Brasil Ride 2023

Avancini vence a última etapa e garante o vice; Holanda, Colômbia e Brasil fazem pódio feminino

O sol coroou o último dia e sétima etapa da Brasil Ride 2023. Ele só foi ofuscado pelos gigantes de duas rodas que cruzaram a linha de chegada como finisher da ultramaratona. E foram muitos os momentos de emoção e de inspiração na Brasil Ride Bahia. Despedidas, novos amigos, sonhos, entre tantos sorrisos e lágrimas de alegria.

© Ney Evangelista

O pódio masculino foi disputado até o último segundo. O brasileiro Henrique Avancini (Caloi Henrique Avancini Racing – 18h16m51s) , mesmo vencendo a sétima etapa com o tempo de 01h40m55s, não conseguiu alcançar Tiago Ferreira (DMT Racing Team By Marconi – 18h16m12s ) ficando 38s atrás do português na classificação geral. O terceiro lugar na etapa  foi Hans Becking (Buff Megamo Team – 01h41m30s) e na classificação geral o título ficou com Simon Stiebjahn (Singer Racing Team – 18h28m38s).

© Ney Evangelista

“A etapa foi rápida e super desgastante, porque minha estratégia era seguir o Henrique o mais perto possível para gerir os 40s que tinha de vantagem. E deu certo. Ele atacou por 3 vezes na trilha e eu consegui responder. Ganhar a Brasil Ride é extremamente gratificante, pois além de adorar esta corrida, é um marco em minha carreira. Estou encerrando um ciclo com minha atual equipe. Consegui vencer em um evento desta grandeza é especial, estou muito feliz com isso. A palavra de hoje é felicidade”, comentou, explicando que a Brasil Ride exige muita concentração. “É uma corrida de 7 dias que todos os momentos contam, não há um mais difícil, é preciso estar bem todos os dias e administrar o tempo”, declarou.

Henrique Avancini se emocionou na chegada e não conseguiu falar em público. E quem sabe o que o mundo pode esperar desse campeão mundial e inspiração para tantos brasileiros? No Podcast, ele expressou sua emoção de vivenciar a Brasil Ride como seu último evento como profissional.

© Ney Evangelista

“Estou muito feliz pela prova. Foi uma disputa de muita honra. As melhores memórias que tenho como competidor foram as grandes batalhas, ganhando ou perdendo. Esta semana foi fantástica, eu perdi um pouco de tempo no primeiro dia e disputamos todos os dias, parecia que não tinha nada entre a gente, somos atletas com características diferentes, em todos os momentos fomos ao limite e extraímos o máximo um do outro. Nas quase 20h de competição e a diferença de 40s, em nenhum momento abalou a honra entre nós. Tentei ganhar até o último momento e dei tudo, sempre que podia, ataquei, mas Tiago levou a melhor. Não usamos de nada que não fosse uma competição sadia e de respeito. O título dele foi merecido”, ressaltou.

© Ney Evangelista

Descanso

Avancini também falou sobre os planos para o amanhã. Em 26 anos de carreira profissional ele assinalou que viveu do esporte para o esporte. “Agora quero descansar um pouco. Nunca me coloquei em primeiro lugar e quero durante um tempo, me respeitar e fazer coisas por mim sem ter aprovação das pessoas. E dar sequência aos planos do futuro”, assinalou. Fora das provas, Avancini afirmou que gosta de pedalar, fazer coisas simples e estar com pessoas simples. “Gosto de viver a vida, comer, olhar paisagens, rir e ser normal, o que é muito bom. Quando a gente se arrisca a ser alguém na vida, temos que deixar estes pequenos prazeres de lado. Sou muito grato por conseguir deixar a minha vida pessoal de lado para realizar tantas coisas boas para mim e para as pessoas que amo. Acho que cumpri bem esta missão e ainda verei as boas sementes que plantei no esporte florescerem”, concluiu.

© Ney Evangelista

Mulheres

A colombiana Monica Calderón (Cannondale Vas Arabay) foi a mais rápida do dia, com 01h58m52s e abriu vantagem de 06m06s ante Tessa Kortekaas (Cannondale Vas Arabay – 02h04m59s). No entanto, o pódio foi mesmo da companheira de equipe, que teve momentos difíceis durante toda a ultramaratona, que completou a Brasil Ride Bahia em 23h24m12s, com vantagem de 09m15s da segunda colocada.

© Ney Evangelista

“O tempo estava quente e úmido, mas teve um pouco mais de sombra nos singletrack. A umidade não me afeta tanto quanto o calor. Estou contente, apesar do segundo lugar, porque lutei todos os dias e venci 4 etapas de 7 e o que sobra é o aprendizado. A palavra que define a Brasil Ride é intensidade, desde o começo”, revelou Monica.

Tessa ressaltou que a etapa foi dura, pois desde o começo da ultramaratona, ela se sentiu mal, com dor de garganta e hoje um pouco de febre. “Tive que dar tudo de mim para não perder tempo de classificação. Hoje caí sem grande gravidade e segui lutando. Esta é a Brasil Ride. Estou contente, agora é celebrar e descansar”, contou, revelando que a palavra que define esse momento é intensidade e beleza.

© Ney Evangelista

A classificação da etapa deu a Luiza Souza (02h13m06s), o terceiro lugar. Na classificação geral, a número 3 do pódio foi Eliane Resende (Gorgeous – 23h59m19s).

Eliane contou um pouco da sua história na Brasil Ride. “Minha história é linda. Foi a Brasil Ride que deu origem à coisa mais importante da minha vida, o maior presente que é meu filho Henrique. Em 2018, passei por alguns problemas emocionais e falei com Mário Roma que queria correr a Brasil Ride. Uma semana depois, recebi uma mensagem do cara que se tornou o meu companheiro de ultramaratona e da vida”, explicou.

© Ney Evangelista

A competidora  – e o agora esposo – mais conhecido como Xuxa, treinaram juntos e, antes da prova acontecer, já estavam namorando. “Um ano depois, engravidei. Participar da Brasil Ride, depois de me tornar mãe é uma missão, principalmente quando se trata de deixá-lo, já que ainda o amamento. Perdi inúmeros treinos, pois tudo que acontece com o filho é prioridade. Andrea Roma, mulher maravilhosa e super-humana, me ajudou a não desistir, liberando a entrada dele para passar uma noite comigo em Guaratinga. O que foi bom para que eu não sofresse de saudade dele. Só sofri na trilha mesmo. Estou muito feliz por conseguir conciliar minhas duas paixões: o ciclismo e a maternidade. A frase que define esta ultramaratona é ‘enfim, eu terminei a Brasil Ride depois da maternidade’”, salientou.

© Ney Evangelista

Primeira vez

Luíza se emocionou na chegada à Arena Brasil Ride. Sem equipe e pela primeira vez na ultramaratona, a brasileira falou das dificuldades enfrentadas e da alegria de superar os obstáculos. “Dei meu 100%. Ontem e hoje tive problemas mecânicos e a disputa estava muito acirrada. Dei o meu melhor e estou feliz, independente do resultado.  e hoje fiz tudo o que estava ao meu alcance. Como dizem, a Brasil Ride é mesmo uma etapa na nossa vida. Existe toda uma preparação antes, uma vivência durante e foi incrível. A palavra é superação, pois é uma luta para chegar até aqui, é uma luta para treinar e outra para completar”, expressou.

Johnne Victor Nunes é de Caetité (BA) e participou pela primeira vez da maior stage race premium do Mundo MTB e se encantou tanto, que já garantiu sua inscrição para o próximo ano.

© Ney Evangelista

“Sou da estrada e fiz treino de menos de uma semana para conhecer as trilhas. Fui bem, mas ‘bati lata’ na Etapa Rainha. Tive apenas um tombo e posso dizer que a Brasil Ride é uma experiência incrível. Vai ser a tatuagem da minha vida de agora para frente”, relatou. Ele define a Brasil Ride como autoconhecimento e relacionamento. “Fiz muitos amigos e me conheci melhor, a Brasil Ride me trouxe isso”, revelou.

Participando pela quarta vez da Maratona dos Descobrimentos, Fábio Santana da Cruz, de 43 anos, não escondeu a emoção de mais uma vez finalizar a prova. “A sensação que tenho é a mesma da primeira vez. A adrenalina sobe e o nervosismo é muito grande. Quando cruza a linha de chegada, a felicidade é imensa. Estava há mais de 3 anos sem treino e consegui completar a prova”, disse, enquanto era cumprimentado pela família que o aguardava com festa.

© Ney Evangelista

A alegria da família foi dupla, já que Eduardo Modenezi, de 13 anos, também esteve na prova. “Este é meu segundo ano participando e gostei muito. O percurso foi um pouco diferente. Esta semana não consegui treinar, mas cheguei ao final. Foi muito massa!”, completou.

O Governo Federal, por meio do Ministério do Esporte, via Lei de Incentivo ao Esporte, apresenta a Brasil Ride Bahia 2023. Patrocínios de Mitsubishi,  Continental Pneus, Shimano e Unidas – Aluguel de carros, Garmin, Red Bull, HB, Full Gas, Coca Cola, Thule e Postos Rede Torres. Conta com o apoio governamental do Governo do Estado da Bahia, Sudesb, Prefeitura Municipal de Porto Seguro, Prefeitura Municipal de Guaratinga e Prefeitura Municipal de Eunápolis. Apoio institucional ICMBio,  Parque Nacional do Pau Brasil e Parque Nacional do Alto Cariri. Chancela da União Ciclista Internacional (UCI), Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) e FBC (Federação Baiana de Ciclismo). A organização é do Instituto Brasil Ride.

© Ney Evangelista

Etapa 7 – Classificação do dia

Solo Masculino

1 – Henrique Avancini – Caloi Henrique Avancini Racing – 01h40m55s
2 – Tiago Ferreira – DMT Racing Team By Marconi – 01h40m56s (00h00m01s)
3 – Hans Becking – Buff Megamo Team – 01h41m30s (00h00m34s)

© Ney Evangelista

Solo Feminino

1 – Monica Calderón – Cannondale Vas Arabay – 01h58m52s
2 – Tessa Kortekaas – Cannondale Vas Arabay – 02h04m59s (00h06m06s)
3 – Luiza Souza – 02h13m06s (00h14m13s)

© Ney Evangelista

Classificação Geral Final

Solo Masculino

1 – Tiago Ferreira – DMT Racing Team By Marconi – 18h16m12s
2 – Henrique Avancini – Caloi Henrique Avancini Racing – 18h16m51s (00h00m38s)
3 – Simon Stiebjahn – Singer Racing Team – 18h28m38s (00h12m26s)

Solo Feminino

1 – Tessa Kortekaas – Cannondale Vas Arabay – 23h24m12s
2 – Monica Calderón – Cannondale Vas Arabay – 23h33m27s (00h09m15s)
3 – Eliane Resende – Gorgeous – 26h18m36s (02h54m24s)

© Ney Evangelista

Todos os campeões da edição 2023

Open: Walace Assis e Tiago Oliveira (BRA)

Feminino: Celina Carpinteiro e Naima Diesner (POR/ALE)

America Men: Henrique Avancini (BRA)

América Women: Eliane Resende (BRA)

Mista: Antonio Ortiz e Anna Jordens (ESP)

Master: Abraão Azevedo e Rodrigo Nunes (BRA)

Guarini: Raone Gonçalves e Anderson Molinari (BRA)

Grand Master: Everton Siqueira e Luiz Vieira (BRA)

Nelore: Jefferson Oliveira e Miguel Paula (BRA)

Corporativa: André Costa, Carlus Costa e Marcius Costa (BRA)

Ironrider: Fernando Blau e Renan Delavald

© Ney Evangelista

Os campeões das 13 edições

Masculino

2010 – Kristian Hynek (CZE) / Robert Novotney (CZE)

2011 – Kristian Hynek (CZE) / Robert Novotney (CZE)

2012 – Tiago Ferreira (POR) / Luis Pinto (POR)

2013 – Henrique Avancini (BRA) / Sherman Trezza (BRA)

2014 – Hans Becking (HOL) / Jiri Novak (CZE)

2015 – Hans Becking (HOL) / Jiri Novak (CZE)

2016 – Fabian Rabensteiner (ITA) e Alexey Medvedev (RUS)

2017 – Henrique Avancini (BRA) / Jiri Novak (CZE)

2018 – Henrique Avancini (BRA) / Manuel Fumic (ALE)

2019 – Tiago Ferreira (POR) / Hans Becking (HOL)

2021 – Hans Becking (HOL) / José Dias (POR)

2022 – Henrique Avancini (BRA) – Elite Solo

2023 – Tiago Ferreira (POR) – Elite Solo

© Ney Evangelista

Feminino

2010 – Celina Carpinteiro (POR) / Ivonne Kraft (ALE)

2011 – Adriana Nascimento (BRA) / Sabrina Gobbo (BRA)

2012 – Adriana Nascimento (BRA) / Daniela Genovesi (BRA)

2013 – Rebecca Rusch (EUA) / Selene Yeager (EUA)

2014 – Sonya Looney (EUA) / Nina Baum (EUA)

2015 – Raiza Goulão (BRA) / Viviane Favery (BRA)

2016 – Isabela Lacerda (BRA) / Letícia Cândido (BRA)

2017 – Raiza Goulão (BRA) / Margot Moschetti (FRA)

2018 – Sandra Santaynes (ESP) / Anna Ramirez (ESP)

2019 – Viviane Favery (BRA) /Tania Clair Pickler (BRA)

2021 – Naima Diesner (ALE) / Anna Jördens (ALE)

2022 – Marcela Toldi (BRA) – Elite Solo

2023 – Tessa Kortekaas (HOL) – Elite Solo

© Ney Evangelista