Copa do Mundo de Mountain Bike

É difícil começar um texto sobre a Copa do Mundo de Mountain Bike em Araxá sem usar a palavra festa. Porque foi isso que sentiu quem foi ao evento no Grande Hotel Termas: que estava participando da maior festa do mountain bike que já aconteceu no Brasil.

É claro que a realização de uma etapa da UCI Mountain Bike World Series na cidade mineira contou com centenas de profissionais trabalhando durante meses a fio – sem isso, o evento simplesmente não seria possível. Mas para quem esteve presente, o espetáculo foi grandioso, e é isso o que fica na memória e na história.

E gente foi o que não faltou na Copa do Mundo em Araxá. De acordo com a organização, foram 40 mil presentes entre os dias 18 e 21 de abril. Com cerca de 300 dos melhores atletas do mundo pedalando, não é exagero dizer que a cidade foi a capital do mountain bike mundial durante o período.

© Cesar Delong

Os olhos de todos estavam no circuito totalmente renovado, é claro. Mas cada detalhe valia: o aquecimento do suíço Nino Schurter em cima de um rolo de treinamento, a simpatia e o sorriso da sueca Jenny Rissveds enquanto se preparava para a prova, um aceno das norte-americanas Savilia Blunk e Haley Batten, o olhar atento do francês Victor Koretzky antes de entrar no circuito.

Além dos ícones do Brasil, é claro, que fizeram bonito nas pistas e também fizeram a alegria do público com selfies e autógrafos. Nomes como Raiza Goulão, Ulan Galinski, Karen Olímpio, Gustavo Xavier, Isabela Lacerda, Luiz Henrique Cocuzzi e Alex Malacarne foram muito festejados – com este último conquistando lugar de destaque na competição, mas isso é assunto para daqui a pouco.

“Foi um espetáculo! Tivemos uma dedicação especial para montar uma festa dentro e fora das pistas para ficar na história da cidade e na memória de quem participou direta ou indiretamente dos eventos. É muito gratificante ver o carinho e a amizade com que todos receberam a etapa. É por isso que a cada ano mais e mais pessoas comparecem vindos dos lugares mais distantes do Brasil e de outros países”, disseram Rogério Bernardes e Carla Martins, sócios da Copa Internacional de MTB, organizadora do evento.

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Confirmação de Araxá como sede da Copa do Mundo em 25 e 26

Com atletas de mais de 40 países pedalando pelas icônicas trilhas de Araxá e com a atmosfera extremamente positiva em toda a arena – incluindo circuito, área de exposição com mais de 40 empresas, praça de alimentação e shows – o ambiente estava pronto para os próximos passos.

No domingo, logo após a disputa do Cross Country Olímpico, o governador mineiro Romeu Zema subiu na área do pódio acompanhado de Rogério Bernardes para fazer um anúncio, com a anuência da UCI (União Ciclística Internacional): a de que Araxá será sede de duas rodadas duplas da Copa do Mundo, uma em 2025 e outra em 2026.

Olhando de fora, é claro que a organização exemplar desta etapa da UCI Mountain Bike World Series, aliada ao investimento público e privado em Araxá, foi fundamental para esta decisão. Mas fica a sensação de que a atmosfera única, quase palpável, que vibrava na arena durante os quatro dias de evento, também teve seu papel de protagonismo nesta decisão. 

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Alex Malacarne faz história

As icônicas trilhas de Araxá foram palco de um fato histórico. O paranaense Alex Malacarne conquistou o terceiro lugar na prova de cross country olímpico (XCO) Sub-23 da Copa do Mundo de Mountain Bike – e se tornou o primeiro atleta do país a subir ao pódio em uma etapa brasileira da competição.

Aos 22 anos, Malacarne fez uma corrida bastante sólida e levou ao delírio as cerca de 10 mil pessoas presentes na arena montada no Grande Hotel Araxá.

“Foi como uma vitória este terceiro lugar. Meu primeiro pódio em uma Copa do Mundo, ainda mais no Brasil, foi muito mais especial. Receber todo o calor e a emoção do público, isso não tem preço”, explicou o atleta, logo após cruzar a linha de chegada.

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“Araxá é sempre o maior evento do mountain bike brasileiro. Todos os atletas se preparam para entregar a melhor performance do ano aqui, e esse ano com uma Copa do Mundo tenho certeza de que todo mundo estava no ápice. Conseguir um pódio nessas circunstâncias é ainda mais especial. Quero deixar meu muito obrigado a Araxá. Hoje eu escrevo a minha história junto com Araxá”, completou o brasileiro.

O norte-americano Riley Amos foi o campeão da etapa, com o suíco Finn Treudler na segunda colocação. Além de Malacarne, outros brasileiros tiveram bons desempenhos em Araxá. Eiki Leôncio ficou na 32ª posição, enquanto Cainã de Oliveira garantiu o 37º lugar. Otávio de Souza, Fernando Nunes, Tales Soares, Rafael Assis, José Pereira Santos, Ramon Lopes e Guilherme Zanandrea fecharam a prova nas 42ª, 46ª, 48ª, 53ª, 56ª, 58ª e 59ª colocações, respectivamente.

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Simon Andreassen e Haley Batten vencem o XCO

Nem mesmo o sol forte de Araxá foi suficiente para abater os atletas da Europa e dos Estados Unidos, menos acostumados com este tipo de clima. O sol brilhou com força no último dia de competições na segunda etapa da UCI Mountain Bike World Series 2024 em Araxá-MG – e coroou a norte-americana Haley Batten e o dinamarquês Simon Andreassen.

Na prova feminina, uma abertura caótica fez com que a liderança mudasse de mãos várias vezes. As atletas enfrentaram problemas nas subidas e na duríssima sessão de raízes, com um tráfego intenso nos uphills.

No fim, Batten e a sueca Jenny Rissveds disputaram a ponta – com a norte-americana conseguindo acelerar para poder desfrutar de sua primeira vitória no XCO de nível Elite. Rissveds ficou na segunda colocação, com a norte-americana Savilia Blunk em terceiro. A suíça Alessandra Keller e Anne Terpstra (Ghost Factory Racing), da Holanda, fechando o pódio em quarto e quinto, respectivamente.

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“É uma loucura. Não tenho palavras. Você treina tanto durante todo o inverno, mas para juntar tudo no dia da corrida, quando é tão tático assim, eu simplesmente não tinha ideia do que estava acontecendo. Por isso me parece uma loucura. Muito obrigado à minha equipe, às pessoas que tornam isso possível, porque isso realmente é um esporte coletivo e sou muito grata por isso e por todos que trabalham para que tenhamos sucesso. Então, muito obrigada”, disse Batten, que teve um final de semana perfeito em Araxá, vencendo também o Short Track.

A Elite masculina presenciou uma carnificina total na primeira volta da Copa do Mundo Olímpico de Cross-country (XCO) Elite masculina. Para começar, um dos favoritos, o norte-americano Christopher Blevins, sofreu uma queda logo de cara e acabou caindo para a última posição na corrida.

Mais adiante, o restante lutou com a sessão de subidas e raízes, com alguns pilotos a optarem por correr ou a serem obrigados a descer da bicicleta – foram os especialistas do XCC que usaram esse diferencial para aproveitar o ritmo frenético inicial

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Gaze e o vencedor do XCC, o francês Victor Koretzky, pularam à dianteira depois disso, e a liderança mudou de mãos em mais de uma ocasião, já que o grupo líder cresceu para dez pilotos na volta 6.

Foi aí que Simon Andreassen estabeleceu um ritmo acelerado pela primeira vez e começou a esticar o grupo. Mas não durou muito: Koretzky atacou duas vezes na volta 7 para assumir a liderança.

Na volta final, quando se encaminhava para a vitória, Koretzky teve um problema mecânico e precisou descer da bike e consertar sua corrente.

A disputa acabou ficando para um sprint final emocionante para o público de Araxá, com quatro atletas disputando o lugar mais alto do pódio por centímetro: Andreassen, Koretzky, o suíço Filippo Colombo e o sul-africano Alan Hatherly. Andreassen levou a melhor conquistando o XCO pela primeira vez em uma Copa do Mundo. Koretzky terminou em segundo, Hatherly em terceiro, Colombo em quarto e Sarrou em quinto.

“Foi incrível vencer uma etapa Copa do Mundo. Preciso esperar um momento para absorver melhor, mas estou muito feliz”, comentou o campeão da etapa.

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MAIRIPORÃ RECEBEU PRIMEIRA ETAPA

O Brasil recebeu as duas primeiras etapas da Copa do Mundo de Mountain Bike 2024. A de Araxá foi a segunda, com a cidade paulista de Mairiporã recebendo a edição inaugural, uma semana antes da competição em Minas Gerais.

Com público na casa dos 25 mil durante os 4 dias de evento, Mairiporã viu o norte-americano Christopher Blevins consquistar o título na Elite masculina, enquanto a sueca Jenny Rissveds, campeã olímpica na Rio-16, ficou com o lugar mais alto do pódio na feminina. Na disputa do XCC, o neozelandês Sam Gaze e a britânica Evie Richards ficaram com a primeira colocação.

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