O Bicicross pegou

Em 1979, a grande maioria dos carros circulando nas ruas era composta por fusquinhas. Os computadores eram máquinas enormes, coisa de ficção científica.

Um ano antes, no dia 03 de julho de 1.978, Orlando Camacho, experiente ciclista com vários títulos, foi convidado pela fabricante de bicicletas Monark para comandar o que seria a primeira equipe de bicicross da América do Sul. A Monark lançou uma bike
desenhada especificamente para esta modalidade, e durante sete meses o BMX foi divulgado no estado de São Paulo através de exibições feitas em rampas de madeira, nas escolas e praças.

O jornal A Gazeta Esportiva, rodado em São Paulo em 22 de janeiro de 1979, trazia uma matéria com o título “Bici-cross: se pegar… vai ser uma loucura!”. A reportagem dizia que a chuva havia atrapalhado uma melhor apresentação do espetáculo de bicicross, mesmo assim, “houve o espetáculo que agradou àqueles que foram ver pela primeira vez essa mania de movimentar a bicicleta”.

O texto explicava que o Bici-cross trata-se de uma versão do Moto-cross, mas ao invés de usar a moto, usa a bicicleta. Relatava sobre a equipe composta por 15 adeptos, a BMX Monark, treinada por Orlando Camacho. E falava que em uma das apresentações, o próprio Orlando servia de obstáculo sobre o qual os pilotos saltavam.

No final da matéria, Camacho relatou: “Isto é realmente uma loucura, mas no bom sentido, é claro. Isso aqui vai pegar como uma “febre”, fiquem certos disso”. Mais tarde, novos modelos de bikes e formatos de pistas foram lançados por todo o país. Orlando Camacho foi responsável por introduzir também o Freestyle no Brasil, outra modalidade do BMX em que os pilotos faziam exibições e manobras radicais.

Nos últimos anos, tem havido um crescimento muito grande do BMX. Todos os dias surge uma novidade: um piloto em algum lugar do mundo improvisando uma nova manobra ou um fabricante lançando peças, acessórios e vestuário específico para os pilotos.

Também se vê uma profissionalização do esporte, ou seja, os pilotos ainda andam para se divertir, mas agora treinam e competem com seriedade também.

Por ter competições que apresentam manobras de tirar o fôlego, as disputas têm atraído cada vez mais a mídia e o público em geral. O segredo da evolução do BMX é justamente essa constante renovação e busca pela novidade. É sempre um espetáculo diferente.

É fazer algo inacreditável hoje, e amanhã pensar em como superá-lo. É uma “loucura, no bom sentido”. É a “febre” prevista por Orlando, o pai do BMX no Brasil. A temperatura vai subir.