© Emerson Miranda

Trabalhar com bicicleta sempre foi muito prazeroso para mim. Hoje, como parte da equipe de treinamentos de vendas da Shimano, estou conhecendo lugares e pessoas incríveis, que só a bicicleta mesmo poderia proporcionar. Divido aqui uma dessas aventuras.

Em minha recente viagem a trabalho a Manaus, no Amazonas, tive a oportunidade de conhecer a maior floresta do mundo da melhor maneira que uma pessoa apaixonada por bikes pode querer: pedalando. Pois é, foi assim. Uma trilha incrível, irada, sensacional.

Emerson Miranda, ex–capitão do Exército com treinamento em ambiente de selva, convidou-me para pedalar em uma trilha recentemente descoberta por ele e seu grupo de pedal Junglebike. Saímos do hotel às 05 h 30 min para um café regional que seria o ponto de encontro para o pedal. Lá experimentei a famosa e tradicional tapioca de queijo coalho com tucumã, uma espécie de fruta que faz uma combinação perfeita com queijo. Depois, chegamos às margens do rio Tarumã Açu, pegamos nossas magrelas e seguimos a bordo de pequenos barcos movidos a motor de popa conhecidos naquela região como voadeiras.

Ao desembarcar na outra margem, já iniciamos a trilha em um singletrack que dá acesso a diversas palafitas, casas construídas sobre estacas de madeira, da comunidade existente ali. Em seguida pedalamos em uma estrada vicinal ampla e, como ainda era cedo, foi um pedal bem agradável de fazer. Depois pegamos uma estrada estreita coberta pela copa das árvores, seguida por um singletrack que dá acesso à primeira cachoeira onde paramos para nos refrescar e curtir um pouco o peso da água fazendo massagem em nossas costas. De lá encaramos uma subida no meio da floresta e mais uma vez passamos por um igarapé de água fresca e cristalina. Subidas impossíveis de pedalar são vencidas com a certeza de que o outro lado nos reserva singletracks que serão feitos em alta velocidade.

Tive a oportunidade de conhecer a maior floresta do mundo da melhor maneira que uma pessoa apaixonada por bikes pode querer: pedalando.

© Emerson Miranda

Visitamos também outra cachoeira em um local de preservação do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Ao nos aproximarmos da cachoeira, os singletracks foram ficando mais técnicos, com muitas raízes aflorando do solo. Passamos por árvores frondosas, aliás, outro obstáculo muito comum são árvores caídas devido ao processo de renovação da mata. Quando apenas um tronco impede a passagem, basta levantar a bike e passar por cima, mas quando a copa da árvore impede o caminho, aí é mais difícil e complicado seguir em frente.

© Emerson Miranda

Depois de cerca de três horas de pedal, hora da pausa para um lanche reforçado. No menu, o restante de uma tapioca pedida no café da manhã regional que antecede qualquer trilha. A região possui águas cristalinas nos igarapés, o que é incomum. Geralmente a coloração destas águas lembra um chá. Na verdade um verda- » deiro  chá de folhas secas do chão da floresta. A segunda cachoeira garantiu um banho relaxante e refrescante diante do calor amazônico intenso. A volta foi feita por uma pequena estrada vicinal, coberta pela copa das árvores e com o piso totalmente coberto de folhas, que compõem um visual fantástico. Trecho realmente muito bonito e agradável de se pedalar. Para fluir melhor pegamos um estradão de terra batida (conhecida pelos moradores como Ramal). Foi a parte mais dura, pois todo o percurso é castigado pelo sol.

© Emerson Miranda

Quase ao final do trecho fizemos uma parada para esperar um colega que quebrou a corrente. Vale ressaltar que todos do grupo Junglebike são muito receptivos e solícitos. Aguardamos na sombra de um belo jambeiro carregado. Nada melhor que relembrar os tempos de criança e saborear uma fruta fresquinha colhida diretamente do pé.

© Emerson Miranda

Na sequência final do trajeto, chegamos a outro trecho cujo percurso é um típico exemplo de ‘estrada abandonada’, onde encontramos até um automóvel, uma Rural deixada por lá. Depois de 45 km retornamos à mesma comunidade de onde tínhamos saído. Chegando lá, bastou ligar para os homens das voadeiras virem nos buscar. Cansados e com fome, nada melhor para finalizar a trilha do que saborear o tradicional peixe tambaqui assado na brasa.