Desde 1998 a bicicleta foi considerada veículo e incluída como tal no Código de Trânsito Brasileiro. A bicicleta, um veículo movido à propulsão humana, passou a ter direito de trafegar pelas ruas e estradas das cidades e do país.

Governos de muitas cidades e estados brasileiros têm realizado importantes investimentos na melhoria da mobilidade dos grandes centros, incentivando a integração entre os diversos modais: ônibus, trens, metrôs, carros e bicicletas.

Em uma cidade como São Paulo, cujo crescimento se deu de forma desorganizada, implacavelmente a implantação de um novo sistema de locomoção vai gerar estresse e desconforto aos cidadãos durante um período, até que se estabeleça uma nova ordem. Com a implantação do sistema cicloviário da cidade não tem sido diferente, o desconforto e polêmica estão presentes. Mas certamente daqui para frente a população sentirá os benefícios desta importante iniciativa.

Toda inovação gera resistência, porém, a médio e longo prazo os benefícios superarão os desconfortos do momento inicial. A implantação das ciclovias tem gerado não somente polêmica, mas principalmente confusão de entendimento de como se deve dar o uso das mesmas.

É importante que a população entenda que a existência de ciclovias não se dará em 100% das ruas da cidade e que o ciclista, não necessariamente, só poderá trafegar por ciclovias. Uma vez a bicicleta sendo um veículo, é conferido à mesma o direito de trafegar pelas ruas e estradas da cidade.

Na contramão da evolução do sistema de mobilidade da cidade, muitos cidadãos não aceitam e não se adequam a tais mudanças. Este é o típico cidadão que fala mal do próprio país, da própria cidade onde vive, enaltece as cidades de outros países, como se todas estas cidades e experiências nasceram simplesmente perfeitas.

Pessoas que conheço, que acabaram de voltar de lá, relataram o quanto a cidade é ótima para pedalar: “lá é completamente diferente daqui, as pessoas respeitam os ciclistas, tem ciclovia por várias partes da cidade etc”.

Na realidade, o grande respeito é proveniente do valor astronômico das multas e a rápida possibilidade de ser preso. O motorista que não respeita o ciclista ou pedestre vai parar na cadeia, sim. O sistema foi imposto, não houve consenso, para chegar a maravilha que é hoje.

Tudo acontece on-line, a informação é instantânea. É inaceitável que cidadãos aleguem desinformação. Na minha opinião, alguns preferem se revoltar, preferem partir para a ignorância para não saírem da zona de conforto.

Mas o típico cidadão ignorante, egoísta, desinformado, que acredita ser dono da rua, que demonstra todas as suas frustrações, inadequações na forma de dirigir, que é capaz de lançar um carro sobre um ciclista, está com os dias contatos, pois a mudança e a evolução são inexoráveis. Charles Darwin comprovou: não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.

Pedalar faz bem para o corpo, para a alma e para a mente. Não se revolte, instrua-se!

Pratique a cidadania, pratique a gentileza, aproveite oportunidades para demonstrar-se sábio, coeso, equilibrado e feliz!

Nova Iorque, Estados Unidos, muito recentemente passou por uma intensa reestruturação do sistema cicloviário.

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