Imagine a cena: É sexta feira. O cliente entra no magazine, está super a fim de pedalar e finalmente experimentar a sensação que os colegas têm mencionado, entre elas a liberdade e o bem estar físico e mental.

Pediu para sair mais cedo do escritório justamente no intuito de concretizar seu novo sonho, afinal, apesar de saber andar de bicicleta, há muito tempo não pedalava. Sua última bicicleta fora ganhada dos pais, mas deixada de lado e doada para alguém desde que mudaram para um apartamento a mais de 20 anos.

Entre dezenas de possibilidades escolheu a bike que mais lhe atraia pelas cores e pelo design. Ela cabia naquele momento em seu bolso. Fechou a compra.

Saiu feliz da vida com sua aquisição na expectativa do tempo estar firme no domingo. O sábado ensolarado anunciava, a previsão do tempo confirmava. Era o dia ideal para estreia de sua magrela e com ela a perspectiva de um hábito de vida mais saudável, um “passa-fora” no sedentarismo.

Mal dormiu na véspera, ansioso acordou bem cedo e olhou pela janela do 5º andar, lá estava o astro rei. Um café da manhã reforçado, roupas leves e água. Tudo perfeito naquela primavera da grande cidade. A nova companheira já se encontrava devidamente acoplada ao transbike no carro, tarefa concluída no sábado com ajuda dos colegas da empresa. Destino? Parque da cidade.

Enfim pedal!

Vai “de boa”!

Estimulava a galera.

Mas o pedal não rendia o esperado. O manuseio do câmbio demonstrava ser um problema a qual nunca fora apresentado. O selim ou banco da bicicleta era extremamente desconfortável e a altura do mesmo parecia incorreta. O quadro e o garfo com “amortecedores” não justificavam suas presenças e o peso total da nova amiga ganhava status de vilão, agora com o referencial das bicicletas dos colegas.

Frustrado e com dores pelo corpo, nosso amigo encostou seu sonho na garagem, voltou a sua vida cotidiana na segunda-feira e amargurado não participou mais de nenhum encontro com os amigos aos domingos.

“O primeiro e grande Equívoco é a compra em magazines e grandes hipermercados”

Uma história triste, mas não rara, principalmente quando é relatada por profissionais do ramo e especialistas no varejo de bicicletas. O que ocorre nestes casos é a desinformação sobre a aquisição de uma bike. São erros clássicos a qual muitas das pessoas não habituadas ao mercado das bicicletas cometem.

O primeiro e grande equívoco é a compra em magazines e hipermercados, estes estabelecimentos por natureza são meros revendedores, não tem expertise para auxiliar o comprador.

Á reboque deste erro vem a falta de qualidade. Justifico: Para o este tipo de revendedor o atrativo é o preço baixo e a qualidade fica á parte deste processo.

Justamente neste ponto nascem as maiores frustrações do “ex-futuro ciclista”, uma compra por impulso, motivada por pesadas campanhas de marketing no ponto de venda e principalmente sem o auxílio mais técnico do vendedor ensejaram negativamente toda expectativa presente na compra.

O cliente passa a acreditar não ser capaz de pedalar com prazer qualquer bicicleta a partir daquela terrível experiência.

Uma loja especializada poderia ter feito a diferença.

Resumindo não há bicicleta certa. Há bicicleta correta para cada biotipo, estilo e para cada função a ser desempenhada pela magrela. Diversão? Transporte? Mobilidade? Esporte? Que esporte?

Também não são meros detalhes a idade, altura do ciclista, comprimento de membros superiores e inferiores e, portanto ajustes da bike ou bike fit para os mais habituados ao pedal não podem ser ignorados.

Grosseiramente comparando, ninguém compra uma Ferrari para trabalhar na fazenda em estradas de terra e tão pouco uma caminhonete utilitária para fazer bonito em encontros de carros esportivos.

Procure uma loja especializada, com vendedores que também pedalam e gostam do que fazem. Fica a dica.

“O cliente passa a acreditar não ser capaz de pedalar com prazer qualquer bicicleta a partir daquela terrível experiência.”

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