Assinatura de bicicleta – vai decolar?

Há quem diga que no futuro as pessoas irão preferir alugar uma bicicleta do que ter uma só sua. A polêmica está posta e a discussão vai além da bicicleta e até mesmo das cidades.

O modelo de assinatura se expande para todos os setores. Vale para o Netflix, para clube de produtos, mas também para a bicicleta. 

© Tembici divulgação

Quem quiser pedalar hoje no Brasil não precisa comprar uma bicicleta, é possível contratar um plano e usar as compartilhadas da Tembici, ou fazer uma assinatura e ter uma elétrica da E-moving. Mesmo quem tem sua bicicleta própria pode assinar um serviço de manutenção através da Santuu.

O boom da bicicleta durante a pandemia

A bicicleta vive um aumento de enorme popularidade, a demanda durante a pandemia explodiu até zerar estoques. Um sonho realizado para quem acredita que a bicicleta é uma excelente solução para a mobilidade nas cidades. E com a perspectiva de uma vida pós pandemia no horizonte, já é possível pensar no futuro.

Em todos os países do mundo nunca se venderam tantas bicicletas. As elétricas, em especial, fizeram explodir o faturamento de montadoras e lojistas. O lado negativo é a dificuldade de comprar peças e os preços mais altos praticados por fornecedores e operadores logísticos.

Mas um setor do mercado de bicicletas não viveu a bonança da demanda em alta, as empresas que oferecem a bicicleta como um serviço de mobilidade. Seja os serviços de assinatura mensal de bicicletas, ou as compartilhadas.

Bicicletas como serviço de mobilidade

Estação de bicicletas Tembici. Foto: Divulgação

O streaming de filmes é certamente a forma mais popular de serviço de assinatura. Milhões preferem pagar uma mensalidade e ter acesso a um acervo enorme de filmes do que que comprar um DVD. Pagar uma assinatura para usar uma bicicleta também é possível há alguns anos.

Popularizados pelas Velibs em Paris, os serviços de bicicletas compartilhadas já são comuns em centenas de metrópoles ao redor do mundo. Maior operador da América Latina, a Tembici oferece o serviço de compartilhamento de bicicletas em diversas cidades brasileiras, além de Chile e Argentina.

O conceito por trás das compartilhadas adotado pela Tembici é de oferecer a eficiência da mobilidade em bicicleta para um público mais amplo possível. O serviço acaba sendo uma porta de entrada para utilização da bicicleta nas cidades. Uma maneira de reviver memórias da infância em bicicleta e que acabou se enferrujando nas pessoas. Com milhares de bicicletas nas ruas é possível olhar, experimentar e incluir a bicicleta no dia a dia.

Nas palavras de Maurício Villar, COO da Tembici, “garantir que as pessoas tenham a opção de usarem um transporte sem precisar comprar é fundamental. Isso que faz uma cidade ser eficiente”. Em certa medida, é o conceito do transporte público aplicado à bicicleta, mobilidade compartilhada, mas com veículos individuais.

Aluguel de bicicletas e economia compartilhada

Gabriel Arcon – CEO da E-moving

Quem experimenta uma bicicleta compartilhada muitas vezes acaba por querer comprar a sua própria, mas muitas vezes o custo pode ser proibitivo. Principalmente para bicicletas elétricas.

A disponibilidade de uma bicicleta para uso pessoal, sem os custos de aquisição e compra, é o modelo de negócios por trás da E-moving. Desde 2015 no mercado, a empresa foi a primeira a oferecer um serviço mensal de assinatura de bicicletas elétricas no Brasil. O sucesso do modelo se traduz em um crescimento constante desde sua fundação. Crescimento que só se limita pela capacidade da empresa em popularizar o conceito e de comprar novas bicicletas para oferecer aos clientes. Gabriel Arcon, CEO da E-Moving, tem o desafio de gerir um negócio intenso em capital e ao mesmo tempo aculturar as pessoas. Muitos potenciais clientes não sabem que o serviço existe.

Crise durante a pandemia

Ao contrário da venda de bicicletas, o setor de aluguel focado em mobilidade enfrentou uma forte retração durante a pandemia. Sejam as compartilhadas da Tembici, ou os planos mensais da E-moving. 

As viagens em bicicletas compartilhadas tiveram uma queda de até 70% nos piores momentos da pandemia. Já as assinaturas de bicicletas na E-moving chegaram a cair para ⅓ dos números pré pandemia. Além disso, uma das grandes facilidades para os consumidores, a devolução da bicicleta a qualquer momento,  se traduziu em muitos contratos encerrados. O estoque ficou cheio e as receitas baixaram significativamente.

Tanto para a Tembici, quanto para a E-moving, o pior parece ter ficado para trás e o horizonte futuro é de muito crescimento.

Estratégias de sobrevivência

Mesmo antes da pandemia, a Tembici já mantinha um estoque de peças para 6 meses. Um planejamento de longo prazo que antecipa as compras e calcula com precisão as necessidades futuras. Mesmo com essa organização, a empresa precisou se adaptar. Investiu para expandir o tempo de uso de algumas peças, quando isso era possível, buscou novos fornecedores e antecipou pedidos. Mesmo assim, o estoque de alguns itens chegou a ficar no zero.

De acordo com os fornecedores da Tembici, o horizonte para a normalização na cadeia de fornecimento é de, pelo menos, mais 18 meses. Gestão de estoque nos moldes do que era feito pré pandemia, só em 2023. Até lá, o centro de montagem e distribuição de bicicletas em Extrema, Minas Gerais, vai ter trabalho extra.

Para a E-moving, o fator complicador durante a pandemia é justamente o que garante fôlego no atual momento. As devoluções durante os piores momentos da crise sanitária acabaram garantindo um estoque para o atual momento. Com a vantagem de que os clientes que se mantiveram ativos se tornaram grandes entusiastas e defensores da marca.

Com bicicletas disponíveis para o mercado, a empresa tem focado nos clientes corporativos. Empresas dispostas a oferecer a bicicleta como benefício aos funcionários estão entre os principais clientes para os próximos períodos.

Assinatura é o futuro da bicicleta?

Bicicleta Van Moof

Enquanto para a indústria de entretenimento digital o modelo de assinatura parece ser uma tendência irreversível, as bicicletas por assinatura devem ainda conviver com as particulares.

Modelos de negócios como a Van Moof, que tem levantado milhões para expandir seu serviço de bicicletas elétricas por assinatura, já são um sucesso. As populações urbanas precisam desses incentivos, e estão dispostas a pagar por serviços de mobilidade em bicicleta. 

Ao mesmo tempo, a venda de bicicletas, convencionais e elétricas, também deve seguir crescendo. Diversidade de opções para pedalar parecer ser o grande consenso.

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