Procurado

Por suas ideias subversivas, anda em uma bicicleta com banco de mobilete, banco/selim rebaixado, vive na periferia e defende uma sociedade sustentável, transporte público de qualidade, no giro propaga a não-violência e a igualdade.

Vestido fora dos padrões, considerado um fracassado por não ter um automóvel, baixa renda, pedala sem capacetes, luvas e sinalizadores, gosta do rolê com gente simples e marginalizada, chamado pelos amigos(as) do pedal de ciclista da paz, giro do mundo, pedaleiro da luz.

Ele já foi visto pedalando em alguns países, Ucrânia, Venezuela, Guatemala, Cuba, Síria, no continente africano, dizem que chegou ao Brasil passado por Pacaraima no Estado de Roraima. Sinais particulares de suas pedaladas: feridas nas mãos, nos pés e no peito, produzidas pelo sistema de doutrinação mercantilista.

Oferecemos uma recompensa que vai fazer de você uma ciclista maioral: 30 moedas, uma bicicleta de quadro de carbono, capacetes, óculos e sapatilhas de última geração, dez anos de uniformes com cores combinadas. Se o procurado for entregue com requintes de atropelamento, será disponibilizado 33 anos de seguro grátis para sua bicicleta.  

Pedalando com 30 moedas, você será uma ciclista diferenciado, sem preocupações se a sua cidade possui políticas públicas para o ciclismo ou não, afinal, isto é um problema para o procurado e seus seguidores. Lembre-se, assim tu és um(uma) ciclista, eles(as) periféricos(as) “usuário(as) de bicicletas”.  

Dado Galvão é documentarista, ciclista, idealizador do Movimento @cicloolhar, partilha suas reflexões na Revista Bicicleta.