Pedalar aliviado

Um estudo confirma que ir ao banheiro antes do pedal é mais importante do que pensávamos

Muitos ciclistas têm o hábito de ir ao banheiro antes de enfrentar um dia de pedalada. O motivo costuma ser a agradável sensação de andar de bicicleta com o intestino livre de fezes, um alívio na barriga que para alguns é o primeiro passo para começar a pedalar com o pé direito.

Agora, um estudo revela evidências empíricas dos benefícios cognitivos de ir ao banheiro antes de subir na bike.

A relação intestino-cérebro é amplamente conhecida no meio científico há anos, a tal ponto que esse eixo pode ser fundamental para encontrar novos tratamentos para diversos tipos de doenças. Este estudo vai na mesma linha e revela uma ligação interessante entre o intestino e o desempenho.

A pesquisa foi publicada na revista Sports Medicine and Health Science, e foi realizada por cientistas da Universidade de Taipei, em Taiwan. Os autores explicam que “a constipação está correlacionada com a diminuição da função cognitiva, revelando uma possível conexão reto-cérebro”. A explicação é de grande importância: um cérebro em plenas condições pode ser fundamental na hora de tomar decisões mais precisas e rápidas.

O estudo avaliou o desempenho cognitivo de 13 triatletas de elite em três situações diferentes: sem defecar, após defecar com suplemento de óxido de magnésio, e após defecar sem suplemento, com uma semana de intervalo entre os testes.

Os triatletas tiveram que realizar um Teste Stroop – teste comum em neuropsicologia que consiste, em sua parte mais conhecida, na leitura de uma lista de palavras com nomes de cores escritos em uma cor diferente daquela que representam. É uma ferramenta para avaliar a velocidade de processamento ou atenção, entre outros aspectos.

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Os pesquisadores levantaram a hipótese de que o treinamento de alta intensidade requer um fluxo sanguíneo significativo, algo que a constipação evita.  Um dos autores do estudo, Chia-Hua Kub, explicou à revista Triathlete que “quando você faz exercícios, especialmente exercícios de longa distância, o cérebro envia grandes quantidades de comandos aos músculos, mas conseguir ou não manter a contração muscular não depende realmente de o seu músculo ter extraído a energia, mas sim de o seu cérebro ser capaz de desafiar o seu músculo”.

Os resultados foram claros: quando tomaram óxido de magnésio, 100% melhoraram as suas pontuações; quando realizaram o teste após defecar, mas sem o suplemento, a melhora afetou 69%.

O estudo abre a porta para pesquisas futuras aprofundarem a relação entre o estado retal e o desempenho cognitivo na competição. Caso sejam realizados estudos com mais participantes e os resultados se confirmem, um novo horizonte poderá ser aberto na preparação de atletas.

Então, fazendo um trocadilho com o ditado português: Desenmerda-te!

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