25 de Julho

Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

Por Gustavo Henrique Thomaz Ramos

Comemorada no dia 25 de julho, a data remonta ao ano de 1992 quando, em Santo Domingo, República Dominicana, realizou-se o 1º encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas. O encontro, além de propor a união entre essas mulheres, também visava denunciar o racismo e machismo enfrentados por mulheres negras, não só nas Américas, mas também ao redor do globo. Essa importante reunião conseguiu que a ONU, ainda em 1992, reconhecesse o dia 25 de julho como Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.

Este ano, completam-se 19 anos do estabelecimento da data, e, infelizmente, racismo e machismo ainda são intrínsecos à realidade brasileira. A representação política feminina negra ainda é muito baixa no país, a diferença salarial entre um homem branco e uma mulher negra, com nível de formação igual, é maior que 100% (dados do Insper, publicados em 2020), e em 2017, 66% dos homicídios femininos foram de mulheres negras. Esses dados não deixam margem a dúvida de que a luta contra o racismo e o machismo é urgente e imperativa. Do contrário, esses antigos preconceitos e violências persistirão, e uma sociedade mais justa e pacífica estará cada vez mais longe de ser atingida, não apenas para as mulheres negras, mas também para os demais grupos sociais. 

Card de divulgação do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Créditos da arte: Letícia Mayumi.

Em nível nacional, pela Lei 12.987/2014, ficou estabelecido, também no dia 25 de julho, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, que além de compartilhar dos princípios do Dia Internacional estabelecido em 1992, também tem o propósito de dar visibilidade para o papel da mulher negra na história brasileira, através da figura de Tereza de Benguela. Tereza foi a líder do Quilombo Quariterê, localizado na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia, e, por 20 anos, liderou a resistência contra o governo escravista e coordenou as atividades econômicas e políticas do Quilombo. Tereza era de tal importância e magnitude que todos a tinham por “Rainha Tereza”.  

A líder quilombola é um exemplo da importância da mulher negra em nossa história, que muitas vezes é negada ou ignorada pela historiografia tradicional. Nesse sentido, o estabelecimento do dia 25 de julho como Dia de Tereza Benguela, configura um esforço para reconhecer o papel da mulher negra na história do país e na atualidade social. Certamente esse esforço não se encerra em si mesmo. Do contrário, ele instiga mais reflexão e mais ação para que a luta contra o racismo e o machismo continue e se fortaleça cada vez mais. Apenas desse modo, os dados que refletem o preconceito e a violência contra mulheres negras, alguns deles referidos acima, poderão ser revertidos.  

Continuemos lutando por uma sociedade mais justa e democrática para todos! 

*Gustavo Henrique Thomaz Ramos é bolsista do Núcleo de Comunicação da SIPAD e estudante de Letras Português/Inglês na UFPR.