A Secretária da Saúde do Distrito Federal decidiu incentivar os servidores públicos para que diminuam o uso do carro. A campanha “De bike ao trabalho” quer promover a bicicleta como forma sustentável e saudável de transporte.

A supervisora de Serviços da Unidade Básica de Saúde nº 2, Ana Silvia Pires da Silva, foi uma das inspiradoras do projeto. Ciclista ativa, ela percorre um trajeto de 2,7 km de bicicleta, todos os dias, para ir e voltar do trabalho.

Ana conta que após sofrer um problema de visão sentiu medo de dirigir. Ela acabou vendendo o carro e transformou a bike em alternativa de vida.

“Isso foi há três anos, quando trabalhava no Hospital Regional da Asa Norte e pedalava 7,5 km por dia”.

A história de Ana inspirou colegas de trabalho e o próprio hospital. O Hran foi o primeiro prédio de serviço público da capital a instalar paraciclos – os estacionamentos para bicicletas.

Bicicletas deixam de ser apenas para o lazer

Marcos Giesteira, de 41 anos, faz uso da bicicleta para trabalhar há 6 anos © Tony Oliveira

O assessor de comunicação Marcos Giesteira mora no Plano Piloto e vai para o trabalho de bike há 6 anos. Aos 41 anos ele comemora a decisão de substituir o carro pela bicicleta

“Tenho uma vida cada vez mais saudável. Além de ajudar a reduzir o número de carros na cidade, fujo do estresse do trânsito e parei de gastar com combustível, seguro e imposto”

Marcos conta que já enfrentou problemas no dia a dia, como a falta de respeito dos motoristas. “Já quase fui atropelado algumas vezes, muitos motoristas não dão sinal nas entradas de quadra, algumas pessoas caminham na ciclovia e tem até quem ande com o cachorro solto. Isso é bem chato e perigoso”, relata.

Mas ele percebe que a convivência está melhorando e acredita que vai ficar cada vez mais civilizada por conta do aumento de adeptos ao pedal em Brasília. “Acho que o número crescente de ciclistas na cidade está favorecendo essa consciência” afirma.

O DF conta com mais de 466 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas, de acordo com a Secretaria de Mobilidade. Uma realidade que vem ajudando os brasilienses a se deslocarem com maior facilidade.

Estilo de vida

Bicicletas sem estações © Divulgação/Yellow

O projeto de bicicletas compartilhadas foi lançado em 2014 no Distrito Federal, mas não atende todas as regiões. Funciona, basicamente, no Plano Piloto, no Lago Sul e em Águas Claras.

O +bike trabalha com sistema retirada em estações. A Yellow disponibiliza as bikes nas ruas por “dockless”.

Além das bicicletas, a Yellow também oferece patinetes elétricos compartilhados na capital federal. Desde março, os patinetes também passaram a ser oferecidos pela startup Grin.

Morador de Águas Claras, Pablo Lima usa as bicicletas compartilhadas 3 vezes por semana para ir ao trabalho. Ele diz que só não usa mais porque elas acabam com facilidade.

“É positivo, porque há possibilidade de me deslocar com maior agilidade, sem precisar ter uma bicicleta em casa. Além de ser um serviço que propõe um estilo de vida saudável.”

Projeto de lei para patinetes compartilhados

Assim como as bicicletas, os patinetes passaram a ser vistos nas ruas de Brasília. No entanto, ele tem gerado preocupação entre as autoridades de trânsito.

Nesta terça (21), uma jovem de 19 anos ficou ferida após sofrer um acidente com um patinete elétrico na quadra 306 Sul. Segundo o Corpo de Bombeiros, Maria Eduarda Vilela Borges não utilizava equipamentos de proteção.

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O serviço de bicicletas e patinetes elétricos ainda não é regulamentado na capital. Mas segundo a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), o governo está elaborando um Projeto de Lei para definir a política de mobilidade urbana cicloviária que envolve o incentivo ao uso de bicicletas e patinetes no DF.

A Secretaria explica que o governo não tem a localização e nem o número de viagens e patinetes disponíveis na cidade. A intenção é que com o projeto de Lei o Estado tenha o controle de dados dos equipamentos.

O que diz o Código de Trânsito

De acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), os patinentes devem atender às regras para “equipamentos de mobilidade autopropelidos” (com algum tipo de motorização e com as dimensões de largura e comprimento iguais ou inferiores às de uma cadeira de rodas).

Diferentemente das regras da Prefeitura de São Paulo, o Código Brasileiro de Trânsito (CTB) prevê que os patinetes andem somente em áreas de circulação de pedestres, ciclovias e ciclofaixas, e não nas ruas.

Também é obrigatório o patinete ter indicador de velocidade, campainha e sinalização noturna, dianteira, traseira e lateral, no equipamento.

De acordo com o órgão, fica a cargo de cada município e do Departamento de Trânsito (Detran) do Distrito Federal regulamentar demais regras sobre a circulação e estacionamento dos patinetes.

Orientações

Diante da inexistência de uma norma nacional ou local que regulamente o uso de patinetes elétricos nas cidades, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) – em parceria com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e a Polícia Militar (PMDF) – publicou dez orientações para quem utiliza o meio de transporte, inclusive por lazer.

  1. De acordo com a legislação vigente, a circulação de patinetes somente se dará em locais de circulação de pedestres, ciclovias ou ciclofaixas. Logo, não é permitido o trânsito de patinetes em faixas de rolamento, em razão do risco de compartilhamento de espaço com veículos automotores.
  2. Quando houver a necessidade de atravessar a via pública, o usuário do patinete deverá procurar as passarelas, passagens subterrâneas ou faixas de pedestres. Nesse caso, o usuário do patinete deverá descer do equipamento para fazer a travessia segura.
  3. Entende-se como área de circulação de pedestres, as calçadas, passarelas, quadras, praças, passagens subterrâneas, ou outras áreas que não ocorra a circulação de veículos automotores. Nesses locais, a velocidade máxima permitida para os patinetes é de 06 km/h.
  4. Considera-se ciclovia, via com pista própria destinada à circulação de ciclos, separada fisicamente do tráfego comum. Já a ciclofaixa é uma parte da pista de rolamento destinada à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização específica. Nesses locais, a velocidade máxima permitida para os patinetes é de 20 km/h.
  5. Antes de usar o patinete pela primeira vez, é importante manter baixa velocidade e evitar locais com muita circulação de pessoas, bicicleta ou outros patinetes.
  6. Mesmo não sendo obrigatórios, os equipamentos de proteção individual como capacetes, luvas, joelheiras e cotoveleiras usados em bicicletas também garantem a segurança para a utilização de patinetes.
  7. É importante estacionar os patinetes fora das calçadas, ciclovias e ciclofaixas para que o patinete não seja um obstáculo à livre circulação.
  8. Usuários que tenham consumido bebidas alcoólicas não devem andar de patinetes, uma vez que há uma necessidade de se equilibrar no equipamento e, mesmo em baixa velocidade, o risco de acidentes aumenta consideravelmente.
  9. O uso do patinete elétrico por menor de idade deve ser supervisionado por um adulto. Em caso de acidente provocado por menor que esteja fazendo uso do equipamento, os pais poderão ser responsabilizados.
  10. O uso de calçados fechados e que se firmem aos pés garantem mais segurança e menor risco de lesões.

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