Luis Alberto Olivieri, 49 anos, é um ciclista e entusiasta da fotografia que redescobriu o seu gosto por pedalar no MTB, quando começou a desbravar a região de Descalvado – SP, onde mora. Logo, as cachoeiras passaram a ser o foco de suas lentes – e agora, com mais de 40 cachoeiras visitadas e catalogadas, a ideia de Olivieri é lançar um livro para compartilhar o material. Conversamos com o cicloturista para saber mais sobre os seus pedais e seu particular gosto pelas quedas d’água. Confira!

Como e quando começou seu interesse em realizar passeios de bicicleta?

Já pedalo a mais de 20 anos, mas firme em MTB foi em 2007, onde comecei a descobrir as estradas rurais de Descalvado. Na época achava o máximo pedalar 5 ou 10 km, e hoje gosto de fazer pedais longos com 50, 70, 100 km. Pedalei muito com Speed, mas hoje faço poucos pedais em asfalto. Gosto muito de MTB mesmo.

© Luis Alberto Olivieri

Na sua opinião, quais as principais vantagens e benefícios em pedalar?

Pedalar, além de ser um dos melhores exercícios, ajuda na autoestima. Só para se ter uma ideia, todos os dias vou de bike para o trabalho, faço serviços no centro da cidade de bike, com isso me exercito e não gasto combustível. Uma vantagem que acho importante para quem pedala, é o fato de estar em contato direto com a natureza. Como exemplo, posso citar que quando você faz um trajeto de carro, você não vê a hora de chegar, mas quando está de bike, aproveita todo o tempo do deslocamento em contato com a natureza.

Com relação às fotos da natureza, como começou?

Sempre gostei de fotografias, e olho para a natureza como se fosse única, isso é um detalhe que todos os fotógrafos têm. “Olhar de fotógrafo”, isso que muitos comentam nas minhas postagens em redes sociais.

Fotografar a natureza é algo muito especial, pois a partir de um registro fotográfico, isso passa a ser eterno. Como acontece com as fotos antigas, que a gente vê e fica tentando imaginar como era viver naquele passado… Fotografar a natureza é isso, um registro único e eterno.

© Luis Alberto Olivieri

E porque gosta, especialmente, de fotografar cachoeiras?

Fotografar cachoeiras foi como um desafio. Num dos pedais que fiz com um pessoal da cidade de Descalvado para o bairro rural da cidade de São Carlos, conhecido como Babilônia, paramos em um determinado local para descansar. Um falava que conhecia esta e outro aquela, então, achei interessante compilar as informações de onde estavam as cachoeiras. Quando fui na mais famosa da cidade, que se chama Salto do Pântano, com aproximadamente 42 metros de altura, a sensação foi única, mesmo sabendo que já havia estado lá muitas vezes. O fato de começar por aquela os registros me deixou muito entusiasmado em encontrar outras.

Quase todo ciclista gosta de fotografar. Qual é o motivo?

Hoje com as mídias sociais, todos querem mostrar onde e como foram em determinado local. Fotografar, é um modo de mostrar a satisfação de unir o útil ao agradável. Muitos fotografam ou registram em fotos os locais onde passam, mas poucos têm a sensibilidade de fazer algo com isso.

© Luis Alberto Olivieri

É necessário investir muito em equipamentos fotográficos para esta finalidade?

Hoje, um bom celular consegue fazer belas fotos ou filmagens, entretanto, se quiser editar e fazer um trabalho profissional, certamente será necessário um equipamento profissional. Como exemplo, eu tinha uma câmera Canon comprada em 2010, usei até o ano de 2016 e acabou quebrando, pois usei com chuva, pó, e em situações adversas. Assim, surge a necessidade de renovar o equipamento.

Você tem algum controle de quantas cachoeiras já fotografou, visitando-as de bicicleta? Quantas fotos tem? Quantas cidades ou localidades já passou fotografando?

Já fotografei 40 cachoeiras, todas identificadas em uma planilha e no Google Earth, com identificação de latitude e longitude. Fotógrafo tem o hábito de fotografar, e depois começa a escolher as melhores, com isso tenho todas as fotos que registrei. Tenho mais de 30 mil fotos, e todas as vezes que vou ou volto em um determinado local faço novas fotos, com isso algumas são repetidas, mas cada uma é única. Sempre vou nas cachoeiras de bike, e só em Descalvado foram 40 cachoeiras, mas em nossa região temos registros de mais de 150 cachoeiras. Já fotografei em Pirassununga, Santa Rita do Passa Quatro, São Carlos e Descalvado, que fica próximo a São Carlos. Nossa região possui muitas cachoeiras.

Qual a cachoeira mais majestosa que já visitou? E porque ela te impressionou mais?

O Salto do Pântano. Esta é a mais majestosa e a mais conhecida da região, muitos bikers vem só para visitar ela. Nossa região tem ótimas estradas rurais para fazer MTB.

Tem alguma cachoeira que você gostaria de conhecer, mas ainda não pôde, por algum motivo?

Sim, tem algumas em Ibaté, também região de São Carlos, que sonho em conhecer.

© Luis Alberto Olivieri

Sobre o projeto do livro, qual é a ideia, exatamente, do seu conteúdo?

A ideia de transformar estes dados em um livro surgiu através de um amigo historiador, que me disse: “compila estes dados e lança um livro, pois não existe nada parecido com este trabalho registrado”. Então, comecei a catalogação e identificação. Consegui um mapa de relevo e com ele, marcar as localizações. Após isso a ideia é ter este livro como algo único e eterno, pois compilar estes dados não foi fácil, e eternizar em um livro é o sonho de qualquer escritor – no meu caso, ciclista fotógrafo. Este trabalho poderia estar presente em postos estratégicos para que o turismo seja difundido na região.

Algum roteiro em especial, que una bicicleta e cachoeiras, que você indicaria ao leitor?

Temos diversos trajetos que passam por cachoeiras, serras e matas nativas. Para se ter uma ideia, temos em nosso munícipio mais de 700 km de estradas rurais. Todas, com locais lindos e prazerosos para pedalar. Então, a região de Descalvado é uma boa dica de roteiro para unir bicicleta e cachoeiras.

“pedalar é um dos melhores meios de se praticar esporte ao ar livre, em contato com a natureza.”

Para finalizar, uma mensagem ao leitor.

Hoje, pedalar é um dos melhores meios de se praticar esporte ao ar livre, em contato com a natureza. Além de se manter em forma, faz bem para a alma, faz bem para autoestima. Muitos acham que é um investimento caro, mas se for levar em conta o que se ganha em saúde e o que se evita de gastos com remédios, o custo benefício é muito vantajoso. Por exemplo: no ano de 2016, com 48 anos, pedalei 8 mil quilômetros. Parece bastante, mas qualquer um pode fazer, basta ter determinação, vontade e, é claro, muita saúde.