Ciclistas de São Carlos (SP) se uniram para realizar o sonho de um rapaz de 31 anos portador da síndrome de Machado-Joseph, doença rara e degenerativa que causa a perda de movimentos.
O grupo fez uma rifa e comprou uma bicicleta adaptada para doar a Lucas Daniel da Rocha que, após anos, voltará a se locomover com mais facilidade pela cidade. “Agora vou poder pedalar de novo, eu amo bike”, disse Rocha ao G1.
Ciclistas de São Carlo se unem em rifa para doar bicicleta a rapaz com doença degenerativaJornal da EPTV 1ª Edição – São Carlos/Araraquara03:08/05:06
Ciclistas de São Carlo se unem em rifa para doar bicicleta a rapaz com doença degenerativa
Emocionado, ele recebeu o presente na tarde de domingo (9) quando foi surpreendido com a presença de mais de 40 ciclistas em frente a casa dele no Jardim Beatriz.
“Sinceramente me segurei para não chorar, mas de alegria e felicidade. Estava tremendo, fiquei muito emocionado”, contou.
Mobilidade reduzida
Rocha foi diagnosticado ainda criança com a síndrome de Machado-Joseph, também conhecida como ataxia espinocerebelar. A doença genética tirou a vida da mãe 15 anos atrás, quando ela tinha 38. No ano passado, a irmã de 36 também não resistiu.
O rapaz contou que sempre se adaptou à doença, mas quando completou 25 anos o problema se agravou. Desde então faltam forças nas pernas e equilíbrio para manter-se em pé. “O pouco que consigo andar é segurando em alguém ou então com a cadeira de rodas”, contou.
Rocha, que trabalhava até então como atendente de lanchonete, aposentou-se há dois anos por invalidez. A doença também fez a vida sentimental ruir. Segundo ele, a ex-mulher não aguentou o fardo e o casamento de 5 anos acabou.
O pai, que mora com a madrasta na casa ao lado, e a companhia da cadela vira-lata Nina Maria ajudaram a amenizar os dias de solidão. Superada a adversidade, Rocha conheceu uma nova pessoa há um mês e começou a namorar.
Rifa
A história de Rocha chegou aos ciclistas por meio do amigo Felipe Daniel da Silva Paulino, de 24 anos. Foi ele também quem achou na internet a bicicleta adaptada que estava em Bebedouro (SP) e que custava R$ 1,3 mil por ser usada.
Um dos organizadores do grupo Pedala São Carlos propôs fazer uma rifa de R$10 com 100 números. “A procura foi tanta que aumentamos para 200 números”, contou Everson José Padilha, conhecido na cidade como Coxinha.
Outras pessoas ajudaram com a doação de um quilo de alimento não perecível. Assim que a bike foi trazida para São Carlos, uma bicicletaria doou a mão-de-obra para fazer os ajustes necessários, como regulagem de marchas e freios.
No domingo, o grupo de reuniu no Parque do Kartódromo e pedalou cerca de 7 km até a casa de Rocha, que também ganhou acessórios de segurança, como capacete e luvas, camisa e bermuda de ciclista. Equipado, ele até deu uma volta na rua ao lado da casa.
Atividades físicas
O rapaz contou que sempre gostou de pedalar e que anos atrás usava a bike para ir a vários lugares. Correr e nadar também eram atividades prazerosas que deixaram de ser feitas devido às complicações da doença. Ainda assim ele adora atividade física e frequenta a academia diariamente, onde faz musculação.
“No dia que não abre, pratico em casa levantando uns pesinhos. Amo praticar esporte. Sonho em ter meu equilíbrio de volta. Com a perda da minha irmã, passei a ter mais garra, vontade de viver e lutar. A prioridade é a minha família, buscar mais a Deus e fazer o que amo: praticar esporte”.