Anatomia do BMX

No curso de medicina, um dos primeiros contatos que o estudante experimenta é com a anatomia do corpo humano, oportunidade que se tem em dissecar todos os grupos musculares, aprendendo a localização, suas origens e onde eles se fixam. O objetivo dessa matéria é conhecer um pouco desta modalidade em que muitos iniciam no ciclismo. O BMX (Bicicross) é constituído de duas modalidades, o BMX Racing (Bicicross) e o BMX Freestyle. No Freestyle, por sua vez, constam vários estilos que variam entre si pelo local em que são praticados e pelo estilo das manobras: Mini Ramp, Dirt Jump, Vertical (vert), Street, Park e Flatland. As competições de Bicicross, disputas de curta duração e grande força de explosão, são realizadas em um circuito com cerca de 300 a 400 metros de comprimento. Na pista de Bicicross existe, logo após a largada, uma rampa em descida e uma reta de aceleração e, na sequência, uma série de curvas fechadas, retas curtas e obstáculos a serem transpostos com saltos sucessivos.

A bicicleta possui um quadro de proporções pequenas confeccionado em cromo, alumínio ou titânio; a geometria a torna muito tracionada, possibilitando acelerações rápidas, garantindo retomadas bruscas; rodas com aro 20 ou 24 e pneus com grandes cravos para garantirem tração e estabilidade nas curvas. A relação coroa e catraca está de acordo com as características do piloto, pedalada com força ou alta cadência, uma vez que não existem mudanças de marchas. O estilo da pedalada e o perfil do circuito também determinam o comprimento do pedivela, sendo que pilotos com cadência elevada necessitam de pedivelas mais curtos.

No Bicicross o estilo de pilotagem é agressivo, nervoso e realizado praticamente o tempo todo em pé, num sprint constante só interrompido no momento dos saltos e nas curvas. Isso exige um harmonioso trabalho de contração muscular principalmente dos membros inferiores, incluindo quadris, nádegas e tronco, mas ajudado pela necessidade de equilíbrio proporcionado pelos membros superiores que atuam como alavanca de impulsão e propulsão para o alto e para a frente. Há uma grande exigência de consciência de postura por conta dos impactos absorvidos pelas mãos e pés e transmitidos para as articulações dos punhos, cotovelos, ombros, bem como através dos pés, tornozelos, joelhos, quadris e coluna vertebral. Para uma maior eficiência desse trabalho musculoesquelético, todos os grandes grupos musculares merecem receber uma atenção especial nos programas de treinamento.

Um trabalho específico para os músculos do abdômen ajuda a conferir força, estabilidade e potência ao core. São exercícios indicados para desenvolver e fortalecer os músculos que se estendem desde a porção logo abaixo do peito até a base da cintura. O core — termo inglês que significa centro ou miolo — é dividido em dois grupos: o primeiro no qual fazem parte os músculos locais, mais profundos, cuja função é manter a estabilidade da coluna lombar, e o segundo é composto dos músculos globais, localizados mais na superfície e responsáveis pela flexibilidade da região. Outros músculos importantes são os da região anterior do tórax, pois eles desempenham um papel importante na relação do ciclista e sua bicicleta através dos ombros e membros superiores. Os músculos do tórax são exigidos principalmente nos esforços de transpor os obstáculos, estabilizar a bicicleta nos saltos e nos sprints.

A musculação no BMX, assim como em qualquer outra modalidade dentro do ciclismo, é essencial para o nível competitivo. Estudos e o consenso entre os especialistas apontam a idade ideal para o início da musculação a partir dos 16 anos, com rigoroso acompanhamento de um educador físico e após uma adequada avaliação ortopédica. Antes disso, o corpo humano ainda não adquiriu a maturidade esquelética completa, possibilitando risco maior de lesões. O treinamento com pesos poderá ser realizado com vários tipos de exercícios. O caminho para bons resultados consiste em treinar de forma eficiente e sem excessos. Os programas de treinamento incluem pouco peso com muitas repetições, muito peso com poucas repetições, treinamento em circuito, séries em pirâmide e as superséries.

Os cuidados com o corpo devem se fazer presentes antes, durante e após o treinamento. Recomendam-se, inicialmente, um aquecimento de cinco a 15 minutos, que pode ser feito em bicicletas ou esteiras, mas a melhor opção seria o elíptico (transport) ou um aparelho de remada, por trabalhar simultaneamente os membros superiores e inferiores. Após o aquecimento, o ideal seria um breve alongamento antes e após os exercícios de musculação, lembrando que se deve manter cada posição por pelo menos 30 segundos, tempo para ceder o reflexo miotendíneo, que é resposta muscular inicial ao alongamento. Além da musculação leve, os exercícios funcionais são recomendados, por trabalharem o equilíbrio, fundamental para a técnica de pedalada no Bicicross.