” Israel Coifman viajou por cerca de 30 países e, atualmente, percorre uma das estradas mais desafiadoras do mundo.”

Em uma estrada com dias de quase 40 graus e noites com nevascas nas montanhas, ele pedala entre oito e 10 horas diariamente com sua bike. A redação e as notícias já ficaram para trás e, agora, o jornalista esportivo Israel Coifman, de 36 anos, conhece o mundo com a sua bicicleta.

Natural de Santos, no litoral de São Paulo, ele começou a se aventurar em 2016 e já conheceu cerca de 30 países. Atualmente, ele realiza o que define como uma das suas experiências mais desafiadoras.

‘Pamir Highway’ é o nome da estrada que ele percorre. A via atravessa as montanhas Pamir entre o Tajiquistão e o Quirguistão. A região faz fronteira com Afeganistão, China, Uzbequistão e Casaquistão, na Ásia Central. De acordo com ele, há trechos difíceis de pedalar, devido a quantidade de areia e de grandes pedras.

Coifman está percorrendo a ‘Pamir Highway’, o que considera uma das experiências mais desafiadoras que já teve © Arquivo pessoal/Israel Coifman

“A altitude é algo que afeta já que há passos de montanha com mais de 4.600 metros acima do nível do mar. É uma estrada que permeia uma região cheia de conflitos. Por muitos quilômetros é possível ver o que acontece do outro lado da fronteira, no Afeganistão. Mas não há clima de insegurança, pelo contrário”, conta.

Segundo relata, a viagem de bicicleta permite conhecer e observar melhor as pessoas. “Respeitando as diferenças culturais e históricas, os povos e nações são muito parecidos, com problemas, necessidades e desejos semelhantes, seja no ocidente ou no oriente”, acrescenta.

Para o jornalista, mesmo com as dificuldades físicas durante seu atual desafio, o estado mental é sempre mais importante. “A cabeça nos leva além de onde o corpo diz que não podemos chegar”, diz.

Na hora de dormir, muitas vezes, Coifman utiliza a sua barraca durante a trajetória © Arquivo pessoal/Israel Coifman

Trajetória

De acordo com o jornalista, a paixão pelo esporte o fez escolher a profissão e, foi através do trabalho, que teve a oportunidade de conhecer diferentes lugares do mundo. “Como jornalista foram mais de 20 países visitados, mas era como receber doses homeopáticas do que há lá fora e eu queria ir mais além”, afirma.

A bicicleta se tornou parte da rotina dele. Quando perdeu a carta de motorista e optou pelo meio de transporte para se locomover até o serviço. Foi aí que conta ter percebido que o veículo lhe permitia ver o mundo além dos vidros do carro. Em 2016, percebeu que queria deixar a profissão e começar uma viagem de bike por diferentes continentes.

Coifman já conheceu cerca de 30 países viajando de bicileta © Arquivo pessoal/Israel Coifman

No primeiro ano de estrada, ele conheceu Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia. Foram 10 mil quilômetros pedalados em 365 dias. Todos compartilhados em detalhes por meio de suas redes sociais.

“Já pelos primeiros países que pedalei, percebi que a vida é tão simples como andar de bicicleta. Se tiro o foco da estrada e me preocupo muito com o amanhã, perco a criança acenando, a senhora querendo dar uma fruta recém-colhida, os sorrisos cruzados, os aromas e sabores. A graça da vida está no aqui e agora”, destaca.

Com a bicicleta ele vem percorrendo entre oito e 17 horas por dia © Arquivo pessoal/Israel Coifman

Em 2018, ele conta que pedalou por 16 países. Durante o ano, chegou a atravessar o deserto do mar morto no Oriente Médio no verão. Durante o inverno, percorreu pelo norte e sul da Europa. Atualmente, ele pedala em uma das suas maiores aventuras.

Para o jornalista, viajar de bicicleta não é fazer turismo e está muito além de ser apenas uma aventura ou esporte. “É compreender a vida através dos sentidos. Viajar de bicicleta é uma experiência meditativa que nos conecta com nossa essência e nos aproxima do outro por conta da simplicidade”, afirma.

Família

Coifman conta que a mãe sente muita saudade dele. Mas, sempre o acompanha através de um aplicativo rastreador que usa. “Todo dia ela abre o mapa e vê onde estou, e às vezes até puxa minha orelha quando estou acampando em lugares muito desertos”, brinca.

Coifman já pedalou sob neve, frio e calor intenso © Arquivo pessoal/Israel Coifman

De acordo com ele, a cada cinco minutos o rastreador emite um sinal com as coordenadas, assim a família pode ver quando ele está pedalando e onde termina o dia. E, sempre que consegue conexão, faz vídeo chamadas e envia fotos aos familiares.

“Não vou abandonar essa jornada. É o que faz sentido para mim e o que pretendo seguir fazendo com meu tempo livre. Devo fazer pausas, me dedicar a projetos ligados ao tema e planejar novas viagens, repetindo esse ciclo assim como é o girar dos pedais”, finaliza.

Jornalista pretende continuar viajando pelo mundo com sua bicicleta © Arquivo pessoal/Israel Coifman.

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