É cada vez mais comum cruzar com pessoas utilizando bicicleta nas rodovias e cidades brasileiras. Muitas, como meio de transporte. Tantas outras, como uma opção de atividade recreativa ou esportiva. Neste universo crescente de novos adeptos da bicicleta, as mulheres têm representado uma fatia cada vez maior. Há boas opções de bicicletas urbanas para aquelas que querem se deslocar ao trabalho, à faculdade ou outros destinos diários. Como opção de atividade recreativa ou esportiva, o mountain biking (praticado com MTB) e o ciclismo de estrada (praticado com bicicleta Speed) são as opções mais requisitadas.

Nesta oportunidade, gostaríamos de evidenciar como o ciclismo de estrada tem conquistado mulheres Brasil afora, pelos mais diversos motivos. Nem todas elas gostam de encarar montanhas e estradas de interior. Algumas têm receio de pedalar em locais mais isolados; outras temem os esforços e os possíveis acidentes ocasionados pelos obstáculos do mountain biking; e há aquelas que não gostam da sujeira, lama e poeira das trilhas. Outra característica que atende ao gosto das mulheres é a estética da Speed. Uma boa bicicleta de estrada é projetada com vistas à performance, quase uma obra de arte. Em carbono ou em aço, elas são elegantes e charmosas.

Com uma bicicleta Speed, o caminho traçado pela ciclista será uma ciclovia, ciclofaixa ou faixa compartilhada em ruas asfaltadas ou calçadas, o que permite desfrutar o passeio desde a saída de casa. Um ambiente urbano ou mais movimentado tem suas vantagens, como a possibilidade de ajuda em caso de algum problema mecânico, por exemplo.

Mas talvez o grande motivo que as levam para as bikes de estrada seja o desejo de superar seus limites e uma busca, mesmo que inconsciente, por quebrar de vez o paradigma de gênero nas competições esportivas e atividades recreativas. Em 2014, por exemplo, o Tour de France abriu espaço para as mulheres em um estágio chamado La Course por Le Tour de France, uma grande conquista feminina em um evento centenariamente masculino! Na história da bicicleta, as primeiras mulheres que se aventuraram a pedalar ouviram insultos e enfrentaram o preconceito social, mas foram imprescindíveis para a mudança do vestuário feminino e para a igualdade entre homens e mulheres.

Reunimos relatos de algumas brasileiras que estão dando continuidade a esta história através da Speed.

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De pai para filha…

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Simone Kettermann
42 anos, de Guararema – SP

“Minha história de amor pela bike na verdade começou antes de eu nascer. Meu pai! Na década de 1960 ele foi um grande atleta da equipe Pirelli representando o Brasil. Dentre tantas conquistas foi atleta do ano em São Paulo, campeão brasileiro e campeão mundial amador. Enquadrei todas as suas principais camisas, inclusive a tão almejada branca de listras coloridas. Infelizmente ele parou quando eu nasci, mas me fez amar o esporte desde pequena.

Minha primeira bicicleta foi a Caloi 10 Jovem que ganhei com oito anos. Hoje ela faz parte da decoração da casa, mandei dar uma geral e virou um quadro na parede. Recentemente meu pai me deu a nota fiscal da compra de 1971, em perfeito estado. Em 2014, resolvi voltar para a Speed e me dedicar aos treinos. Participei de algumas corridas de MTB, fui convidada a fazer parte de uma equipe feminina que está começando a se formar, de Mogi das Cruzes. Ainda não participei de nenhuma corrida com a nova Speed, uma Giant que morro de ciúmes. Embora eu tenha 42 anos, ainda sou novata, mas o que me alegra é ver meu pai que voltou a se entusiasmar com a Speed e começou a dar umas pedaladas de novo. Ele estava meio desanimado por conta de uma cirurgia que fez e acho que parte desta vontade que surgiu nele foi por me ver participando destas pequenas corridas aqui pela região. No fundo, acho que ele sempre quis que um filho fosse ciclista (somos em três). Seguimos outros caminhos… Cheguei um pouco tarde, mas quem decide se é cedo ou tarde?”

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… e de mãe para filha!

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Lilian Ferreira e Laryssa Alciati
Mãe (35 anos) e filha (18 anos), de Itapetininga – SP

“Eu e minha filha temos vivido momentos muito legais no dia a dia e no esporte. Procuramos na maioria do tempo ter uma vida saudável, e a bicicleta contempla essa busca. Pedalando, também estreitamos nossos laços de amizade, parceria e companheirismo. A Laryssa é uma atleta inspiração para mim, com seus 18 anos já é medalhista na modalidade. Ela começou com total apoio da minha parte, pois também curto algumas provas de resistência e hoje sou presidente da associação de ciclismo da minha cidade, além de fundadora da Dedo de Moça Ciclismo, um grupo de pedal de passeios. Ela é atleta da equipe que representa Itapetininga em várias competições, como abertos e regionais”.

Conquistas através da Speed

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Daniele Eckert
32 anos, de Porto Alegre – RS

“A proposta do UAF Audax 200 km de Santa Cruz do Sul era pedalar 200 km com 1.975 metros de elevação, em um pelotão, sem ficar para trás, numa média geral de 22,5 km/h. Poucas pessoas fariam essa prova, em torno de 20, sendo eu a única mulher. Sendo realista, era quase impossível para mim: minha distância máxima era 100 km, com pouca elevação e ainda numa média muito inferior a essa. Alguns dos participantes tinham mais de 50 Audax realizados e a pangaré aqui nenhum. Claramente faltava treinar e melhorar muito o desempenho antes de tentar uma doidera dessas. Mas essa era a minha última chance de participar de uma prova de Audax aqui no Rio Grande do Sul, ao menos por enquanto. E isso estava me “matando”, eu tinha muita vontade de participar e algo lá no fundinho dizia que eu poderia conseguir. Pronto, me inscrevi!! Fui pedalar uma semana antes com o objetivo de fazer 100 km em linha reta a 25 km/h. Não consegui. “Catchabummm”, balde de água fria, de volta à realidade. Mas como eu já estaria em Santa Cruz do Sul nesse final de semana, fui convencida a levar junto a bicicleta (só no caso de…) e jantando com os que fariam a prova ganhei o “empurrão” que precisava: “não é melhor tentar do que ficar o resto da vida com a dúvida de que teria conseguido ou não?”

Então eu fui, sem muita perna, mas com toda a vontade do mundo. Uma vontade elevada a milésima potência. Não foi uma prova nem de perto fácil para mim, era um sobe e desce do caramba (mas os mais experientes me xingavam e diziam que aquilo nem era subida), antes do km 100 eu já sentia muita dor na panturrilha e nem tenho como descrever o que vivi naquelas horas, as dores físicas (panturrilha, traseiro, ponta dos pés, mãos, lombar), dormências, cansaço, calor, vento, medo, mas também a alegria de cumprir as etapas em que eu dividi a prova, o incentivo (e as chicotadas) dos outros “audaciosos”, as brincadeiras e risadas, o companheirismo, a beleza dos lugares que passamos e o prazer de pedalar. O incentivo dos colegas de prova foi fundamental (as chicotadas mais ainda), com eles aprendi o que é o verdadeiro espírito do Audax: companheirismo. No PC03 – KM 140 (almoço) eu estava um trapo humano, mas se havia conseguido chegar até ali eu não desistiria. E não desisti! Cheguei com o pelotão em Santa Cruz do Sul, no tempo programado. Um trapinho de cansada, mas feliz, realizada! Na hora não chorei, mas agora meus olhos enchem de lágrimas, pois eu posso dizer com muito orgulho que agora eu também sou uma audaciosa, ou melhor, audaxiosa!”

Um conforto em momentos difíceis

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Fernanda Ruy
43 anos, São Caetano do Sul – SP

“Fiquei casada 22 anos. Em 2012, durante a separação, comecei a andar com uma bike emprestada, com cestinha e tudo. Um dia fui para a academia de bicicleta e um senhor chamado Cláudio perguntou se eu não queria ir até a Paulista de bicicleta. Topei, mas quase morri (risos). Aos domingos, fazíamos isso. Meu contato com a bicicleta Speed foi através de uma ex-cliente. Ela estava com uma dessas bikes, contei minha situação e nos aproximamos. Ela fazia viagens de Speed com um grupo, os Naftas, e eu fui. Na primeira vez, com uma MTB, mas todos estavam de Speed e eu me interessei por este tipo de bike. Então, comprei minha primeira Speed, uma Vicini linda que chamei de Darem, foi amor à primeira vista. A Darem foi minha salvação, através dela suportei tudo o que me aconteceu com um divórcio difícil. Comecei a fazer viagens e nunca mais larguei. Reergui-me, montei meu próprio negócio, tudo através da bicicleta, que me deu condições emocionais para continuar. A bike é meu motorzinho, ela que me faz levantar e lutar todos os dias, porque sei que à noite e aos domingos de manhã vamos estar sempre juntas”.

Os vários papéis da mulher

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Viviane da Silva Barbosa Cesário
25 anos, Rio Brilhante – MS

“Filha de proprietário de uma bicicletaria e ciclista, tenho 25 anos, sou casada e tenho duas filhas, Vitória, de cinco anos, e Júlia, de 10 meses. Sou auxiliar de desenvolvimento infantil em um Centro de Educação Infantil, curso Pedagogia, e em março de 2014 experimentei correr uma prova de meio fundo realizada pela Federação Matogrossense de Ciclismo, na qual alcancei a quinta colocação. Desde então não parei mais e hoje sou vice-campeã de contrarrelógio na categoria open feminino. Meu pai Ilson Barbosa da Silva compete há mais tempo e vem alcançando ótimos resultados na categoria Master C, minha irmã Liliane da Silva Barboza compete conosco também e é campeã de contrarrelógio, ela vem liderando boa parte das competições do nosso estado. Sempre estamos viajando em família para diversos locais de provas, meu esposo Gerson Cesário da Silva é o presidente do nosso clube. É difícil conciliar trabalho, faculdade, casa, filhos, marido, mas sempre me dedico firme nos treinos e participando de provas”.

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L’Etape de Tour de France 2015

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Anelise Assumpção
25 anos, Rio de Janeiro – RJ

“Comprei minha primeira Speed em outubro de 2013. No início achei que não fosse me acostumar com a nova postura na bike, com a dificuldade de pedalar. Esse pensamento não durou nem um mês. Em dezembro de 2013 já conseguia pedalar mais de 100 km na estrada. Em abril de 2014 resolvi participar da minha primeira competição: Copa Rio de Janeiro de Ciclismo – 2ª Etapa, no Parque de Madureira – RJ. Venci escapada com mais de três minutos de diferença para a segunda colocada. Esse resultado me animou muito. Fiquei mais disposta a treinar sério, mas como sou geógrafa, o meu trabalho implica em algumas viagens, às vezes internacionais. Em maio de 2014 tive que viajar para a Argentina a trabalho e não conseguia imaginar a possibilidade de ficar 10 dias sem pedalar. Foi aí que através de uma rede social conheci ciclistas de Buenos Aires e finalmente consegui alugar uma bike por lá. Infelizmente, dias depois dessa viagem eu sofri um acidente após o treino na Barra da Tijuca. Uma pedestre atravessou sem olhar na minha frente, o que causou uma queda. Com isto rompi todos os ligamentos do ombro direito. Tive que ser submetida a uma cirurgia, a qual foi um sucesso. Onze dias após a cirurgia (12 de junho de 2014) eu já estava pedalando no rolo com a tipoia. E foi assim pelos quatro meses seguintes. No dia 11 de outubro de 2014 eu voltei. Estava ansiosa para conhecer uma estrada recém-inaugurada no Rio de Janeiro: o Arco Metropolitano.

Na semana seguinte participei do Campeonato Estadual de Estrada. Isso mesmo!!! Uma semana após voltar a pedalar nas estradas… E para fechar o calendário anual de provas, resolvi participar da Copa Light de Ciclismo 2014. Mesmo tendo obtido um bom resultado em Macaé, fui sem pretensões, afinal, a Copa Light é uma prova muito grande, realizada no Aterro do Flamengo, com um número muito grande de atletas amadores e profissionais… E olha o que aconteceu: venci. Acredito que realizei um esforço para cumprir uma tarefa e atingir o seu êxito no final. Muita vontade de superação a cada desafio. Muita dedicação. E a minha história no ciclismo está só começando… Em 2015 o desafio foi ainda maior. Realizei o L’Etape de Tour de France 2015, uma prova que permite a nós encarar os mesmos desafios que os ciclistas profissionais do Tour de France”.

Feitos precoces

© Andre Mourao/AGIF/COB

Fernanda Scatola
19 anos, Encantado – RS

“Tenho 19 anos e minha história no ciclismo começou em 2007, quando ganhei uma Speed de meus pais, ambos ciclistas. Iniciei meus treinos naquela época, com 11 anos de idade, sempre na companhia de meu pai e minha mãe. No ano seguinte, completei meu primeiro Audax de 200 km, sendo a mais jovem da América Latina a terminar, com 12 anos, feito que repeti com 13 e 14 anos. Em 2009, conheci o ciclismo competitivo, participando pela primeira vez de uma etapa do Campeonato Gaúcho de Ciclismo. No ano de 2010, consagrei-me vice-campeã da categoria Elite Feminina, com 15 anos. E, em 2011, conquistei o título de campeã gaúcha de ciclismo, com 16 anos. Em 2011, ainda, conheci o ciclismo de velocidade que a partir de então tornou-se minha verdadeira paixão. No mesmo ano, iniciei planilhas de treinos específicos para potência, 500 metros com largada estática e em 2012, com 17 anos, fui campeã olímpica brasileira nesta prova. Ainda em 2012 prestei vestibular para Medicina e fui aprovada. Também havia sido convidada a integrar um projeto do governo em preparação às Olimpíadas de 2016.

Como eu tinha outras prioridades em vista, optei por cursar a faculdade. Continuei treinando sério desde então, mantendo-me em nível competitivo para que em um futuro próximo eu possa voltar à Elite Feminina com plena satisfação. Assistirei às Olimpíadas do Rio na arquibancada, na certeza de que teremos atletas muito bem preparadas para representar nosso país. Ademais, o ciclismo continua sendo uma de minhas paixões, agora aliado à Medicina. E, como mensagem a todas as mulheres do Brasil, pedalem, porque ciclismo é vida!”

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Apoio imprescindível e várias Speeds como xodós!

© ARQUIVO PESSOAL

Gisella de Mello
41 anos, Florianópolis – SC

“Sou ciclista recreacional desde 1993 e minha história vai do amor pelo namorado à paixão pelas minhas bikes Speed. Tudo começou assim: Em 1992 conheci meu namorado na faculdade de Educação Física. Ele, ciclista recreacional, participante de provas amadoras de Mountain Bike, eu, 18 anos com sobrepeso. Logo ganhei uma Mountain Bike e, com todo o apoio e incentivo dele (sem a paciência dele não teria conseguido!), comecei pedalando devagarzinho pela ciclovia e, em pouco tempo, já começava a conquistar as distâncias mais longínquas e os pontos mais altos da nossa cidade. Em 2002 realizamos nossa primeira aventura de bicicleta: foram três meses pedalando pela Europa: só nós dois, as bikes e uma barraca. Vou confessar que passei por algumas situações embaraçosas e outras estressantes, mas subir na bike e pedalar pelos vários cartões postais que a viagem proporcionou, fez tudo valer a pena. Um ano depois, de presente de aniversário, ganhei minha primeira Speed… Dizia que queria uma bike de pneu fininho. Naquela época ia de casa ao trabalho de Mountain Bike e o trajeto demorava 45 minutos! Quando finalmente convenci o marido de que este seria o melhor presente da minha vida, o mundo mudou para melhor! As cores ficaram mais coloridas, as flores mais cheirosas e as distâncias incrivelmente mais curtas! Meu trajeto ao trabalho passou para 20 minutos. A paixão pela Speed foi tanta que convenci meu esposo a adquirir uma também.

Desde então, foram mais duas viagens de bicicleta, centenas de quilômetros pedalados em trilhas e estradas, e muitas, mas muitas montanhas conquistadas com minhas bikes. Tenho orgulho em dizer que já tive cinco Speeds, mas agora tenho apenas duas. Cada uma teve um nome e um lugar especial em meu coração. A primeira foi a Trekzinha, uma geometria clássica, vermelha e cinza, que me introduziu ao maravilhoso mundo da Speed. Logo em seguida veio a Pink Panther, uma Trek 5200 WSD cor de rosa, de fibra de carbono. Quando pedalamos juntas, ela faz parte do meu corpo! Esta bike eu não dou, vendo ou troco! E gostaria de tê-la enterrada comigo, caso haja vida após a morte! Depois, a Zica Acadêmica, uma Lemond, me acompanhou em meu trajeto diário de 30 km, ida e volta, à Universidade, durante dois anos e meio. Após esta, a Contessa (uma Scott) foi minha companheira de passeios e deslocamento durante três anos, época que ficamos sem carro! Mais recentemente veio a Feltizinha, uma obra de arte branca de fibra de carbono, crankset compacto, que me ensinou a ser uma ciclista de verdade. Durante estes 10 anos de experiência com bicicletas de estrada, a Speed foi minha atividade física, minha terapia, minha sensação de finalmente ter conseguido conquistar um lugar ao mundo! Vale dizer que meu barato é escalar: quando eu chego ao topo de uma montanha pedalando, acredito que não há nada que eu não possa fazer. Sinto-me verdadeiramente poderosa e em controle da minha vida! Cada RPM funciona como um mantra dizendo que eu posso, que meu corpo pode, que meu coração não vai parar de tão acelerado, desde que eu continue pedalando. A subida me ensina que sem persistência nada se conquista, portanto continuo pedalando; a ter paciência, pois uma hora a subida termina, desde que eu continue pedalando; a reduzir a ansiedade, pois se eu aumentar meu ritmo, há a possibilidade de eu não conseguir chegar, e pedalando eu chego ao topo! Com isso, a bicicleta me proporciona a possibilidade de viver a vida de uma maneia mais serena, mais calma e controlada, desde que eu continue seguindo em frente, desde que eu continue pedalando em meu próprio ritmo. Uma vez que a Speed demanda mais de meu corpo, necessariamente estas subidas tem que ser de Speed! De Mountain Bike não teriam graça! Gostaria de salientar que não sou uma pessoa competitiva. Na vida, não preciso ser melhor do que ninguém e meu maior rival sou eu mesma. Até tentei participar de uma prova de ciclismo feminino mas, após chegar 10 minutos na frente da segunda colocada e perceber que houve uma cobertura na mídia de todas as categorias menos na que eu fora campeã, percebi que o melhor é competir somente comigo mesma e esperar que eu sempre vença! Minhas Speeds são meus xodós.

Moram dentro do apartamento em quarto próprio, são revisadas periodicamente e utilizadas praticamente todos os dias. Elas me dão a confiança de que preciso para ser mulher em uma sociedade tradicionalmente machista. Neste momento, minha história termina assim: aquele namorado que conheci em 1992 e que me incentivou tanto a pedalar tornou-se meu esposo e a namorada com sobrepeso hoje é uma quarentona em plena forma física!”

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Um a um, estes depoimentos nos fazem crer que, mais do que um esporte, o ciclismo é um sentido. Fechamos os olhos por um momento para, facilmente, imaginar a relação tão profunda e perfeita entre as mulheres e a bicicleta. Elas foram feitas para o vento, para as curvas, para as vitórias e sorrisos, para a superação. Foram feitas para a velocidade, dando graça à força, ao retirar do corpo esguio uma potência mágica, que torna possível qualquer equilíbrio e fixar novos limites. Seja nas estradas ou nos velódromos, nas trilhas de terra, nas rampas de salto ou ainda pelas ruas, elas e elas estão aí. Nosso carinho especial, nesta edição, às ciclistas que enviaram seus depoimentos de cima de suas magrelas mais magrelas.

© Marcel Pabst / THULE DIVULGAÇÃO