O Arquipélago de Fernando de Noronha pertence ao estado brasileiro de Pernambuco e é formado por 21 ilhas, numa extensão de 26 km², tendo uma principal – a maior de todas – também chamada “Fernando de Noronha” -, como única ilha habitada. As demais estão contidas na área do Parque Nacional Marinho e são desabitadas, só podendo ser visitadas com licença oficial do Ibama. Em 2002, recebeu o título de Patrimônio Mundial da Humanidade, concedido pela Unesco.

A ilha é pequena, tem apenas 17 km² e fica a 545 km da costa, onde vive uma população de apenas 3.012 habitantes e o turismo é desenvolvido de forma sustentável, criando oportunidade do encontro equilibrado do homem com a natureza em um dos santuários ecológicos mais importantes do mundo.

A mais famosa ilha brasileira, obviamente galgou essa honra à custa de suas belezas naturais, mas em muito contribuiu o isolamento que a manteve proibida para os turistas até o começo dos anos 70, quando chegaram os primeiros visitantes e, em poucos anos, o número de pousadas estourou. Em quatro décadas, Noronha mudou mais do que em quatro séculos.

© Paulo de Tarso / Sampa Bikers

Descoberta em 1503 por Américo Vespúcio, Noronha caiu nas mãos dos invasores holandeses e franceses, virou ilha-presídio e até base do Exército americano durante a Segunda Guerra. Esse currículo criou uma série de lendas entre os moradores da ilha e até mesmo interferiu nas fascinantes paisagens. Por exemplo: quase não há árvores no local, muitas arrancadas para que os presos não fizessem barcos para tentar fugir para o continente.

Em terra, na ilha de Fernando de Noronha, há trilhas, fortalezas antigas, vegetação exuberante e morros. A agitada Vila dos Remédios concentra todo o movimento turístico, além das interessantes formações rochosas como Dois Irmãos, cartão postal da ilha.

No mar, com até 50 m de visibilidade, os golfinhos, os peixes e os navios naufragados convidam a um mergulho neste mundo colorido e fascinante.

© Paulo de Tarso / Sampa Bikers

Como a ilha não possui rios e lagos, toda água consumida é coletada das chuvas ou vem do continente. Se chove pouco, o líquido falta e a administração põe em operação uma campanha de racionamento. Mesmo cercada pelo mar, a ilha sofre com a seca.

Noronha, porém, sobreviveu a tudo isso. Simplesmente porque seu encanto maior está no mar: são 16 praias, cada qual com atrações diferentes. De um lado está o Brasil. É o “mar de dentro”, com um mar tranquilo a maior parte do ano e protegido dos ventos. Do outro, a África. É o “mar de fora”, com um mar mais agitado, acalmado um pouco em alguns pontos pelos arrecifes que retém o mar entre as pedras.

Ir até Noronha requer no mínimo cinco dias, para usufruir dos inúmeros atrativos naturais e vivenciar um pouco da história da sua colonização. São inúmeras as opções de atividades e passeios, que atendem a todos os públicos e oferecem ao visitante a chance de ver todas as belezas das ilhas. Tem caminhada, observação de golfinhos, surf, passeios de barco, de bugue… e agora de bike! Mas o que não pode ficar de fora do roteiro de jeito nenhum é um mergulho de cilindro, pois estamos falando de um dos melhores lugares do mundo para a prática desse esporte. Mas prepare seu bolso, tudo lá é muito, mas muito caro.

Parte da ilha é cortada pela menor BR do Brasil, a 363, com apenas 7 km. Onde, pelo tamanho da ilha, em minha opinião, atualmente circulam muitos carros. Mas felizmente isso pode começar a mudar com um projeto patrocinado pelo Itaú e apoiado pelo governo do estado de Pernambuco, com a implantação de bicicletas para empréstimo para os turistas. Isso mesmo! Empréstimo, sem custo algum. São bicicletas mountain bikes, perfeitas para a ilha, porque subida é o que não falta lá, e na maioria das praias o acesso é por trilhas, algumas técnicas, somente para quem está acostumado a pedalar e estradinhas de terra com muitas pedras entre subidas e descidas. Nesse primeiro instante serão dois pontos para pegar as bikes. É só chegar e pegar as bicicletas que estiverem disponíveis e depois devolver. E em um futuro bem próximo será realizada a doação de bicicletas para todos os ilhéus.

© Paulo de Tarso / Sampa Bikers

Estive lá no lançamento desse projeto juntamente com a amiga Renata Falzoni e tivemos a oportunidade de pedalar um pouco pela ilha e conhecer de bicicleta as maravilhas desse paraíso. De bicicleta pedalamos na parte histórica da ilha, na Vila de Nossa Senhora dos Remédios, passando pelo Palácio de São Miguel, ruínas dos antigos presídios e Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, passando depois por três belas praias. Pedalamos também até a Praia do Sancho, que costuma frequentar a lista de praias mais bonitas do país. Percorremos a Praia do Leão, a Praia do Atalaia, Cacimba do Padre, e na Baía dos Porcos curtimos as piscinas naturais que se formam entre as pedras. E para encerrar com chave de ouro curtimos um belo pôr do sol na Praia da Conceição. Tudo isso de bicicleta! Lembrando que os golfinhos fazem o show na Baía dos Golfinhos.

Os problemas sociais não são muito diferentes de seus irmãos nordestinos. Mas os noronhenses vivem felizes. Talvez porque não há violência e nem desemprego. Mas talvez seja porque vivem em Fernando de Noronha.


Como chegar

Duas companhias aéreas (Azul e Gol) têm voos regulares saindo de Recife (1 h 20 min de viagem) e Natal (55 minutos de viagem). Para quem gosta do mar, há a opção dos cruzeiros marítimos e embarcações particulares.

Viagem

Todos os voos para a ilha saem exclusivamente de Recife ou de Natal. Se você está em outro estado ou país, terá que pegar um avião para uma dessas cidades e depois pegar outro para Noronha.

Quando ir

Há duas estações predominantes: a seca, que vai de setembro a fevereiro, e a chuvosa, com precipitações ocasionais, de março a agosto. A temperatura tem pouca variação durante o ano, mantendo uma média de 28°C, com muito sol e uma brisa refrescante.

© Paulo de Tarso / Sampa Bikers

Além de ser uma das viagens mais caras, o governo de Pernambuco ainda cobra taxa de permanência na ilha. Esta taxa foi criada em 1989 pelo governo do estado de Pernambuco, e deve ser paga por todos os visitantes que chegam à ilha. Do valor arrecadado, 50% é investido em recolhimento, reciclagem e envio do lixo ao continente – cerca de 70% do lixo de Noronha é produzido em função da atividade turística. Os outros 50% são investidos, obrigatoriamente, em Noronha com implantação e melhoria da infraestrutura da ilha. Menores de cinco anos não pagam. No entanto, se, por acaso, você sair antes do período programado e já tenha pago, terá direito à restituição da diferença antes de embarcar para o continente. Da mesma forma, se resolver prolongar a visita, o valor referente aos dias a mais será cobrado no dia do embarque. E o pagamento pode ser feito à vista, cheque, cartões de crédito, dólar etc.

O valor da taxa é R$ 51,40 por dia e deve ser pago no aeroporto no momento do desembarque ou pela internet. Existe também uma taxa de preservação que deve ser paga para fazer as trilhas e custa em média R$ 10,00.

Informações
www.ilhadenoronha.com.br