Paris está recebendo centenas de quilômetros de ciclovias
A prefeitura de Paris construiu centenas de quilômetros de ciclovias nos últimos anos. Só em 2020, foram 170 quilômetros. O resultado? Em dois anos, um aumento de 62% no número de pessoas que escolheram a bicicleta como forma de deslocamento. E a pandemia só tem acelerado essa revolução. Entre 2018 e 2019, o uso de bicicletas em Paris aumentou 49%. Apesar dos confinamentos da pandemia, entre 2019 e 2020 o uso continuou crescendo mais 13%, segundo a prefeitura.
A equipe da prefeita da capital francesa, Anne Hidalgo, colocou como meta para completar a vélorrution (trocadilho dado pela revista L’Obs) o seguindo: até 2025, criar uma densa rede de ciclovias em Paris, com muitas conexões com a periferia da cidade. O plano é criar uma rede de mais de 600 quilômetros. Até o governo central apoia a transição para duas rodas, tanto em Paris quanto no resto da França. O primeiro-ministro, Jean Castex, prometeu no verão passado um “plano de bicicleta muito ambicioso”. Em janeiro, foram acrescentados mais cem milhões de euros (678 milhões de reais) aos 350 milhões (2,3 bilhões de reais) previstos no plano inicial, apresentado em 2018, e que tem como objetivo fazer com que até 2024 9% dos deslocamentos no país sejam feitos de bicicleta (contra os 3% atuais).
E a pandemia se tornou um aliado dessa mudança. Hábitos e costumes mudaram; a bicicleta ficou em evidência como um transporte mais seguro em tempos de vírus. “A crise foi um acelerador”, reconhece o secretário dos transportes de Paris, David Belliard.
Ainda segundo Belliard, a transformação é irreversível. “Será feito conosco ou sem nós, porque as pessoas querem usar a bicicleta”, afirma. Pedalando há duas décadas, ele diz que “há muitos sinais, como a explosão da venda de bicicletas, que demonstram que algo está acontecendo”.
Ainda na capital francesa, o Vélib, serviço municipal de aluguel de bicicletas urbanas, atingiu em setembro passado o número de 400 mil usuários. Supermercados estão fazendo entregas em domicílio de bicicleta. As oficinas de conserto não estão dando conta do trabalho.
No caso da revolução dos transportes em Paris, são dois momentos fundamentais: a longa greve do transporte público em dezembro de 2019, e o fim do primeiro confinamento, em maio de 2020. Foi quando os parisienses descobriram vias exclusivas temporárias que expandiram muito mais o ciclismo na cidade.
