Em uma conversa no final de 2014, um amigo ciclista nos falou que com a bike poderíamos viajar pelo mundo, e o melhor local para conhecer era a cidade meca das bicicletas: Copenhague. Ele já tinha pedalado nessa cidade, e a estória desse pedal constava em uma edição da Revista Bicicleta. Nós ficamos literalmente mudos, pois Copenhague era algo inimaginável, distante além-mar, além das nossas possibilidades, afinal fazia apenas um ano que tínhamos acabado de entrar no mundo do ciclismo. Nossas aventuras se resumiam a circuitos noturnos na cidade de Belém-PA, e a trilhas nos finais de semana, de 20 a 40 km. Mesmo assim, procuramos adquirir a Revista e ler a aventura do nosso amigo.

O tempo passou, e aquela sementinha plantada pelo nosso amigo ficou germinando nas nossas mentes. Evoluímos, ampliamos nossas aventuras, conhecemos outros lugares e, no final de maio/2016, após termos realizado a ousada aventura pelo Caminho de Santiago de Compostela, tomamos uma decisão: vamos percorrer a sensacional cicloviagem entre duas famosas metrópoles europeias amigas da bike: Berlim a Copenhague.

Assim, depois de dois anos de intenso planejamento, preparativos, expectativa e ansiedade, chegou o dia da viagem: 03/05/2018. Mas desembarcamos primeiro em Hamburgo, para conhecer o Fischmarkt e experimentar o famoso sanduíche de arenque no café da manhã; e também para conhecer a Reeperbahn, que é o equivalente hamburguês do bairro da Luz Vermelha de Amsterdã (Holanda). Três dias depois fomos de trem direto para Berlim.

Passamos três dias conhecendo Berlim, pois a cidade é linda e repleta de prédios históricos, museus, castelos, e um povo bastante acolhedor. Pelas suas avenidas circulam inúmeras bikes, existindo ciclovias para todos os lados. Nas principais vias, onde há circulação de ônibus, a circulação de bikes ocorre no meio da pista entre a faixa de ônibus e as faixas de carro. Pedala-se tranquilamente, sem qualquer risco de acidente. A regra é simples: os ciclistas têm preferência. Após, começou a nossa cicloviagem em direção a Copenhague.

1ª etapa

Berlim a Oranienburg – 51km

No dia 11/05 saímos bem cedo do hotel e nos dirigimos para o ponto de início do pedal: o Portão de Brandenburgo. Lá, fizemos as fotos de registro e iniciamos o pedal. O trecho passando pelo Tiergarten até o Palácio Charlottenburg já conhecíamos, a partir daí tudo foi novidade. O tracklog do circuito margeia sempre os rios e canais existentes em Berlim e nas outras cidades. O tempo todo pedalamos em ciclovias/ciclofaixas. Não houve necessidade de disputar o espaço com os veículos automotores, nem tampouco com pedestres. Ao contrário, os carros sempre nos davam preferência quando necessário. O caminho é sinalizado com placas e painéis da cicloviagem, mas o tracklog foi fundamental.

© Sérgio e Marta Bacury

Saímos sem tomar café e no meio da manhã conseguimos comprar algo para comer em um supermercado localizado em Spandau, no entorno de Berlim. Todos os trechos circulados são belíssimos, com predominância da natureza. O que mais nos chamou a atenção foi a existência de inúmeras áreas de conservação ambiental, com estrutura de parques ambientais, abertos para circulação de pessoas e bikes.

Passamos por Hennigsdorf, Birkenwerder, Borgsdorf e, finalmente, às 14h chegamos em Oranienburg. Pedalamos sem pressa, curtindo cada detalhe, cada paisagem do caminho. Nos apaixonamos por tudo que vimos. Nos hospedamos em um hotel com ótimo atendimento e preço razoável.

2ª etapa

Oranienburg a Himmelpfort – 73km

O café da manhã se deu no próprio quarto do hotel, com os mantimentos adquiridos na noite anterior no supermercado. Depois de uns 2 km, ainda em Oranienburg, paramos para ajustar o bagageiro das bikes, quando surgiu um ciclista local, bem idoso, que ofereceu ajuda. Agradecemos, mas quando soube em que direção estávamos indo, disse-nos que a direção estava errada. Na sequência, falou: sigam-me, e nós o seguimos. Alguns quarteirões depois ele parou em frente a uma casa, disse que era a casa dele, e pediu que nós entrássemos. Foi buscar um mapa, depois outro e mais outro, e nos ensinou o caminho. Depois nos desejou boa viagem. Agradecemos e seguimos viagem.

© Sérgio e Marta Bacury

Saímos de Oranienburg, pedalando, como sempre, por ciclovias/ciclofaixas à margem dos lagos da região e por extensas áreas de florestas. Na maioria dos trechos, faixas exclusivas para bikes e com uma fina camada de asfalto. Também, em quase todos os trechos, cruzamos com outros ciclistas, sempre com alforjes e indo de uma cidade para outra, e muitas vezes formando casal, e o que mais nos chamou a atenção foi que em geral aparentavam ser mais idosos.

Passamos por Liebenwalde, Zehdenick (onde paramos para ver a eclusa existente e a movimentação no canal e da ponte elevadiça no centro da cidade), Ziegeleipark Mildenberg (onde até 1991 ainda funcionavam fábricas de tijolos), Burgwall, Zabelsdorf, Wentow, Dannenwalde, Bredereiche e, finalmente, às 15h paramos em Himmelpfort (que os moradores chamam de “caminho para o céu”).

A nossa hospedagem ocorreu em um hostel da rede Bett+Bike, onde também funciona um excelente bistrô. Almoçamos em um restaurante próximo, saboreando uma truta defumada e um filé com molho de ervas. Depois fomos dar um passeio na margem de um dos lagos da cidade, e no retorno paramos para comer a sobremesa: uma torta de queijo e uma torta Apfelstrudel.

3ª etapa

Himmelpfort a Neustrelitz – 53km

Neste dia o café da manhã foi no próprio bistrô do hostel, um verdadeiro banquete preparado com capricho. Saímos de Himmelpfort com temperatura de 21°C. Após 10 km chegamos em Fürstenberg, e na entrada da cidade está o campo de concentração para mulheres Ravensbrück que funcionou na 2° guerra mundial, onde morreu Olga Benário, casada com o comunista Luiz Carlos Prestes. Fizemos um registro fotográfico, elevamos nosso pensamento a Deus, e seguimos viagem. Pedalando novamente à beira dos lagos da região e por áreas florestais, todas com disponibilidade de ciclovias/ciclofaixas exclusivas, passamos por Steinförde, Großmenow, Strasen, Neu Canow, Drosedow e Wesenberg. São cidades muito pequenas, com lindas residências, mas sem estabelecimento para venda de café, sucos, etc. Na verdade, pouco se vê pessoas pelas ruas, geralmente estão no interior de suas residências ou então nos lagos passeando de caiaques e lanchas.

© Sérgio e Marta Bacury

Na sequência, passamos por Groß Quassow, Lindenberg e, finalmente, às 13h chegamos a Neustrelitz, que se encontra localizada próximo ao Müritz-Nationalpark. Como os trechos seguintes, atravessando o parque nacional, constituem-se em etapas muito duras, somente florestas e sem vilarejos, resolvemos enfrentar somente no dia seguinte. Nos hospedamos em um hotel local, em frente à principal praça da cidade.

4ª etapa

Neustrelitz a Waren – 65km

Começamos o dia retornando pelas cidades de Lindenberg e Groß Quassow, e 8 km depois estávamos na rodovia principal em direção ao Müritz-Nationalpark, que é o maior da Alemanha e tem mais de 130 lagos, todos eles rodeados por inúmeros caminhos e trilhas. Possui uma via exclusiva para bikes, e foi justamente por ela que pedalamos hoje. Atravessamos o Parque, contornamos inúmeros lagos, e foi extremamente prazeroso pedalar em extensos bosques, desfrutando a natureza com segurança e cruzando com coelhos, veados e esquilo.

© Sérgio e Marta Bacury

Passamos pelas cidades de Useriner Mühle, Zwenzow, Blankenförde, Babke, Grazin, Dalmsdorf, Kratzeburg, Pieverstorf, Ankershagen (onde paramos no Heinrich-Schliemann Museum para fazer um bonito registro fotográfico do Cavalo de Tróia, que se constitui na verdade em um “escorrega bunda” para as crianças). Algo que também nos chamou a atenção, em uma das cidades, foi a exposição em frente de algumas casas de venda de geleias, sem que ninguém estivesse por perto. Simplesmente você escolhe o que quer e deposita o dinheiro na caixinha ao lado. Simples assim.

Seguindo viagem, passamos pelas cidades de Wendorf, Bocksee, Groß Dratow, Kargow, Federow e, finalmente, às 13h, chegamos a Waren (Müritz), que se encontra localizada à margem do lago Müritz, com inúmeros bares e restaurantes, e a cidade é linda. Nos hospedamos em um hotel próximo à margem do lago. Aproveitamos para procurar uma loja de bike, pois uma das bikes chegou com um raio da roda quebrado. O mecânico consertou o raio e conseguiu também consertar a coroa da bike, que estava com problemas devido ao transporte no avião.

5ª etapa

Waren a Güstrow – 84km

Saímos bem cedo de Waren (Müritz), após tomarmos o café da manhã no próprio apto, com os alimentos que compramos na noite anterior no supermercado. O dia amanheceu com 11°C, mas logo o sol se fez presente, propiciando um clima bastante agradável para pedalar. O pedal ocorreu sobre extensas áreas florestais e passando no entorno de lagos. Enfrentamos algumas pequenas subidas no caminho, mas nada que provocasse desgaste físico, visto que a diferença de altimetria reinante em toda a cicloviagem é pequena, entre 5 a 20 metros.

© Sérgio e Marta Bacury

Passamos pelas vilas/cidades de Eldenholz, Jabel, Loppin, Drewitz, Bornkrug, Linstow e Serrahn (onde um cidadão falou que a lanterna traseira das nossas bikes deveria estar apenas ligada e não ficar piscando, pois na Alemanha isto significa que se estava em situação de emergência). Corrigimos a luz da lanterna das bikes e seguimos viagem, passando por Krakow am See (que fica à beira do imenso lago Krakower See), Groß Bressen, Bellin e, finalmente, chegamos em Güstrow, que está localizada entre os lagos Inselsee e Sumpfsee. Nos hospedamos em hotel da rede Bett+Bike, depois saímos para almoçar e comprar os alimentos para o café de amanhã do sai seguinte.

6ª etapa

Güstrow a Rostock – 56km

Mesmo tendo tomado o café da manhã no próprio apto do hotel, com os alimentos comprados na noite anterior, ainda assim, ao encontrarmos uma espécie de hostel aberto no início do caminho, encostamos e pedimos dois cafés, o que esquentou o corpo. O trecho percorrido ocorreu em áreas de plantações e fazendas, algumas vezes à margem de rodovias, mas sem ocorrência de trânsito intenso. Passamos pelas vilas/cidades de Wolken, Bützow, Passin, Bandow, Schwann, Benitz, Huckstorf, Wahrstorf, Polchow, Niendorf e Groß Stove.

© Sérgio e Marta Bacury

Exatamente às 12h alcançamos as primeiras casas da área de entrada da cidade de Rostock, quando, ao passarmos em frente a uma bonita igreja luterana, o sino badalou, badalou, badalou, badalou sem parar … como se estivesse anunciando a nossa triunfante chegada à última cidade do trecho da Alemanha. Isto nos emocionou muito e o coração transbordou de emoção. Aos nossos olhos, o nosso sonho se realizando. Nesta hora, não tem coração que aguente. É muita emoção. A partir daí, começamos a pedalar sem pressa, entrando calmamente na cidade. Nos hospedamos em um hostel da rede Bett+Bike, e depois do almoço saímos para conhecer a cidade.

Resolvemos ficar mais um dia em Rostock, antes de entrarmos no trecho da Dinamarca, não somente para descansar a musculatura das pernas, mas principalmente para verificar como adquirir as passagens no navio que faz a travessia do mar Báltico e trocar no câmbio os nossos euros em DKK, que é a moeda local e mais aceita.

© Sérgio e Marta Bacury

7ª etapa

Rostock a Nykobing Falster – 40km

Saímos do hostel e pedalamos em direção ao porto de Rostock, onde compramos as nossas passagens no guichê da Scandlines (por causa das bikes) para o navio que faz a travessia do mar Báltico até a cidade de Gedser, ponto inicial da Dinamarca da nossa cicloviagem, e depois fomos à loja de câmbio trocar os nossos Euros por DKK, moeda daquele país. Às 8h40 chegou o navio, saíram os veículos pelo primeiro e segundo andar de acesso, e após começou o embarque. Nós, ciclistas, entramos primeiro, e somente depois os veículos. O andar que entramos e estacionamos as bikes é imenso. Como ninguém pode ficar dentro dos veículos, todos os passageiros sobem para uma área comum, onde os passageiros ficam sentados em confortáveis poltronas e cadeiras, observando a paisagem do mar pelas janelas. Nesse ambiente tem restaurante, lanchonete e lojinhas diversas. A travessia durou cerca de 2 hs e foi muito tranquila.

© Sérgio e Marta Bacury

No desembarque em Gedser, a preferência de saída é também de ciclistas, e após saem os veículos automotores. A segurança dos ciclistas é o que lhes garante a prioridade de acesso. Pedalando por rodovias bem conservadas e com pouco trânsito de veículos, passamos pelas cidades/localidades de Gedesby, Marrrbaek, Vaeggerlose, Hasselo Pantage e, finalmente, Nykobing Falster, onde resolvemos pernoitar. Nesta região tivemos o nosso primeiro contato com um vento muito forte e gelado.

8ª etapa

Nykobing Falster a Stege – 71km

Depois de um lanche rápido no quarto do hotel, iniciamos o pedal. A temperatura estava em 12°C. Seguindo por estradas secundárias, passamos pelas cidades de Idestrup, Uslev e Stubbekobing, onde ocorre a travessia de ferryboat para a Ilha de Mon. Inúmeros ciclistas, na sua maioria idosos, também estavam esperando a chegada do ferryboat. Quando chegou, saíram diversos ciclistas e outras pessoas, e depois começou o nosso embarque. A travessia até à Ilha de Mon durou apenas 10 minutos. Seguimos viagem, passando por Fanefjord, Harbolle, Rytzebaekgaard e, finalmente, Stege, que é a maior cidade da Ilha de Mon.

© Sérgio e Marta Bacury

Nos hospedamos em um hotel da rede Bed+Bike, localizado à margem da ponta de um lago. Cenário e ambiente muito agradável. Saímos para almoçar e conhecer um pouco da cidade. Do outro lado da Ilha de Mon fica o Mons Klint, um parque natural que possui florestas, pastagens, lagoas e morros íngremes, incluindo Aborrebjerg, com 143m de altura, com cenário deslumbrante, de frente para o mar Báltico. O percurso de ida e volta para conhecer esse parque é de 48 km, e está incluído na cicloviagem. Mas, decidimos não percorrer esse trecho.

9ª etapa

Stege a Rodvig – 93km

O dia amanheceu com sol e poucas nuvens. O deslocamento se deu sobre estradas asfaltadas, passando pelas plantações e no entorno do mar. Após a passagem pela ponte, passamos pela cidade de Kalvehave, Viemose, Kindvig, Sandvig, Skibinge, Praestro, Ladeplads, Vemmetofte e, finalmente, chegamos a Rodvig. Nesta cidade tivemos dificuldade para encontrar um local para pernoitar, pois era feriado localmente e o sol brilhando fez com que a população da região ocupasse a rede hoteleira. Tentamos hospedagem em uma cidade próxima, Hojerup, mas nesta cidade todos os hotéis também estavam ocupados. Retornamos para Rodvig, para uma nova tentativa, e encontramos um casal na esquina de uma praça, que depois de escutar e compreender a nossa situação, gentilmente nos ofereceu um lugar para dormir em sua residência, em um vilarejo da cidade de Store Heddinge, distante cerca de 10 km. A recepção na casa do casal foi maravilhosa. Tomamos um café assistindo ao pôr do sol (que se deu às 21h00), conversamos bastante, e depois nos recolhemos para dormir.

© Sérgio e Marta Bacury

10ª etapa

Rodvig a Copenhague – 91km

No último dia da cicloviagem, saímos bem cedo da residência dos nossos anfitriões, depois de um delicioso café da manhã na companhia deles. Entramos na rota em Hojerup, e seguimos por Hoitug, Gjorsle, Magleby e Stroby, Valloby, Koje (de onde já foi possível avistar Copenhague), Hojelse, Lille Skensved, Jersie, Solrod, Karlstrup, Kalrslund, Hundige, Ishoy e, finalmente, Copenhague. Entramos triunfalmente em Copenhague às 15h, nos sentindo vitoriosos e muito felizes, muito embora estivéssemos exaustos. Mesmo assim, antes de procurar hospedagem, fomos fazer o registro do final da nossa cicloviagem, com a clássica foto na frente da estátua da pequena sereia, que é o monumento mais famoso da cidade.

© Sérgio e Marta Beacry

Conseguimos atingir o nosso o objetivo, a nossa meta, concluir enfim o nosso sonho, depois de 2 anos de planejamento. Fizemos toda a Radweg Berlin-Kopenhagen em 10 dias (e 1 dia a mais em Rostock). Pedalamos exatamente 678,3 km. Realizamos um sonho, uma vontade enorme de conhecer de perto como era pedalar em e entre dois países que são considerados mundialmente como amigas das bikes. O que vimos ficará sempre na nossa lembrança, principalmente a ajuda que recebemos ao longo do caminho de alguns anjos que vieram nos apoiar, e agradecemos muito a Deus por ter nos protegidos em todos os momentos.

© Sérgio e Marta Bacury

Passamos oito dias em Copenhague (e fomos conhecer também Malmö, terceira maior cidade da Suécia, localizada no outro extremo do canal de Oresund), conhecendo todos os seus pontos turísticos e a forma de vida da sua população. A cidade é muito bonita, cortada por inúmeros canais completamente urbanizados. Em todas as vias existem ciclofaixas/ciclovias, em perfeita harmonia com os veículos automotores, e sempre com a preferência ao ciclista. Os ciclistas e suas bikes estão a todo momento circulando pela cidade, e vê-se crianças pedalando na companhia dos pais, idosos elegantes em cima de suas bikes, e inúmeros ciclistas se dirigindo para os seus trabalhos. Os estacionamentos para bikes, presentes em todos os lugares, estão completamente lotados. Achar um lugar para estacionar sua bike é uma raridade. Tem estacionamento que uma bike fica embaixo e outra em cima, como se fosse de 2 andares.

© Sérgio e Marta Bacury

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Texto

Sérgio e Marta Bacury