A bicicleta que deu vida a uma transportadora
Com uma frota de mais de 3.000 caminhões, a Rodonaves, sediada em Ribeirão Preto – SP, hoje é uma das maiores transportadoras rodoviárias do Brasil. Na origem da empresa, o empreendedorismo de João Naves – e uma bicicleta!
João Naves, natural de Altinópolis, interior paulista, cresceu em uma fazenda onde ajudava sua família, desde cedo. Dali vieram valores importantes para o futuro empreendedor, como a honestidade e a vocação para trabalhar.
Aos 16 anos, Naves foi para Minas Gerais e, aos 19, chegou em Ribeiro Preto SP. “Antes de montar a Rodonaves, vendi passagem de ônibus por quase dez anos”, conta. Foi durante essa experiência que o empreendedor visualizou uma oportunidade de negócio. “Eu era o único bilheteiro, aquele que levava os pacotes para os ônibus, e me perguntava por que as pessoas colocavam encomendas nos ônibus. Descobri que era por causa da rapidez; só que não havia serviço de coleta e entrega a partir dos terminais rodoviários. Como a empresa onde eu trabalhava demitiu vários funcionários, inclusive eu, aproveitei a ideia para montar esse negócio”.
Aos 29 anos, em 1980, João Naves começou a realizar o serviço de entrega. “Arrumei um box pequeno na rodoviária e comecei a fazer entregas a pé, levando tudo nas mãos, nos ombros”, relembra. Como o modelo de atuação parecia bom, Naves começou a perguntar para empresas próximas se elas pagariam pelo serviço de entrega de mercadorias dos ônibus. “Eles adoraram, porque assim facilitava para eles. Então comprei uma bicicleta Brandani, em dez parcelas”, diz.
A bike foi o primeiro grande passo para a Rodonaves. “A bicicleta veio como uma forma de aprimorar os trabalhos, alcançar um número maior de clientes, além de agilizar o serviço. Foi o início do crescimento da empresa, por isso essa bicicleta permanece na Rodonaves, em exposição, preservada, para mostrar nossa origem”, afirma Naves, que complementa: “a bicicleta sempre esteve presente na minha vida, na fazenda, na infância e em momentos de lazer e descontração em família. Ainda acredito na utilização dela, pois temos problemas com o trânsito nos centros, e ela representa um bom custo-benefício”.
O próprio empreendedor pedalava para atender os clientes e logo a bicicleta, apenas, já não dava mais conta das entregas. “Eu pegava a encomenda no ônibus e entregava no destino. O negócio foi tão bem que depois de três meses comprei uma Kombi 71. Por conta do volume de trabalho, foi necessária a ampliação de veículos motorizados. Mas a bicicleta ainda foi utilizada com frequência por vários anos pelo meu primeiro funcionário, nas entregas mais próximas, com grande sucesso e contribuiu muito para a empresa”.
Com a Kombi, Naves passou a atender a região de Ribeirão Preto praticamente toda e algumas empresas de ônibus repassaram o serviço de entregas para ele. A viação Santa Cruz colocou um caminhão para o serviço e, em pouco tempo, viraram sócios.
Hoje, a empresa é uma das maiores transportadoras do país. “Contando assim parece que foi tranquilo, mas não foi. Quando comecei por exemplo, eu não tinha casa própria e tinha três filhos. Mais adiante, quando o negócio parecia bem, nós nos separamos da Santa Cruz, e de 18 veículos da frota, sobraram só dois caminhões pequenos. Tive que começar quase do zero de novo. Houve outras pedras no caminho, muitos acharam que a gente ia desistir, mas nós seguimos adiante”, diz Naves.
Presente em todos os estados e no Distrito Federal, por meio do modal aéreo, e nas regiões Norte, Sul, Sudeste e Centro Oeste, pelo modal rodoviário, a Rodonaves atualmente atende mais de 5 mil cidades brasileiras, com mais de 10 mil colaboradores e cerca de 3.200 caminhões em circulação. Pela RTE Rodonaves, são atendidos mais de 300 mil clientes e mais de 600 mil toneladas de produtos são transportados anualmente. A empresa mantém projetos com a participação dos colaboradores, clientes e parceiros, e apoia medidas que envolvam a educação e o desenvolvimento da sociedade. A matriz possui a ISO 9001 2008 desde 2002.
Sem dúvidas, uma história de sucesso que teve a primeira acelerada no embalo dos pedais. Como finaliza Naves, “a bicicleta representa o início, o esforço em busca de novas oportunidades, a vontade de trabalhar, prosperar por meio do esforço próprio”.
