Marcia Camargo, uma das primeiras bike fitters do Brasil

O bike fit é um recurso muito importante para os ciclistas. Indicado por unanimidade, ele proporciona um pedal personalizado e ajustado, e traz mais rendimento e segurança para o ciclista.

Márcia Machado de Camargo está no cenário do bike fit no país há quase dez anos. A paulista sempre foi apaixonada por esportes, e especialmente por ciclismo, participando de várias competições. Decidiu se formar em educação física, com especialização em musculação, condicionamento físico e nutrição.

@mariochavesfotografia

E em 2012, Marcia decidiu se formar em bike fit, utilizando o software Velogicfit, que possui o 3D motion. Essa tecnologia analisa o ciclista enquanto pedala, dando resultados detalhados sobre a aerodinâmica entre a fisiologia do ciclista e a geometria da bike.

Logo, ela se tornou uma das primeiras e melhores profissionais mulheres na área no estado de São Paulo.

E agora, Marcia traz para o segmento uma marca nova, com o objetivo de propagar o bike fit no ciclismo.

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Confira abaixo a entrevista que fizemos com ela.

1 – Como é ser uma das primeiras bike fitters do país?

Desafiador, mas muito gratificante e motivo para orgulho. Quando me inscrevi no curso, eu nem imaginava que era a primeira aluna do professor Marcelo Rocha. Eu mandei mensagem para ele perguntando se tinha mais alguma menina na turma, e ele me disse: “não, você é a primeira da história”. Na hora, me bateu uma sensação de medo, pois pensei que podia estar entrando em algo que não pudesse dar conta. Realmente não foi fácil na época, pois hoje já temos muito mais informações e estudos na área.

2 – Você sempre gostou muito de ciclismo, e decidiu se especializar em bike fit. Como foi?

Um dia, eu mesma tentando melhorar a posição da minha bike, fiquei pensando qual seria a lógica para cada ajuste na bicicleta. Então pensei: “por que você não faz um curso de bike fit?”. Na mesma hora, encontrei a escola em Brasília e me inscrevi.

3 – Alguma experiência pessoal lhe fez optar por atuar nessa área?

Formada em Educação Física, sempre dei aula de ciclismo e precisava estar ajustando as bikes para os alunos em coisas básicas, como altura de selim e altura do avanço. Comecei a observar cada vez mais o que incomodava. Então resolvi estudar mais e mais desde 2012.

4 – Muita gente ainda subestima a importância do bike fit. Você pode contar pra gente porque ele faz tão bem para o ciclista?

O ciclismo, assim como outros esportes, exige muito da biomecânica corporal.  O corpo e a máquina (bicicleta) precisam estar em perfeita sincronia. Quem já assistiu um Tour de France percebe que corpo e bicicleta parecem um só. Cada pessoa é única, consequentemente seu corpo e seus movimentos também. Por mais que os fabricantes tenham ampliado cada vez mais as possibilidades de tamanhos e regulagens, não tem como uma bicicleta estar regulada ao seu corpo. É aí que entra o bike fit.

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5 – Que tipo de processos e tecnologias você utiliza?

Hoje utilizo velogicfit. Os sistemas de bike fit de captura de movimento dinâmico Velogicfit oferecem análise de alta tecnologia do piloto em movimento, focando em métricas conjuntas chave para interpretar a relação entre a fisiologia do piloto e a geometria da bicicleta. O 3D Aero permite medições dinâmicas da área frontal para dar feedback em tempo real sobre a aerodinâmica de posição. Ao longo da minha carreira, aprendi com grandes profissionais, de professores a atletas, a ouvir bastante suas reclamações e entender suas dores. O mais legal é que quanto mais a gente trabalha, mais a gente aprende. Hoje, mesmo com ferramentas muito avançadas para um fit bem feito, saber ouvir e observar a pedalada me ajuda muito a entender a biomecânica deles.

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6 – Como você consegue conciliar o trabalho de bike fit com o pedal?

Simples, acordo as 4 da madrugada e vou dormir, as vezes, as 11 da noite (risos). Claro que essa rotina cansa e acaba inviabilizando alguns planos, como viver apenas do pedal, mas hoje o fato de ser personal, e principalmente ciclista, me ajuda muito no fit.

7 – Sempre que uma mulher assume um cargo secularmente tido por homens, ela sofre algum tipo de preconceito. Isso tem acontecido com você? Como lida com isso?

Sim e não. Normalmente ando no meio de amigos, e os ciclistas são pouco preconceituosos com mulheres no pedal. Claro que existem brincadeiras, mas eles respeitam. Normalmente faço fit com grandes amigos em suas lojas, ou as vezes em domicílio quando necessário, por isso é difícil sofrer preconceito direto. Mas infelizmente, as vezes ouvimos coisas desagradáveis, seja no pedal (quando estamos na rua ou rodovia). E aí, com educação e pulso, a gente tira de letra.

8 – Que conselho você daria pra quem ainda não experimentou o bikefit, ou não acredita no bikefit?

Cuidado! Dor não é normal. Claro que sentimos cansaço muscular etc. Mas procure sempre um especialista para ter certeza que essa dor não é cansaço. Um exemplo comum é o famoso formigamento no pé, muito comum pelo posicionamento errado das sapatilhas no pedal (claro que esse pode ser um dos motivos). Algo simples que melhora muito a qualidade e desempenho do pedal, independentemente do seu ritmo de treino. Vale lembrar que o fit é para todos. Mesmo que você seja um ciclista de final de semana, faça seu bike fit e tenha um pedal ainda mais prazeroso.

Contato: marcia_mcamargo@yahoo.com.br

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