As micromobilidades ganharam espaço nas grandes cidades de todo o mundo, em São Paulo não foi diferente. É o meio de deslocamento que conta com transportes individuais alternativos, como bicicletas, e-bikes, patinetes, entre outros. Hoje a cidade de São Paulo tem grandes empresas que alugam esses novos modais.

Basta baixar um aplicativo, desbloquear o aparelho e aproveitar. Depois paga-se o equivalente ao tempo usado, através de um cartão de crédito. Mas ainda existem limitações de áreas e preocupações que cercam essas novas formas de transporte.

Para atender melhor essas novas demandas e preocupações, José Police Neto, vereador da cidade de São Paulo, se antecipou e criou o Estatuto do Pedestre e o Programa Bike SP. Segundo Police, 31% das viagens são feitas a pé e os outros modais também dependem de uma parte de caminhada.

Por isso é importante defender o pedestre, garantindo a sua segurança. Garantindo isso pode-se focar em dar espaço para os outros modelos de transporte. Incentivar o uso de bicicletas é essencial para o vereador, diz que o programa que desenvolveu garante benefícios para quem usar o meio, porém ainda não foi regulamentado.

O autor dos programas diz que pressiona a Prefeitura de São Paulo para que seus projetos sejam regulamentados. Em 2030, 60% da população mundial estará nos centros urbanos o que pode causar uma crise na mobilidade. Police diz que a micromobilidade pode ajudar a reverter essa situação. Além de expandir as opções de transporte e reduzir a poluição do ar e de som.

A maior aposta é que a primeira e a última milha sejam feitas com esses modais, já que são viagens curtas. No centro da cidade a última milha já é feita com esses modais. Em especial na região da Avenida Brigadeiro Faria Lima, onde o trânsito de bicicletas e patinetes é alto, e há várias empresas de aluguel que atendem a região.

E-bike em frente ao lago do Ibirapuera © Mariana Galdino

Pessoas que antes faziam essa parte do caminho de ônibus, optaram pelos alugados e assim reduziram o tempo do trajeto e economizam dinheiro. Hoje algumas corporações de transporte já oferecem planos mensais, que são de baixo custo, para quem utiliza todos os dias.

Mariana Galdino tem 19 anos e é estudante de marketing, moradora da Zona Leste de São Paulo e passou a usar a micromobilidade após perceber que economizaria tempo e dinheiro. Galdino conta que sempre teve curiosidade ao ver as pessoas no centro que utilizavam as bicicletas alugadas, gostava do meio desde criança, porém só passou a usar quando começou a trabalhar na E-Moving, empresa de aluguel e venda de e-bikes onde o usuário escolhe planos de médio e longo prazo.

A estudante diz que a maioria dos clientes são pessoas que moram na Zona Sul e Zona Oeste de São Paulo e trabalham por lá, desse modo conseguem usar a e-bike em todos os locais que vão, já que não usam outros meios. Além do incentivo da empresa, Galdino também recebeu apoio de seus colegas de trabalho para começar a usar o modal.

Mariana Galdino de bicicleta © Mariana Galdino

Como Galdino mora numa região afastada do centro, a e-bike da empresa em que trabalha não atende todas as suas necessidades de locomoção, por isso não lhe é viável. Então a universitária resolveu apostar nas bicicletas que são desbloqueadas com o aplicativo e depois deixada na rua para outra pessoa usar.

A moça conta que todos os dias usa um ônibus até a estação Artur Alvim, desce na estação Faria Lima e de lá vai de bicicleta até a esquina de seu trabalho. Esse trajeto demora 1 hora e 40 minutos, cerca de 40 minutos a menos do que se fizesse a última milha de ônibus. A estudante diz que se tivesse a opção também faria a primeira milha de bicicleta.

Police pressiona as empresas de micromobilidade para que passem a cobrir mais áreas. Assim os usuários poderão fazer a primeira e última milha com um desses novos modais. O vereador diz “ao dar essa nova opção, desafogaria os ônibus da periferia e pessoas que realmente precisam deles poderiam usá-los com mais tranquilidade”.

A Yellow, uma das principais empresas que já atuam no centro de São Paulo, irá disponibilizar suas bicicletas em maio de 2019 no bairro do Capão Redondo, extremo Sul da cidade. Com a tentativa de atrair os passageiros a fazer a primeira milha de bicicleta. O preço chega mais barato na região. A empresa fez parcerias com comerciantes locais para que os usuários comprem créditos nas lojas para desbloquear a bicicleta, assim não irão precisar de um cartão de crédito.

A aposta da Yellow dá uma oportunidade para moradores das regiões mais periféricas da cidade. Police Neto quer trabalhar para que chegue em outros extremos da cidade. Porém essa deve ser uma ação que vem com outras, já que são necessárias construções de ciclovias e ciclofaixas, garantido mais segurança aos ciclistas. Os novos modais também estão presentes dentro das políticas públicas de segurança. Tendo Polícia Militar e pelotões de bicicletas e patinetes.

A segurança das pessoas que saem cedo de casa é uma preocupação. E está presente independente do modal escolhido. Segundo o vereador “quanto mais gente tiver na rua junto, menor a probabilidade de ter a violência”. Desse modo diminuiria, por exemplo, o número de assaltos e furtos. Outra coisa que gera polêmica é o trânsito e qual o espaço de cada um. Galdino diz “infelizmente as pessoas não mudam, não importa o modal”.

Segundo a estudante o trânsito é a pior parte já que as pessoas continuam sendo ignorantes. A jovem conta que já presenciou diversos acidentes nas ciclovias e que os carros não aceitam dividir o espaço. Os motoristas xingam os ciclistas e jogam o carro para cima das bicicletas.

Existem movimentos que tentam conscientizar os motoristas como o “Respeite um carro a menos“, porém Galdino conta que ainda falta capacitação. “Ciclistas que não sabem sinalizar os movimentos, acabam causando acidentes. Gente despreparada de patinete, sem nenhuma instrução. Caindo e causando acidentes em efeito dominó”, diz a estudante.

Galdino acredita que falta fiscalização, vê que muitas pessoas deixam de usar o carro e migram para a bicicleta exatamente pela falta de regras. “É muito mais econômico em todos os sentidos, mas as pessoas se aproveitam para agirem com libertinagem”.

Por isso que Police insiste que as leis e projetos sejam aplicados, assim poderia haver mais conscientização e fiscalização. O vereador diz que “entender o desenho da cidade, para entender o fluxo dela” e desse modo pode melhorar a mobilidade de toda São Paulo.

Fonte da matéria