Paris-Brest-Paris
Lisandra Uhmann, 54 anos, Personal Trainer, ciclista amadora, residente em Osório-RS.
Participo de longas distâncias desde 2018, onde comecei com o BREVET de 200km e em seguida fui progredindo aos 300/400/600km, até fazer parte do grupo seletivo de Randonneur da minha região, em 2020.
Em seguida, já sonhando alto, fui para o BREVET 1000km, pois meu objetivo maior era participar do PBP, Paris-Brest-Paris, a prova de longa distância considerada as Olimpíadas dos Ciclistas. E tudo ocorreu como o planejado, este ano de 2023, de 20 a 24 de agosto, lá estava eu participando da maior prova do mundo, na cidade mais visitada do mundo. Paris! “Me considero determinada e persistente, isso me leva exatamente onde eu quero estar”.
Sobre o PBP
Paris-Brest-Paris é um dos mais antigos e desafiadores eventos de ciclismo de longa distância. É uma prova icônica que atrai o maior número de ciclistas de resistência (Endurance) de todo o mundo. A cada quatro anos, os ciclistas devem navegar por uma rota rigorosa, atravessando vários terrenos e condições climáticas desafiadoras, tornando-se um verdadeiro teste de resistência e determinação.
Nessa edição foram quase 7 mil inscritos de diversos países, 135 brasileiros, entre eles 14 mulheres, sendo duas gaúchas. Foram 1225km com mais de 11000m de altitude, saindo de Ramboullet.
Seguimos em direção do litoral de Brest, passando por vilarejos encantadores, dignos de cinema, porém, enfrentando a alta temperatura do dia e as noites extremamente geladas, numa amplitude térmica que variava entre 6°C e 32°C. Ainda assim, os ciclistas buscavam concluir o trajeto dentro de um limite de tempo definido, normalmente em torno de 90 horas.
Para prover toda a logística dos PCs (Postos de Controle) é algo muito difícil, tendo em vista a magnitude do evento, aliada a dificuldade de comunicação.
Enfim, com tantas adversidades, o SENSO DE CONQUISTA para todos nós, ciclistas, se torna inexplicável! Só vivendo para entender!! Enfim, o que vivi nesta prova, nem nos meus melhores sonhos de ciclista eu imaginava viver. E eu consegui!!!
Fiquei encantada ao ver os vilarejos no interior da França, todos de pedra. A cortesia dos moradores, sua alegria e dedicação ao nos oferecer suas delícias, muitas vezes preparadas por eles, além de nos ofertar suas casas para o breve descanso dos ciclistas e, em alguns lugares, até cobertores para aquecer os que ali paravam. Os aplausos e palavras de incentivos: bravo, courage, allez… simplesmente, inesquecível!
Algo que também chamou muito a atenção foi o respeito dos motoristas em relação aos ciclistas nas estradas. Sem esquecer dos ciclistas que chegam a tamanha exaustão e se “jogam” em qualquer lugar para descansar e dormir: no chão, refeitórios, banheiros, gramados, campos, estradas…
São cenas vistas em quase todo o trajeto, mostrando simplicidade e confiança. Houveram novas amizades e promessas do reencontro. Sem falar na alegria dos ciclistas, todos ali com o mesmo sonho e objetivo, em busca da medalha dos seus sonhos.
Deixo aqui, também, um pequeno lembrete para as mulheres que desejam desafiar-se como eu: “Você é mais forte do que imagina e capaz de superar qualquer estrada. Prepare-se bem, mantenha-se hidratada e alimentada durante suas jornadas e não tenha medo de sonhar grande”.
