Frequentemente se usa a expressão “é como andar de bicicleta” como referência a algo que nunca se esquece. Realmente, se você aprendeu a andar de bicicleta quando era criança, pode ficar anos sem pedalar, mas vai continuar sabendo.

Mas por que é esta uma prática que fica sempre memorizada na gente, sendo que, em outras situações esquecemos do nome de alguém ou de como se faziam certos exercícios de matemática que aprendemos há anos?

Especialistas em coordenação motora dizem que pilotar uma bicicleta é uma “tarefa contínua”, diferente de tarefas simples com fim definido (como virar a chave do carro). Peter van Kan, professor de Cinesiologia (ciência que estuda os movimentos) na Universidade de Wisconsin-Madison, disse que as pesquisas chegaram a três motivos do por que pedalar parece tão natural.

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Tarefas simples exigem mais das habilidades cognitivas e verbais, enquanto tarefas contínuas são gravadas na mente de maneira mais reflexiva – assim como os reflexos automáticos, não conscientes, que temos como mecanismo de defesa. Tarefas contínuas também exigem mais atenção e tempo durante o processo de aprendizagem, e isso as torna ainda mais arraigadas.

“Uma maneira de ver isso é que uma tarefa contínua pode incorporar muitas ações simples”, disse van Kan. “(Enquanto aprende) uma tarefa contínua você tem muitas oportunidades de realizar várias tarefas simples” – como frear e trocar as marchas da bicicleta.

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E mais importante ainda, segundo van Kan, pode ser o jeito como julgamos pilotos de bicicleta. Se você aprendeu a andar de bicicleta, mas depois ficou vários anos sem pedalar, sua primeira pedalada após o período parado provavelmente não vai fazer você se sentir um ciclista profissional.

Sobre ficar muito tempo sem pedalar, o professor diz que “provavelmente você vai estar um pouco instável no começo”. “Mas rapidamente, enquanto você repetir aquelas tarefas simples, vai renovar o que aprendeu anos antes, ficar estável e se sentir um ciclista mais habilidoso”, conclui van Kan.

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Já o Scientific American diz que “diferentes tipos de memória são alojados em regiões distintas do nosso cérebro. Memórias de longo-termo são divididas em dois tipos: declarativo e processual”. Por sua vez, a memória declarativa distingue-se entre lembranças de experiências e conhecimento factual. O primeiro caso refere-se às chamadas memórias de episódios como o primeiro dia de aula, já o conhecimento factual diz respeito à memória semântica, que é aquilo que aprendemos, como ‘qual é a capital de França’. Em qualquer um destes casos, qualquer indivíduo está consciente de tal conhecimento e pode comunicá-lo. Já no caso da memória processual, que é responsável pela performance, como andar de bicicleta, nem sempre é entendida pelo próprio como um conhecimento que se transmite e comunica, mas algo que ‘está em nós’.

Esta separação de tipos de memória por diferentes regiões do cérebro são tema de estudo para vários cientistas que analisam este órgão, nomeadamente para se perceber a amnésia.

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