A bicicleta de roda fixa, também conhecida como fixed gear ou somente fixa, tem como principal característica a marcha única e o giro integrado com o pedal. Ela não possui roda livre, ou catraca, fazendo com que a velocidade do giro da roda seja diretamente relacionada com a pedalada. Pedalar em uma bicicleta fixa é bem diferente, parece com quando comecei a dar as primeiras pedaladas com sapatilha e pedal clip.

Apesar de ser uma “moda” e estar fazendo bastante sucesso atualmente, a bicicleta fixa é a mais antiga forma de bicicleta, com a corrente ligada à roda. A razão do sucesso atual é que a fixa ficou bastante associada à cultura hipster. O termo ainda é bem pejorativo, mas indica um estilo de vida que envolve moda, comportamento, música etc. Essas bicicletas geralmente são bem coloridas e os ciclistas se vestem com um estilo mais urbano, ao invés de esportivo. Mas vale esclarecer que muitos hipsters pedalam bicicletas roda fixa, mas nem todos os “fixeiros” são necessariamente adeptos do estilo de vida hipster.

Comprei minha primeira bicicleta fixa, uma Felt, marca da Califórnia, modelo TK 4130, em 2012. Ela é levíssima, tem o design inspirado nas bicicletas italianas. A roda tem uma pintura que imita a madeira, além de banco de couro e firma-pé. Comecei a pedalar em locais menos movimentados e planos, para depois dar umas pedaladas noturnas pela cidade.

Em pouco mais de 40 dias depois de comprá-la, já havia pedalado mais ou menos 500 km, em média três vezes por semana, sempre entre uma hora e uma hora e meia. Se você já pedala ou pensa em começar a pedalar em uma fixa, essas dicas podem ser úteis.

Acostumando-se com a bicicleta roda fixa

Esse é o ponto mais difícil. Quem pedala bikes com roda livre percebe, logo nas primeiras pedaladas de uma fixa, como é normal ficar com o pedal parado ou mesmo girar o pedal para trás. Esse primeiro aprendizado é difícil, porém, rápido, pois você será constantemente lembrado através de um tranco no joelho que “sim, o pedal não para de girar”. Então, a dica é aproveitar a inclinação do terreno, se possível, pra ir diminuindo o giro do pedal levemente, até que você possa parar a bike sem trancos e sem forçar muito a articulação dos joelhos.

Dica de segurança: eu ainda pedalo a maior parte do tempo à noite, em uma ciclovia plana e tranquila. Domine bem a bicicleta antes de se arriscar por trechos mais movimentados.

Postura de bike speed

Para mim, que sempre pedalei em mountain bikes, híbridas ou dobráveis, a postura foi outra novidade, mas bem fácil de adaptar. É muito gostoso pedalar em uma postura mais agressiva, sentir a velocidade da bike. Já estou com vontade de ter uma speed também!

© André Schetino

Pedalar uma bicicleta roda fixa pode causar dependência, vício, “fominhagem” e eventuais crises de abstinência no caso de ficar muito tempo sem andar.

© André Schetino

Segurança em primeiro lugar

Nos poucos momentos em que enfrentei trechos de trânsito com minha fixa, senti que estava propenso a mais situações de risco do que quando comparado com uma bicicleta com roda livre, freios etc. Mas, como não queria ficar só no vai e vem da ciclovia, resolvi colocar um freio e me sinto muito mais seguro.

Já comecei a encarar alguns trechos na cidade, em dias e horários de menor movimento. Minha bicicleta tinha furação apenas para o freio dianteiro, e após alguns testes na oficina consegui adaptar o freio Sora, da Shimano, com um manete simples na parte mais baixa do guidão.

Outra possibilidade interessante são os cubos com sistema de contra pedal. Assim, ao forçar o pedal para trás (ele não gira, apenas trava) o ciclista realiza a frenagem. Essa manobra é chamada skid.

Pernas, pra que te quero

Depois de muita ralação, a hora da parte boa! Depois de muito giro, dos freios, e de ficar mais confiante com a bicicleta roda fixa, você percebe também que seu desempenho físico vai melhorando bastante. Especialmente no meu caso, que resolvi encarar umas subidas com ela. Agora que tenho os freios para controlar as descidas, tenho gostado de fazer alguns trechos em Belo Horizonte, como a subida da Avenida Brasil até a Praça da Liberdade, entre outras. Minha curtição é não só colocar a bike no trânsito, em trechos diferentes, como também forçar as pernas na subida para ver se dou conta.

Advertência

Depois dos primeiros 500 km, estou cada vez mais empolgado! Conversando com outros conhecidos que pedalam bicicletas roda fixa fui advertido e começo a concordar: pedalar uma fixa pode causar dependência, vício, “fominhagem” e eventuais crises de abstinência no caso de ficar muito tempo sem andar.