejava conversar comigo. Era uma tarde muito quente, dessas que são típicas e comuns em Joinville nessa época do ano.

Saí da oficina e, no saguão de entrada do MuBi, encontrei João Alberto, cidadão goiano, a quem fui apresentado. Conversamos um pouco e ele me disse que era pedreiro, e que recebera uma bicicleta como parte do pagamento de um serviço que ele realizava numa casa em um bairro próximo ao museu. Como estava em seus planos retornar para Goiás, ele pretendia vender a bicicleta e, por ela ser diferente, resolveu nos procurar.

Como ele não estava com ela, combinamos nos encontrar no dia seguinte no mesmo horário. Pedi uma breve descrição da bicicleta, a qual João Alberto dissera ser uma Monark diferente, com paralamas e bagageiros cromados. Logo imaginei uma “Série Prata”, que seria a mais aproximada do que ele descrevera.

No dia seguinte, aconteceu uma grata surpresa: tratava-se de uma “Monark Gran Tour IV” – Série Prata. Sem dúvida, um modelo bastante raro, e seu excelente estado de conservação revelava uma bicicleta com pouco uso, o que se confirmou quando ela foi preparada para entrar em exposição.

Esse modelo, assim como a “Peri” da Caloi, vieram para concorrer com a Peugeot Turismo III, que devido às suas excelentes qualidades e preço, começava a conquistar a preferência do mercado consumidor. A “Gran Tour” da Monark era a bicicleta que mais se aproximava da Peugeot quanto ao acabamento, enquanto a “Peri” era o “patinho feio” entre as três. A “Turismo III” e a “Gran Tour” brilhavam com seus paralamas, aros e bagageiros cromados, a “Peri” era apenas prateada e com dois filetes pretos em cada paralama (um de cada lado); além de possuir a rodagem dianteira e traseira nos tamanho 26 X 1.3/8, ou seja, pneus baixos e finos.

Peugeot e Monark vinham montadas com pneus 26 X 1.1/2 X 1.3/4, meio balão, mais macios e confortáveis para longos passeios ou uso urbano.  A qualidade geral da Gran Tour IV sempre foi boa, principalmente nos acabamentos cromados. Um pouco fora dos padrões usuais está a alavanca de acionamento do câmbio Shimano Skay Lark, colocado quase no meio do tubo superior do quadro, sem prejuízo no seu funcionamento. Trata-se de um modelo quase clássico que remonta a linha das bicicletas de turismo dos anos 50. O grafismo quase espartano, aplicado sobre o quadro e garfo do modelo, fornecem um discreto charme a essa bicicleta.

Ficha Técnica: Bicicleta Monark “Gran Turismo IV”, aro 26, quadro masculino, ano 1980, equipada com câmbio Shimano-Skay Lark de quatro velocidades.

Condição: Original/conservada. Acervo: MuBi.

© Valter F. Bustos
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