Tour de France 2022 termina com a Jumbo-Visma em alta, com a camisa amarela e a camisa de bolinhas de Vingegaard e a camisa verde de Van Aert.

O Tour de France 2022 terminou no domingo, 24 de julho, com Jasper Philipsen (Alpecin-Deceuninck) vencendo a etapa final ao superar Dylan Groenewegen ( BikeExchange-Jayco) e Alexander Kristoff (Intermarché-Wanty-Gobert) no sprint final na avenida Champs-Élysées.

O 109º Tour de France terminou com grande destaque para a equipe Jumbo-Visma, com a camisa amarela e também a camisa de bolinhas de Jonas Vingegaard e a camisa verde Wout van Aert, que venceu o prêmio de ciclista mais combativo da edição de 2022.

© A.S.O. Pauline Ballet

A última etapa

“É simplesmente incrível, eu ganhei o Tour. Nada mais pode dar errado. Estou aqui com minha filha. É a maior corrida de bicicleta do ano e eu ganhei! Ninguém pode tirar isso de mim. Sempre tive a sensação de que poderia pelo menos lutar pela vitória, mas no final, Hautacam é o lugar onde pensei que venceria, a menos que algo desse errado. Tantos dinamarqueses chegaram aqui para me ver com a camisa amarela. Eles estão torcendo por mim há três semanas. Eu vou para a Holanda com a equipe para comemorar. Mas na quarta-feira estarei em Copenhague, na quinta na cidade onde moro e na sexta estarei no sofá”, disse o campeão.

© A.S.O. Pauline Ballet

De acordo com a tradição, o pelotão andou lentamente pelos primeiros 50 quilômetros, com muitos momentos para fotos e comemoração. A 45 km para o final, Stefan Bissegger (EF Education-EasyPost) e Stan De Wulf (AG2R-Citroën) atacaram. Jan Tratnik (Bahrain Victorious), Mathieu Burgaudeau (TotalEnergies), Dani Martinez (Ineos Grenadier), Matteo Jorgenson (Movistar), Max Schachmann (Bora-Hansgrohe) e Mikkel Honoré (Quick Step) estavam na perseguição.

© A.S.O. Charly Lopez

O próximo grupo líder contou com Schachmann novamente. O alemão foi acompanhado por Jonas Rutsch e Owain Doull (EF Education-EasyPost), Antoine Duchesne e Olivier Le Gac (Groupama-FDJ). O quinteto conseguiu uma vantagem de 25’’ a 25km do final como vantagem máxima. Desceu para 15’’ com 15km restantes. Schachmann e Rutsch foram os últimos a se renderem e estava tudo junto novamente faltando 6,8km.

© A.S.O. Charly Lopez

O titular da camisa branca Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) atacou, mas Filippo Ganna (Ineos Grenadiers) reagiu e o pelotão seguiu junto até os últimos 3 km. Dylan Groenewegen começou o sprint de longe e Jasper Philipsen acelerou pelo lado direito para conquistar sua segunda vitória em etapas do Tour aos 24 anos, dezoito anos depois de Tom Boonen, o último vencedor da camisa verde belga antes de Wout van Aert, ter feito isso nos Champs-Elysées. Vale destacar que ambos nasceram na mesma cidade, Mol, e Philipsen tem sido frequentemente apontado como o próximo Boonen.

© A.S.O. Charly Lopez

O vencedor na Champs-Elysées no ano passado, Wout van Aert, não disputou a chegada e permaneceu na parte de trás do pelotão, junto com o líder Jonas Vingegaard, que levou para casa seu primeiro troféu do Tour de France.

© A.S.O. Charly Lopez

Quem é Jonas Vingegaard

Nascido em 10 de dezembro de 1996 em Hillerslev, uma pequena aldeia de apenas 370 habitantes, inserida numa zona rural de gente humilde e trabalhadora na costa do Mar do Norte, o corredor da Jumbo-Visma experimentou várias modalidades antes de descobrir a bicicleta: handebol, natação, badminton e até futebol, mas a sua estatura diminuta impediu-o de fazer carreira nos gramados.

Fervoroso torcedor do Liverpool, Jonas descobriu a paixão pelo ciclismo aos 10 anos, quando a Volta à Dinamarca passou à sua porta.

© A.S.O. Charly Lopez

Embora tenha se sobressaído imediatamente bem num teste organizado pelo clube local para um grupo de crianças, e semanas depois ter conquistado o primeiro pódio numa corrida, Vingegaard teve dificuldades em firmar-se porque o seu peso (tem 1,75 e 60 kg) era incompatível com as ventosas planícies dinamarquesas.

© A.S.O. Charly Lopez

A ColoQuick CULT, uma equipa continental, reparou no seu potencial e contratou-o como estagiário em 2016, oferecendo-lhe, graças aos seus consistentes resultados, um contrato para a temporada seguinte. Mas a progressão de Vingegaard foi interrompida em maio de 2017, quando partiu o fêmur numa queda grave na Volta aos Fiordes. Sem poder andar de bicicleta, decidiu começar a trabalhar numa fábrica de processamento de peixe de Hanstholm, o porto dinamarquês que espreita o Báltico.

© A.S.O. Pauline Ballet

“Gostava daquele trabalho mesmo tendo de acordar às cinco da manhã. Era relaxante e não tinha de pensar muito. Apenas tinha de anotar as encomendas de linguado e bacalhau, tratar dos recibos e das licitações. Não precisava de trabalho, mas ainda não sabia se iria tornar-me ciclista profissional”, explicou numa entrevista ao jornal Gazzetta dello Sport, admitindo que esse emprego lhe formou o caráter.

© A.S.O. Pauline Ballet

O agora campeão do Tour absorveu dessa experiência e das origens humildes os seus principais traços de personalidade, aos quais se junta uma bondade mais forte do que a ambição – como foi bem evidente quando esperou por Pogacar após o esloveno ter caído.

© A.S.O. Pauline Ballet

Trine Hansen, a namorada que conheceu na ColoQuick CULT (era a responsável pelo marketing), e Frida, a filha de quase dois anos, são “tudo” para o dinamarquês, que foi descoberto pela Jumbo-Visma, depois de vencer o contrarrelógio da Volta à França do Futuro em 2018. “Jonas tem tendência para esconder as emoções, trabalhamos juntos para que ele se abra mais e para que não seja sempre eu a tomar as decisões”, reconheceu a mulher e responsável por administrar a ansiedade do vencedor do Tour.

© A.S.O. Pauline Ballet

Depois de acusar a pressão da exposição mediática na Volta à Polónia em 2019, a Jumbo-Visma trabalhou o psicológico de Vingegaard, deu-lhe tempo para crescer, levando-o à Vuelta 2020 para auxiliar Primoz Roglic. Em 2021 viu a paciência retribuída com uma vitória numa etapa da Volta aos Emirados Árabes Unidos e o segundo lugar no Tour. Praticamente desconhecido no ano passado, o dinamarquês, que é fã de Alberto Contador e dos irmãos Schleck, agora é campeão de um Tour de France.

Hoje, todos sabem quem é o tímido e discreto Vingegaard, o segundo dinamarquês a ganhar o Tour 2022, depois de Bjarne Riis em 1996. 

© A.S.O. Charly Lopez

Top 10 classificação geral final

1 Jonas Vingegaard (Din) Jumbo-Visma 79:33:20
2 Tadej Pogacar (Slo) UAE Team Emirates + 02:43
3 Geraint Thomas (Gbr) Ineos Grenadiers + 07:22
4 David Gaudu (Fra) Groupama-FDJ + 13:39
5 Aleksandr Vlasov (Rus) Bora-Hansgrohe + 15:46
6 Nairo Quintana (Col) Team Arkéa-Samsic + 16:33
7 Romain Bardet (Fra) Team DSM + 18:11
8 Louis Meintjes (RSA) Intermarché-Wanty-Gobert + 18:44
9 Alexey Lutsenko (Caz) Astana Qazaqstan Team + 22:56
10 Adam Yates (Gbr) Ineos Grenadiers + 24:52

© A.S.O. Charly Lopez

Pódio final do Tour 2022

As camisas

Camisa amarela – líder da classificação geral – Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma)
Camisa verde – líder da classificação por pontos – Wout van Aert (Jumbo-Visma)
Camisa de bolinhas – líder da classificação de montanha – Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma)
Camisa branca – líder da classificação de melhor jovem – Tadej Pogacar (UAE Emirates)

Prêmio Super combativo – Wout van Aert (Jumbo-Visma)
Melhor equipe – Ineos Grenadiers

© A.S.O. Aurelien Vialatte