Pandemia da Obesidade

Dia Mundial da Obesidade traz o alerta dessa doença que atinge cada vez mais crianças e adolescentes.

Dia 04 de março é lembrado como o Dia Mundial da Obesidade, doença que vem atingindo cada vez mais pessoas, inclusive crianças e adolescentes. Tamanha sua importância nesta população que em janeiro de 2023 foi lançada a primeira diretriz da Academia Americana de Pediatria para avaliação e tratamento da obesidade infantil. A obesidade é um dos principais fatores de risco para várias doenças não transmissíveis (DNTs), como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral e várias formas de câncer.

Segundo dados do Atlas da obesidade infantil no Brasil publicado pelo Ministério da Saúde em 2019, a doença afeta 13,2% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos de idade e pode trazer consequências preocupantes ao longo da vida. Nessa faixa-etária, 29,3% das crianças apresentam excesso de peso, um sinal de alerta para o risco de obesidade no futuro. Com a pandemia da Covid-19, houve um aumento dos casos de obesidade infantil.

Ainda que não se tenham dados sobre o ganho de peso durante a pandemia no Brasil, há informações sobre o cenário nos Estados Unidos da América (EUA). Uma pesquisa do Centro de Controle de Doenças (CDC) do Departamento de Saúde dos EUA mostrou que o percentual de crianças e adolescentes obesos no país aumentou para 22%, em comparação com 19% antes da pandemia.

De acordo com a endocrinologista pediátrica da Clínica Prevenção Pediatria, Dra Camila de Assis Galan, a pandemia da Covid-19 impactou na obesidade infantil, pois houve piora da alimentação das crianças (com aumento substancial da ingesta de alimentos hiperpalatáveis e industrializados), desregulação da rotina do sono, diminuição do gasto energético com o isolamento e aumento do uso de telas, além de ter gerado impacto negativo na saúde mental e bem-estar.

Pela definição da Organização Mundial da Saúde a obesidade é o excesso de gordura corporal; apesar da definição ser simples ela é uma doença crônica complexa e multifatorial, pois há fatores genéticos,individuais, comportamentais e ambientais envolvidos. A avaliação médica inclui o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), sendo que em adultos considera-se como obeso, aqueles com IMC maior ou igual a 30 Kg/m2. Para as crianças, o IMC deve ser colocado nas curvas do CDC ou OMS de acordo com sua idade e sexo para ser diagnosticado com sobrepeso ou obesidade de acordo com o percentil ou score Z.

Dra Camila destaca que a intervenção deve ser imediata e com uma equipe multidisciplinar, pois as crianças com obesidade correm risco de desenvolver outras comorbidades como diabetes, hipertensão, colesterol elevado, doenças cardíacas e ósseas; além do impacto social e psicológico para essas crianças, com casos de depressão e ansiedade, algumas das vezes secundários ao bullying que essas crianças sofrem na escola. O principal tratamento é a mudança de estilo de vida, que inclui alimentação saudável e prática regular de atividade física; lembrando que a orientação é para toda a família e não somente para a criança que está acima do peso. Também podem ser associados alguns medicamentos durante o tratamento. Em casos mais graves e refratários, pode ser indicada a cirurgia bariátrica.

Dra Camila de Assis Galan – Foto Darlei Lottermann