Bicicletas serão os veículos do futuro.

Mas o que isto de fato significa?

A indústria do ciclismo está preparada para um novo mundo de bicicletas conectadas?

Bem, o pessoal da BikeHero garante que, se depender deles, a resposta é sim.

“É urgente que a indústria do ciclismo esteja preparada para atender às exigências de um novo mundo onde todos estamos conectados. Conceitos como Internet das Coisas, Blockchain e API’s deixaram de ser apenas buzzwords e precisam estar na pauta de fabricantes e distribuidoras, se quiserem de fato agarrar as oportunidades que se descortinam, diz Duilly Cicarini, CEO da BikeHero”, diz Duilly Cicarini.

Lançada no final de 2020, a BikeHero, promete combater o que acreditam ser uma das principais deficiências do setor de mobilidade, que é a falta de rastreabilidade de bicicletas. Batizada de tokenização, a empresa desenvolveu uma tecnologia que já está em processo de implantação em um importante fabricante nacional com previsão de lançamento para o início de 2022.

Tecnologia

Segundo Cicarini, o sistema BikeHero utiliza tecnologia blockchain, o tradicional número de série é substituído por um token que traz um DNA próprio a cada bicicleta. Por ser um código inteligente que pode ser lido facilmente por qualquer dispositivo, é possível mapear todo o ciclo de vida da bicicleta, desde a esteira de produção ainda dentro da fábrica, passando pela distribuição, inventário no bikeshop, tempo de venda, revenda, tudo isto conectando definitivamente marca e seus consumidores, bem como sucessivos proprietários da bicicleta até o fim do seu ciclo de vida.

Segundo a empresa, a tokenização ainda contribui em processos de manutenção e garantia e traz luz à solução para graves problemas históricos que interferem em toda a cadeia de valor, desde inventário de bikeshop a soluções para seguradoras e bancos.

Então, isso significa que, indiretamente, bicicletas conectadas contribuem para a redução da violência urbana, já que recuperar uma bicicleta furtada é praticamente impossível, enquanto uma bicicleta com o token precisaria ser descaracterizada, o que significaria a raspagem do chassi, como ocorre em veículos automotores.

© BikeHero

Pra facilitar o entendimento, Cicarini ilustra da seguinte forma: “O que fazemos é conectar bicicletas, literalmente. O conceito de IOT não está restrito a objetos conectados diretamente à internet. Se imaginarmos um sistema solar, pela visão da internet das coisas, teríamos as estrelas, com luz própria (conexão direta à internet) e os planetas que compõem o sistema, que podem ser indiretamente conectados, nestes casos, as bicicletas. Conseguimos rastrear uma bicicleta em processos de produção, manutenção, garantia, eventos dos quais o ciclista participa com a bike, transferência de propriedade, identidade digital, enfim, abre-se um mundo de oportunidades.”

Duilly Cicarini – foto: Fábio Vimas

Desafio

A tecnologia desenvolvida pela startup possui um baixo custo para implantação na linha de montagem e valor, a depender do volume e do nível de integração com os sistemas legados da companhia, podem custar menos de R$ 10,00 por bicicleta conectada.

Apesar de entregar uma tecnologia com baixo custo de implantação e que tende a se tornar cada vez mais acessível, a implantação de uma tecnologia capaz de integrar engenharia de produção e marketing, P&D e logística, requer tempo e investimento. Para isso a aposta da Bikehero está em uma solução totalmente modular, com diferentes níveis de integração, dispostas em fases independentes.

Cicarini descreve o desafio: “O mercado de bicicletas, via de regra, é muito tradicional e tende a ser mais reativa quando a matéria é a implantação de tecnologia em seus processos de produção. No início da nossa operação, ouvíamos perguntas do tipo: A solução é excelente e precisa ser adotada por todos, mas alguém já a está implantando?”

A startup adotou a estratégia, bem-sucedida, de pavimentar um caminho, primeiro provando sua capacidade de entrega e após um ano com operações bem-sucedidas, entende que está preparada para conquistar a confiança dos fabricantes nacionais. Seguindo este entendimento, cada produto lançado pela BikeHero é uma vitrine para mostrar o que quer fazer e o que é capaz de fazer.

Conjuntura

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Muitas vezes uma inovação precisa das condições ideais para se concretizar. Com o recente anúncio da implantação da tecnologia Blockchain para rastreamento de bicicletas em 2022, as condições ideais estavam postas. “Temos uma tecnologia mais barata, mais simples de implantar e universal, por não usarmos a tecnologia RFID, mas QR Dinâmicos, cuja leitura é nativa em praticamente 100% dos smartphones produzidos a partir de 2019. Nós temos experiência em entregar produtos white label e toda a tecnologia está sendo testada na prática com projetos em andamento”.

Desde que iniciou suas operações, enquanto desenvolvia sua tecnologia para conectar bicicletas, a empresa conquistou uma vitrine em tanto, trazendo em seus projetos nomes de peso em diferentes produtos, como Specialized do Brasil, Audax e Semexe.com. “Atuamos hoje em diferentes frentes de negócio e buscamos as principais referências do mercado para validar nossa tecnologia a serviço de dores específicas que tocam diretamente nosso objetivo principal. Tudo está conectado e temos uma estratégia muito clara de onde queremos chegar, mesmo que para atingir este objetivo tenha sido preciso fazer o caminho de trás para frente”, afirmaCicarini.

A primeira solução lançada pela BikeHero, foi produto de uma parceria com ninguém menos do que a Specialized do Brasil, assumindo toda a jornada de contratação de seguros, desde a concepção do produto e taxas de risco, até a interface com o consumidor através de um web app. “Conectamos bikeshops, seguradora, corretora de seguros e ciclista. Nesta frente de negócios atuamos como um agente integrador (traduzindo a sigla, MGA de Managing General Agent), que é muito importante para a inovação no setor de seguros fora do Brasil e que cuja atuação já começa a ser regulada aqui.”

À frente do desafio de atender o ciclista mais exigente, a BikeHero amadureceu sua tecnologia anti-fraude para atacar outra importante dor do mercado de ciclismo e criou o Certificado de Transferência, para documentar transações de compra e venda, funcionando como um cartório digital. “Antecipamos a tecnologia de transferência de propriedade e atualmente emitimos um documento com validade jurídica e já aceito por todas as seguradoras do país.”

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Parceria

Para a validação do Certificado de transferência, a empresa precisava de parceiros da área e com a mesma sinergia. Bateram à porta da Semexe.com, o principal marketplace de bicicletas usadas do país, que logo de cara se entusiasmou com o projeto e a ideia de criar uma experiência digital para seu cliente. “A Semexe tem o mesmo espírito da BikeHero e a conexão com eles sempre foi excepcional, como se fizéssemos parte de um só time. Neste projeto, criamos um produto 100% white label, diretamente conectado à esteira de produção da Semexe. Este trabalho começou muito antes de ser lançado e trouxe muitos novos aprendizados, permitindo moldarmos nosso produto para atender não apenas a demanda do vendedor particular, mas também do bikeshop que utiliza a plataforma, e é um cliente muito mais exigente e que não pode perder tempo com processos lentos e burocráticos”.

Para Gabriel Novaes da Semexe.com, a parceria com a BikeHero permitiu entregar ao cliente uma jornada mais fluida e, muito importante, além da jornada 100% digital, a oportunidade para gerarem um documento de transferência que entregasse ao seu cliente final um documento aceito por todas as seguradoras e com respaldo jurídico para as transações realizadas na plataforma. “Estamos muito preocupados com a experiência do nosso cliente e para nós um ponto importante na escolha pela BikeHero é a velocidade de aprendizado e iteração. Assim como aqui na Semexe, eles entendem que esta capacidade para adaptarem rapidamente a sua interface é vital para o sucesso desta parceria. O que posso dizer é que entendemos que acertamos quando escolhemos a BikeHero como parceiros”, diz Novaes.

“A operação com a Semexe teve início em setembro, apenas para clientes pessoa física e acabamos de virar a chave para atender 100% das transações de bicicletas usadas e, se depender da BikeHero, queremos fazer parte de futuros projetos da Semexe em outros segmentos”, nos conta Duilly Cicarini.

A fabricante brasileira Audax é outra parceira de peso que está sendo lançada simultaneamente à publicação desta matéria com a criação do primeiro seguro de bicicletas acessado a partir da sua tag inteligente, que é aplicada à bicicleta no momento da venda e fornece uma gama de novos serviços para bikeshop e cliente. “A Audax tem sido muito generosa com a BikeHero e tem sido um aliado importante para acolher nossas idéias de futuro”. A Tag BikeHero com a Audax, traz uma inovação que permite a ativação instantânea do seguro e traz o papel do bikeshop para o centro do negócio. É ele que faz a inspeção da bike e por este serviço, recebe instantaneamente, à vista, diretamente em uma conta digital dentro da plataforma BikeHero”, diz Cicarini.

Gbriel Novaes – foto: Itamar Fasanela

Sequência

A BikeHero promete não parar por aqui, e se diz completamente engajada com o projeto, com a segurança da bicicleta e do ciclista. E até onde observamos, o ritmo é acelerado. A empresa também afirma que no roadmap de novos produtos, já está encomendada a automação do processo de garantia para um importante distribuidor nacional, e rapidamente a startup, junta mais uma peça do quebra-cabeças que está sendo montado.

Futuro

Resta saber qual o limite para esta empresa com apenas um ano de vida que parece imparável!

“Além de veículos de mobilidade individual, a startup tem mapeado outros segmentos que também são afetados pela falta de rastreabilidade que acabou criando um novo problema, o nome/marca. “BikeHero é uma marca forte e comunica claramente com o nicho de mobilidade, mas a expansão para atender outros mercados precisará de uma reorientação. Outras propostas de nome estão à mesa e BikeHero pode se tornar uma linha de produtos. Mas, mais importante do que termos um nome bonito, será cumprirmos a missão que fez que deu nome à BikeHero”, concluiDuilly Cicarini.

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