Veja dicas para começar a planejar a sua viagem internacional, e o que o cicloturismo lhe proporciona

Viajar de bicicleta é, na minha opinião, a melhor forma de interagir com o ambiente e curtir uma variedade de experiências; além, é claro, de desafiar seus limites e “sair da zona de conforto”. Todas as pessoas merecem experimentar ao menos uma vez a prática do cicloturismo. É bem provável que o bicho do cicloturismo contamine seu corpo, cuidado!

Vou abordar nessa matéria o tipo de cicloturismo ao qual eu estou acostumado, o cicloturismo a dois (dupla), porém, muitas das dicas se aplicam também ao cicloturismo solitário ou em grupo.

Primeiramente, vamos desmistificar o cicloturismo. Não é coisa de doido, não é só para atletas, todos podem praticar. É comum as pessoas acharem que é caro, trabalhoso para planejar, difícil de executar etc. Chega de pessimismo, vamos ver como é fácil!
Nas minhas experiências com cicloturismo percebi que:

Noyon – França. © Augusto Canabrava

Cicloturismo é barato

Sim, você não paga nada para transportar sua bicicleta de avião para sair e entrar no Brasil. Você não perde muito tempo gastando com besteiras, já que seu tempo é preenchido com esporte e com conhecimento da cultura local. Você pode utilizar a sua bicicleta para se locomover nas cidades visitadas, para conhecer pontos históricos, sem gasto com táxi ou outros transportes públicos.

Paris – França. © Augusto Canabrava

Cicloturista interage com os locais e as pessoas

Durante o cicloturismo você perceberá, em muitas situações, que o pessoal local quer conhecer você e tem curiosidade sobre sua viagem e história. Também perceberá que, dentro de cidades grandes, você estará no contexto da cidade, pois de bicicleta os outros moradores pensam que você também é um morador. Você escapa de um monte de armadilhas feitas para turistas. É comum um vendedor de penduricalhos oferecer para uma pessoa que está ao seu lado, mas não oferecer para você, pois você é considerado morador local para ele. O mesmo acontece com pedintes. Não se assuste se um carro passar do seu lado e pedir informação de uma rua ou estrada.

Cicloturismo é saudável

Tanto física, quanto mentalmente, você tirará bons proveitos do cicloturismo. Os benefícios do esporte nem precisamos detalhar aqui, você já conhece. Que tal usar o cicloturismo para colocar suas ideias em ordem, preparar sua cabeça para viver melhor seu dia a dia?

Conheça mais

Ao invés de dizer que conhece uma determinada cidade, porque aterrissou por lá e bateu pernas por alguns dias, experimente as emoções de entrar aos poucos pela região urbana, conhecer todo o entorno e as transformações rumo à cidade grande. Passe por locais onde turistas praticamente não existem, você poderá desfrutar sem concorrência, sem tumulto. Respire o ar do interior, compare-o com o das grandes cidades…

Além de todos esses benefícios, vale lembrar que o cicloturista também é bem recebido em qualquer hotel, sem distinção. Com isso, você pode se hospedar com conforto, se assim desejar. Outra opção são os campings, para quem já está acostumado ou prefere.

O que é preciso para começar?

1. Levando em conta que você já tem uma bicicleta, parta para o item 4.

2. Se você ainda não tem uma bike, pode comprar uma no Brasil ou mesmo deixar para comprar no exterior. Neste caso, procure a bike que lhe proporcione segurança e conforto. Não existe um único modelo ou estilo de bike indicado. Eu, por exemplo, gosto de viajar com as bikes dobráveis, aro 20. Se você deixará para comprar no exterior, consulte sites na cidade em que você dará início ao trajeto e veja as opções disponíveis. Pode-se até fazer uma reserva da bike com o lojista.

3. Também é possível alugar uma bike. Consulte na internet: “cidade + bike rental”. É fácil encontrar locais para alugar sua bike.

Veneza – Itália. © Augusto Canabrava

4. Defina seu roteiro. Escolha, pesquise, use a imaginação. Existem roteiros bem conhecidos, que são mais fáceis de seguir, mas você também pode criar um novo, simplesmente escolhendo um começo e fim. Geralmente eu considero 80 km por dia. Ou seja, um roteiro de 650 km, eu prevejo a realização em 8 a 9 dias. Ou seja, você pode escolher uma viagem de acordo com seu tempo disponível para pedalar e também coerente com seu preparo físico. Se você estiver começando, sem muito preparo, pense em 30 a 40 km por dia.

5. Após escolhido o roteiro, procure na internet por rotas de GPS. Com a rota de GPS baixada para um dispositivo de GPS (i-phone ou GPS de sua bike) ficará muito mais fácil e seguro você percorrer seu caminho. A quantidade de rotas existentes na internet é gigantesca, tem para tudo que é opção de caminho.

6. Compre suas passagens antecipadamente: essa é a melhor forma de garantir sua viagem e não protelar. Veja, é claro, os melhores meses para a realização da viagem, de acordo com a região para onde você vai. Muito calor e muito frio não são legais, por isso opte por primavera ou final do verão (começo do outono). Eu costumo comprar as passagens da seguinte forma: se vou fazer uma viagem de Munique a Veneza, por exemplo, compro a passagem de ida para Munique e a volta por Milão (mais próximo de Veneza). Para quem for alugar a bike, o melhor é comprar a passagem de retorno para a mesma cidade de origem.

7. Imprima, no site da companhia aérea, as informações a respeito do transporte gratuito da bike saindo e entrando no Brasil. Todas têm essa informação de forma gratuita, pois é uma regra da Anac (Agência Nacional de Avião Civil) no Brasil. Isso evitará discussões com funcionários que desconhecem essa lei. Mostre o impresso do site da própria empresa dele e você será “ouvido” rapidamente.

8. Embale bem a sua bike para a viagem de ida. Sempre considero essa parte do transporte a mais importante, para não perder muito tempo consertando a bike no exterior. Para voltar para o Brasil, eu relaxo um pouco, pois sei que aqui tenho mais facilidade de manutenção e reparos.

9. Uma adaptação de dois a três dias na cidade de origem e um descanso de dois a três dias na cidade de destino é muito agradável. Pode-se pensar em descansos durante o trajeto da cicloviagem também. Isso é com cada um. Recomendo apenas que a primeira hospedagem na cidade de origem seja reservada antes, pois caso tenha algum problema com a chegada de suas bikes, você pode pedir à companhia aérea que entregue no endereço que você já tem em mãos, facilitando a solução do problema.

10. Quanto à bagagem, leve o mínimo possível: quanto menos, melhor. Prepare-se para lavar suas roupas íntimas para uso no dia seguinte, lavar sua camiseta de bike, meias…

11. Alimente-se bem, com um café da manhã reforçado e pausa para lanches e almoço. Jante bem. Leve complementos vitamínicos.

Região de Trento – Itália. © Augusto Canabrava

Vá que vá – pernas para que te quero. Tenha coragem, comece sua viagem, viva suas experiências com toda a intensidade e deixe fluir.