Você acha difícil pedalar? Não encara usar a bicicleta por medo de não conseguir cumprir o percurso? A idade está pesando ou tem alguma deficiência? Falta força? Não quer suar? Que tal começar com uma e-bike?

Há cada vez mais brasileiros usufruindo dos benefícios das bicicletas e e-bikes. Conheça algumas pessoas que optaram pelo modelo elétrico, o motivo por terem o escolhido e suas experiências com o novo meio de locomoção.

Leonardo Fernandes, de São Paulo – SP
“Tenho usado minha bicicleta elétrica na cidade e espero estar contribuindo para tornar a causa da bicicleta mais visível. Apesar da aparente temeridade de se aventurar no Túnel 9 de Julho, por exemplo, acredito que a presença cada vez maior de ciclistas deveria, ao menos, levar a uma atitude educativa por parte dos motoristas. Nesse sentido vi com alegria pela primeira vez uma propaganda na TV pedindo aos motoristas respeito para com os ciclistas; é de se notar, porém, que a propaganda era patrocinada por uma associação de ciclistas e não pela prefeitura. Ao mesmo tempo em que isso é bom, pois mostra que a sociedade civil está se organizando e tomando iniciativas para cobrar das autoridades mais infraestrutura e respeito para os ciclistas, também revela a ausência do estado em tantas frentes, como essa da proteção aos que estão tentando ajudar a descongestionar o trânsito e poluir menos. Se, na esteira das manifestações reivindicatórias, dinheiro é gasto com planejamento e sinalização na criação de faixas exclusivas para ônibus, por exemplo, algumas inclusive questionáveis, como a da Brigadeiro Luiz Antonio, porque não fazer campanhas reforçando as normas de respeito e valorização da vida no trânsito? A criação de faixas ou corredores para ciclistas é barata, simpática e também ajuda a resolver questões ambientais e de mobilidade urbana, mas o que parece predominar são as realizações em pontos “nobres” da cidade, como a Av. Faria Lima, ou as iniciativas tipo “rua de lazer”, que torna possível o uso da bicicleta como uma atividade de fim de semana, e não para o dia-a-dia.

Renato Rechenberg. © Arquivo Pessoal

Renato Rechenberg, de Curitiba – PR
“Adquiri minha bicicleta elétrica há mais de um ano. Sempre foi um desejo antigo e, desde então, utilizo minha bike diariamente. Já tinha como meta a substituição do automóvel pela bicicleta e durante este período de uso, fui equipando meu novo meio de transporte com acessórios que viessem trazer mais segurança e conforto para o meu dia-a-dia. Essa substituição facilitou muito meus compromissos diários. A rapidez do deslocamento, com a possibilidade de fugir dos congestionamentos, aliado ao prazer de estar se exercitando e a sensação de liberdade que uma bike promove, não tem preço. Falando em preço, é economia na certa: não tenho gastos com combustível, trocas de óleo, estacionamento, revisões periódicas etc. Hoje vou de bicicleta aos mercados, padarias, bancos, restaurantes. Evidentemente, escolho lugares que já criaram espaços para estacionamento das bikes. Se não há local próprio, peço licença e adentro ao estabelecimento com a bike mesmo; espero que com essa atitude, todos nos vejam como clientes em potencial e repensem a possibilidade de criar estacionamentos seguros para as bikes. Gostaria de ver todos os grandes centros estruturados e seguros, com ciclovias repletas de bicicletas, elétricas ou não, pois dessa forma as cidades seriam menos poluídas, muito mais transitáveis, e as pessoas menos estressadas e mais felizes”.

Marcelo Nogueira, de São Paulo – SP
“Ano passado eu paguei quase R$ 3.000 para licenciar o meu carro. A bicicleta custou R$ 5.000, mas em compensação eu não pago estacionamento, paro na porta de qualquer lugar, não pego congestionamento, não pago licenciamento anual, não pago IPVA, posso tomar uma cervejinha sem ser preso, sem falar que a e-bike não polui, não faz barulho e é um carro a menos nas ruas. Por isso tudo, estou usando a bike como se fosse meu carro. Comprei uma bicicleta elétrica estilo mountain bike, com uma resistência e desempenho superiores. Peso 84 kg e gosto de performance, então, a potência do motor fez muita diferença na minha escolha. Adquiri uma e-bike com motor italiano de 350 watts. A durabilidade da bateria e peso do conjunto também fez diferença na escolha, por isso optei pela bateria de lítio. Com quatro modos de velocidade, dá para atingir 40 km/h. Uso a minha com frequência, ainda mais agora com a Lei Seca. Moro na Vila Olímpia e vou até a Vila Madalena, 18 km ida e volta, numa boa, pois a autonomia dessa e-bike é de 40 km. O sistema de aceleração é de pedal assistido, então, eu pedalo, mas a vida é uma reta plana, não importa quantas subidas tenham… Realmente, a e-bike é muito eficiente e cada vez mais pessoas vão notar isso. Em um futuro próximo vejo um crescimento exponencial do uso da bicicleta”.

Eldon Jung. © Arquivo Pessoal

Eldon Jung, de Blumenau – SC
“Tenho 72 anos e optei pela e-bike para continuar a pedalar. Passei a morar próximo ao centro, com topografia plana, onde em um raio de três quilômetros utilizo quase somente uma dobrável de três marchas. Porém, para ir à empresa ficou mais distante e com três subidas mais longas. Eu senti a necessidade de resolver dois problemas: enfrentar os morros com menos esforço quando ia trabalhar e percorrer grandes distâncias em menos tempo quando tinha que sair da empresa para reuniões em pontos distantes. Essa foi a motivação para optar por uma e-bike. Utilizo há três anos e estou muito satisfeito com minha pedelec. Há muitos benefícios no uso da bicicleta elétrica. Com minha e-bike, mesmo com apenas oito marchas, consigo subir todos os morros de Blumenau. Os mais íngremes, com um esforço maior meu, mas ainda assim, mais tranquilo. Ela é mais rápida quando a gente precisa de agilidade, como, por exemplo, em um trânsito mais violento, para fazer uma conversão à esquerda e necessitar atravessar a pista. A rapidez também é útil quando se tem mais pressa e o caminho é mais comprido. É uma opção bem a calhar para idosos, já com menos vigor, e principalmente para mulheres, especialmente aquelas que não se sentem “fortes” o suficiente para uma bicicleta normal, mesmo que isso seja mais psicológico. Quando termina a carga da bateria, você pode continuar pedalando normalmente. Aliás, você pode optar por não utilizar o motor com um simples toque, e religar, mesmo andando, quando houver necessidade. Um inconveniente é o aumento do peso com o motor e a bateria. A gente sente essa diferença, principalmente quando é preciso carregar numa escada acima ou empurrar em uma rampa”.

Felipe Camacho, de São Paulo – SP
“Meu escritório fica a 1,2 km da minha casa e todos os dias vou de bicicleta elétrica. Vale citar que eu pedalo há mais tempo do que dirijo. Quanto tinha 14 anos cheguei a trabalhar em uma bicicletaria e a minha paixão por bikes cresceu. Aos 16 anos tive uma experiência com um dos primeiros grupos de Pedal Noturno de São Paulo. Depois passei a apoiar passeios de duas bicicletarias até que, em 2003, comecei em uma equipe de corrida e triatlo e troquei a mountain bike por uma speed. Agora, aos 35 anos, depois de ver a cidade de São Paulo cada vez com mais veículos, encontrei um amigo que estava de bicicleta elétrica e amei. Entreguei o carro que tinha de uma empresa em que trabalhava e decidi não comprar outro carro. Decidi investir em uma e-bike e a experiência está sendo maravilhosa. Sempre que um amigo pergunta, falo sobre a qualidade de vida que ganhei ao trocar o carro pela e-bike. Vou visitar clientes e quando eles veem o capacete, ficam curiosos e às vezes nem acreditam que fui de bike. Bicicleta elétrica em São Paulo é sinônimo de mobilidade. Ando sempre na rua, com a educação de ciclista urbano adquirida com anos de pedaladas. Vou sempre pela direita, seguindo o fluxo da via, com luz noturna dianteira e traseira e capacete. Basta ser educado e respeitar os outros para se deslocar e curtir sua bike, mesmo em uma cidade cheia de trânsito e estresse. Percebo o ser humano cada vez mais estressado, querendo fazer valer o seu direito. Mas somos todos iguais. Eu, por exemplo, sou pedestre, ciclista elétrico/urbano, ciclista de speed e também sou motorista.

© Arquivo Pessoal

Márcio Fontolan, de Curitiba – PR
“As bikes elétricas servem como um apoio nas pedaladas quando estamos muito cansados ou enfrentamos subidas íngremes. Comprei da marca E-leeze, por ser daqui da minha região. Já conheci outras marcas, mas realmente a qualidade, desempenho e atendimento da empresa são ótimos. Infelizmente, faltam ciclovias que interliguem os locais. Por exemplo, eu estava no Passeio Público e queria chegar ao Parque Barigüi, mas não existe interligação por ciclovias e a alternativa menos perigosa foi ir pela Sete de Setembro pela canaleta do ônibus e, em alguns trechos, pelas calçadas, pois na rodovia é impossível”.

Fernanda de Barros Gomes, de São Paulo – SP
“Minha mãe resolveu aprender a andar de bicicleta, aos 50 anos, e foi assim que tive o primeiro contato com as e-bikes. Fiz um test drive e me apaixonei. Moro na Lapa e para me deslocar enfrento várias ladeiras muito íngremes. A bicicleta elétrica viabilizou a ida até o trabalho e praticamente todos os deslocamentos. Dessa forma, pude deixar o carro na garagem e usar a e-bike como principal transporte, fugindo do trânsito e dos estacionamentos. O principal obstáculo são as ciclovias em locais restritos e alguns trechos em péssimas condições. Todos os amigos querem experimentar e se encantam com a ideia de poder não usar o carro. Também acabei voltando a usar a bicicleta normal aos finais de semana para me exercitar e os amigos todos estão entrando na onda”.


Benefícios secretos da bicicleta:

  • Mente sã: o exercício físico combinado ao fato de estar ao ar livre são determinantes para a produção de hormônios, como a endorfina, que asseguram bem-estar, relaxamento e controle de estresse e ansiedade.
  • Fonte de juventude: além de toda a saúde proporcionada pelo exercício físico, pedalar também contribui para uma melhor renovação celular e eliminação de toxinas, que entre outros benefícios, deixa a pele rejuvenescida. A e-bike oferece ainda mais “juventude” a pessoas idosas que, não fosse o auxílio elétrico, talvez já houvessem abandonado a bicicleta.
  • Economia: os gastos em manter um automóvel são imensamente maiores do que manter uma bike: combustível, estacionamento, flanelinha, seguro, IPVA, revisões periódicas, entre outros, representam um valor elevado no orçamento familiar.
  • Ir mais longe: com uma bicicleta é possível alcançar lugares que são inacessíveis a veículos automotores, ao mesmo tempo em que são extenuantes para uma caminhada.
  • Pertencer a um grupo: quem pedala acaba se conectando a outros ciclistas e passa a se sentir parte de uma comunidade. Mesmo que as pedaladas sejam apenas com os amigos, vizinhos e familiares, elas geram experiências sociais gratificantes.
  • Ser feliz: quando se anda de bicicleta é mais fácil esquecer os problemas. Ficar imerso nas belezas do meio em que se está pedalando, mudar o foco dos pensamentos, sair da rotina, trazem sensações boas de felicidade.
  • O mecânico que existe em nós: você mesmo consertar as coisas é algo gratificante. Os homens, especialmente, estão sempre à espera de algo que possam modificar e reparar. Trocar um pneu furado, por exemplo, já é uma oportunidade para suprir essa necessidade.
  • Boas lembranças para as crianças: leve as crianças para um passeio em uma bicicleta e elas nunca vão esquecer a sensação. Talvez um dia elas possam optar por uma bicicleta ao invés de um carro, graças às influências dessas boas lembranças.
  • Ser sustentável: trocar o carro ou moto por uma bicicleta é ser um exemplo para a sociedade. Andar em uma e-bike é divertido e além de tudo ajuda a tirar veículos das ruas e, por consequência, a diminuir a poluição e congestionamento.
  • Mais perto de Deus: quando você estiver em uma bicicleta, estará ao ar livre, em contato direto com os elementos mais naturais, criação de Deus, sentindo que Ele o abençoou com um corpo capaz de percorrer uma grande distância por um longo período de tempo.