Universo Gravel

O ano era 2012. Nesta época nascia a primeira Gravel Bike oficialmente batizada com este nome.

Muitos questionam esta data, mas o fato é: seja em 2012 ou antes disto, a modalidade chegou, ganhou corpo e notoriedade, além de ser regulamentada pela UCI (em 2021), o que fez com que tivéssemos os primeiros campeões mundiais Gravel.

@ BHGRAVEL

E assim como tudo que é novo, a modalidade vem, a cada ano, trazendo novidades, melhorias e muita invenção. Basicamente o que ocorreu nos anos 80/90 com o início do MTB vem se repetindo com os praticantes do Gravel. Com conceitos e objetivos diferentes das décadas passadas, a indústria vem buscando se adequar a necessidade de quem consome produtos deste nicho.

Recentemente surgiram as suspensões, indo ao contrário da proposta inicial, com o uso de garfos rígidos, inclusive é um tema que gera uma longa discussão entre os praticantes. E um ponto crucial na “evolução” do esporte tem sido amplamente debatido e, finalmente, sendo percebido (pela maioria) dos desenvolvedores de bicicletas Gravel: o famoso clearance, que nada mais é do espaço no quadro para se colocar pneus mais largos.

Se observarmos os modelos de 5 anos atrás, boa parte suportava pneus até 38mm, ou menos. Hoje a grande maioria dos modelos 2023/2024 já permitem o uso de pneus 45, 47, 50mm.

Mas o que tudo isso significa? Assim como em qualquer outra modalidade, no Gravel não é diferente. E por ainda ser uma novidade para muitos (no Brasil), estamos assistindo à criação dos “sub grupos”. Existem aqueles que desejam bikes leves e rápidas, logo, com pneus na casa dos 38/40mm (inclusive esta foi medida utilizada pela maioria absoluta no mundial disputado na Itália neste ano). Existem aqueles que desejam conforto extremo sem nenhuma preocupação com performance, utilizando pneus bem maiores com medidas superiores a 50mm (semelhante aos pneus de MTB). E com isso, além destes dois extremos, existem aqueles que usam a Gravel no ambiente urbano, cicloviagem, locais com estradas superlisas (vide a maioria das rotas no Sul do país) ou estradas nem sempre amigáveis (como ocorre em MG e SP, por exemplo). Ou seja, nada mais natural do que cada um optar pela configuração de bike mais amigável para os objetivos finais.

Particularmente utilizei pneus 32, 33, 35, 37, 38, 40, 42 e 43mm. Foram várias marcas e vários modelos (com cravos maiores, menores, lisos…). Somente testando e experimentando tive a noção exata do que cada pneu pode entregar.

Conclui-se, com toda esta gama de opções que não existe a fórmula mágica ou uma ciência exata para a melhor escolha. Vá pelo seu feeling, avalie o contexto de sua região e seus objetivos, sem nunca esquecer que os pneus são, sem dúvida, o coração de toda Gravel, algo muito menos perceptível em outras bicicletas.

O mais incrível disso tudo é que existem diversas opções no universo Gravel e como isto agrega ao esporte. Desta maneira cada usuário adapta o equipamento aos seu modo e sua realidade.

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Por fim, algo notório sentido por aqueles que conhecem a modalidade é a sensação única de se pilotar uma bicicleta com guidão drop no cascalho, o que, de fato, somente a Gravel proporciona.

E pensando nisto, as co-irmãs “road bike” assim como os organizadores de grandes eventos estão embarcando na “vibe” que a Gravel introduziu no mercado e existe um movimento muito forte para que as provas de ciclismo de estrada tenham trechos realmente Gravel nas grandes voltas. A Tour de France 2024 confirmou trechos inéditos e de muita poeira, algo até então inimaginável nas edições contemporâneas. Diferente das provas clássicas de estrada, como o Paris Roubeaux, o Tour promete muita emoção. Seria uma tendência? A certeza é que o Gravel está cada dia mais forte e incrivelmente prazeroso.

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Gravelemos!!

Gabriel Antonoff, criador do @BHGRAVEL e ciclista da modalidade desde 2018