O transporte de passageiros é a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa (GEE) em cidades brasileiras. A maior parte dessas emissões vem do automóvel, e o aumento do seu uso é acompanhado de um crescimento constante de emissões do setor. A redução dessas emissões passa por políticas que melhorem as alternativas ao automóvel, aprimorando a infraestrutura e os serviços relacionados ao transporte ativo e ao transporte público.

A Política Nacional de Mobilidade Urbana, promulgada em 2012, estabelece uma prioridade objetiva de planejamento e investimentos para o transporte de passageiros, condizente com as exigências de um sistema de baixo carbono.

Prioridades de acordo com a política nacional de mobilidade urbana

Fonte: ITDP Brasil.

Em 2014, foram realizadas 64,1 bilhões de viagens no país. As viagens a pé e de bicicleta foram a maioria (40,6%), seguidas pelo transporte individual motorizado (31%) – automóveis e motocicletas – e pelo transporte coletivo (28%).

Fonte: ANTP, 2016.

Transporte público

O principal transporte público do Brasil é o ônibus, responsável por mais de 86% de todo o transporte coletivo do país. O ônibus carece de maior atenção de formuladores de política pública, especialmente em relação à qualidade do serviço, ao espaço público dedicado a ele e à tecnologia utilizada.

A melhoria da qualidade de serviços passa por uma ampla discussão sobre o atual sistema de concessões de transportes públicos, para que sejam mais transparentes e atendam às demandas da população. A via pública destinada ao transporte de passageiros deve priorizar o ônibus, com soluções práticas como faixas exclusivas de ônibus. Finalmente, é importante iniciar uma transição ecnológica de ônibus a combustível fóssil para ônibus elétricos, reduzindo emissões de poluentes locais
e de gases de efeito estufa.

A expansão da infraestrutura de transporte de média e alta capacidade também é fundamental, especialmente em cidades de médio e grande porte e regiões metropolitanas. É necessária a expansão dos sistemas de metrô, trem metropolitano, bus rapid transit (BRT) e veículo leve sobre trilhos (VLT). Essa infraestrutura deve servir à população de O BRASIL E AS MUDANÇAS
CLIMÁTICAS é o total de km da malha cicloviária nas capitais Infográfico desenvolvido por G1 em 17/02/2017. Fonte: Prefeituras das capitais e governo do DF. regiões metropolitanas e priorizar o acesso à cidade para todos os grupos e classes sociais.

Um indicador importante para identificar a amplitude desse acesso é a percentagem da população que vive em um raio de 1km de transportes de média e alta capacidade, sumarizado pelo Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento (ITDP Brasil) pelo
indicador people near transit (PNT).

São Paulo possui atualmente um PNT insuficiente, enquanto Nova York representa um indicador a ser almejado.

Transporte Ativo

Pedestres formam o cerne do sistema de mobilidade do Brasil, como principal modo de transporte e conector com transporte público. A sua importância cresce na agenda política brasileira, com a existência de mais de 150 grupos da sociedade civil efendendo direitos dos pedestres por todo país (resultado da pesquisa Como Anda).

Segundo a pesquisa Origem e Destino do metrô de São Paulo, em 2014, o Brasil avançou no uso de bicicletas – somando 60 milhões de bicicletas, das quais metade são utilizadas pela população para ir ao trabalho. O uso desse tipo de deslocamento aumentou 18% entre 1997 e 2008 na cidade de São Paulo. Dentre as capitais brasileiras, a malha cicloviária mais que duplicou entre 2014 e 2016 – de 1.414 km para 3.009 km.

Desafios da NDC

Em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), o país se comprometeu a promover medidas de eficiência, melhorias na infraestrutura de transportes e no transporte público em áreas urbanas. Mas, para mudar esse cenário, é preciso definir estratégias que priorizem outros modais, como o transporte público e ativo, ou seja, melhorar a qualidade da infraestrutura e políticas de metrôs, integração tarifária e corredores de ônibus, além do aprimoramento de calçadas e do investimento no desenvolvimento de ciclovias.