Você pensa em viajar de bicicleta sozinho(a) e falta ainda algo que te dê coragem? Após 13 dias pedalando pela Itália e França, quase 900 km rodados, as horas no selim me deixaram com mais vontade de incentivar os leitores a buscarem a sua própria aventura do que contar da minha. Então, aqui vão algumas dicas que irão acelerar e facilitar a sua bike trip.

1. Escolhendo o Caminho!

  • A viagem é o destino!

A minha escolha se deu porque eu tinha que estar em Roma para uma maratona e depois iria encontrar com uma amiga na França; nada mais justo do que unir os dois pontos de bike. Calculei a quilometragem total, fiz uma estimativa de quantos quilômetros pedalaria por dia e assim descobri a quantidade de dias necessários.

Quando for escolher o ponto de partida, leve em consideração a segurança dos países em que irá pedalar. Não pense apenas se sua bicicleta corre o risco de ser roubada no primeiro dia. Pense também se por onde irá passar existe conscientização em relação à bicicleta. As vias são seguras? Existem lugares, vilas, cidades para a parada do final de cada dia?

Mesmo em países vizinhos muita coisa pode mudar. Eu senti uma enorme diferença quando atravessei a fronteira da Itália para a França. Na Itália a bicicleta é pouco utilizada para o cicloturismo, já na França deixei de ser vista como uma mulher corajosa e passei a ser vista como apenas mais uma que se misturava a tantas pessoas que optam pela magrela como ferramenta para explorar o mundo. Na França também existem muitas vias verdes, estradas projetadas para bicicletas, muitas vezes no meio de parques ecológicos e sem carros por perto.

Lugares inóspitos são mais complicados para uma viagem sozinho, requerem mais bagagem, mais cuidado e mais precauções.

2. Escolhendo a Bicicleta

Como não queria levar a minha mountain bike porque sabia que teria que adaptar um bagageiro ou viajar de mochila, comecei a estudar possibilidades. As bicicletas urbanas usadas na Europa são ótimas opções porque muitas delas já vem equipadas com bagageiros, luzes dianteiras e traseiras. Escolhi uma com 21 marchas das mais simples e baratas apostando que ela aguentaria a viagem (e de fato aguentou bravamente). O preço que pagaria a uma companhia aérea pelo transporte da bike seria o mesmo que investir em uma urbana. Então, não tive dúvidas e comprei a bicicleta pela internet (www.ridewill.it). Em dois dias ela estava me esperando no hotel.

Mont Calme
© Luli Cox

Na hora de escolher a bicicleta leve em consideração a altimetria do percurso e o transporte da bike até o ponto de partida. Existem taxas cobradas?

Analise as adaptações necessárias para que uma bicicleta de lazer ou mesmo competição se transforme numa que se ajuste à viagem. Às vezes, pode ser melhor colocar uma pedaleira do que ter que carregar uma sapatilha e um tênis, e um bagageiro garante o bem-estar de não carregar uma mochila nas costas.

3. Fazendo a mala

  • Só o absolutamente necessário.

Quanto menos levar, menos terá que carregar. Lembre-se de peças que são coringas; pernitos e manguitos transformam roupa de calor em roupa mais protegida para o frio.

Lembre-se do kit reparo, câmeras extras de pneu, bomba, chaves e óleo de corrente. A bicicleta que viajei precisava de algumas ferramentas específicas que não tinham no meu kit tradicional. Sem dúvida, a escolha do percurso interfere na bagagem.

Eu consegui colocar minha bagagem toda (inclusive um mini lap top) dentro de dois alforjes impermeáveis, facilmente adaptáveis ao bagageiro da bicicleta.

4. Tenha um bom GPS

Provavelmente o que mais me deu liberdade em viajar sozinha foi o Suunto Ambit, relógio munido de GPS e um aplicativo que permite traçar rotas usando o Google Maps, programando-o para que mostre o percurso a ser seguido. Isso me livrou de informações, de mapas, e de qualquer necessidade de ajuda externa. A bateria tinha autonomia suficiente para um longo dia de pedal.

É possível traçar as rotas (mas com menos opções de caminho) com um aparelho celular. Indispensável lembrar de carregar (enquanto tiver internet) o mapa todo, detalhadamente, de onde irá passar. (Abra o aplicativo de mapas do seu celular e deixe carregar todas as informações, dê zoom e mova bastante, para que tudo fique arquivado na memória e assim, mesmo que depois não tenha acesso à internet, poderá utilizar o GPS).

5. Esteja preparado

Serão horas com você mesmo. Horas de aprendizado e autoconhecimento. Descobertas incríveis de um mundo único. Paisagens maravilhosas, novos amigos e o melhor; um caminho sem volta! Boa Viagem!

Dicas Rápidas

  • Ao encher o alforje lembre-se de deixar por cima o que poderá precisar durante o percurso: kit reparo, roupa para frio etc.
  • Leve roupas coringas: manguitos e pernitos são ótimos!
  • Prefira as roupas de cores chamativas.
  • Tenha comidinhas sempre à mão. Durante o pedal a fome chega sem avisar.
  • Chamois (a pomada que protege a pele de assaduras) é essencial para sobreviver dias em cima da bike.
  • Carregue o mapa do percurso enquanto tiver internet para que possa utilizar o GPS depois.
  • Capas de chuva descartáveis e sacos plásticos não pesam e são sempre bem vindos.
  • Tenha um kit “Mc Guiver”  (abraçadeiras, fitas, silver tape).
  • Lembre-se: a viagem é o destino. Não tenha pressa, divirta-se.