Uma Superliga

O dono na Visma-Lease a Bike, Richard Plugge, quer revolucionar o ciclismo profissional. Ele é o arquiteto do projeto “One Cycling”, que já é chamado de Superliga do Ciclismo.

“O objetivo do One Cycling é olhar para onde queremos estar daqui a dez anos”, disse Plugge em entrevista ao jornal belga De Tijd. “Não percebemos suficientemente que nossos adversários não são as outras equipes ou organizadores, mas todas as outras formas de entretenimento.”

“Nossos verdadeiros concorrentes são a Liga dos Campeões, o golfe, o futebol americano, o basquete nos EUA, a Fórmula 1 e os esportes de combate. Temos neste último, claramente um fenômeno como Jake Paul (influenciador que se tornou boxeador).  Jovens fãs gritam ao se aproximar dele. Não vemos isso com Jonas Vingegaard ou outros ciclistas de topo. Eu quero mudar isso.”

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“O negócio do ciclismo ronda os 500 milhões, enquanto o das bicicletas em geral ronda os 55 bilhões”, segundo declarou o dirigente nos meios de comunicação belgas.

Richard Plugge é claro sobre onde o ciclismo deve ir: “Queremos fazer do ciclismo uma Fórmula 1”, afirmou enfaticamente. Embora não tenha sido revelado qual seria o formato e calendário desta nova Superliga, Plugge apontou: “Precisamos ter um calendário, com um número limitado de corridas com os melhores corredores”. De qualquer forma, o projeto One Cycling teria um formato de liga que buscaria atrair novos patrocinadores, bem como controlar os direitos como ocorre em competições como a já citada Fórmula 1, NBA, UFC etc.

Por enquanto, a temporada de 2024 começa normalmente, com as corridas australianas. Teremos de estar atentos à evolução desta aposta e, claro, à resposta dos organizadores, especialmente da ASO, que certamente não estarão dispostos a abrir mão dos privilégios de que têm desfrutado desde que chegaram.

Sem ir mais longe, temos o precedente da chegada do World Tour, que inicialmente partiu de uma ideia semelhante à agora proposta para a Superliga, promovida na sua época pelo ex-diretor da ONCE, Manolo Sainz. 

A criação do World Tour foi a gota d’água para muitas competições que foram organizadas de forma totalmente artesanal, por vezes por impulso de uma única pessoa, face ao paradigma de profissionalização total que foi implementado. Significou também o desaparecimento de um grande número de equipes, incapazes de satisfazer as exigências econômicas das categorias superiores e que foram praticamente expulsas dos holofotes da competição.

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