Olhe em volta… Olhe ao redor, atentamente. Percebe a mudança? Ela está em toda a parte, das plataformas dos metrôs das grandes cidades aos pátios de escolas públicas e privadas por todo o país; das milhares de postagens nas redes sociais às páginas de sete entre 10 revistas nacionais; seja nos espaços públicos de lazer, nas orlas, nos outdoors publicitários, nas campanhas de marketing de produtos que nada tem a ver com mobilidade; está presente nas novas formas de pensar o urbanismo na mesma medida em que está constituindo o mais novo padrão de consumo por veículos à propulsão humana. A mudança… Sim, é a bicicleta. E ela está aí para ficar. Ou alguém ainda duvida?

A redescoberta, ou melhor, a ressignificação da bicicleta pode ser apontada como a Grande Revolução do Século XXI, tanto no âmbito do comportamento humano, na área da mobilidade, por excelência, quanto no campo social, econômico e cultural.

Mas, quando citamos a palavra ‘revolução’ queremos indicar uma transformação radical no estado das coisas e também em nós mesmos. E ao usar a expressão ‘ressignificar’ queremos incluir tal revolução nas ideias e comportamentos nossos que já careciam de revisões. Quando iríamos pensar que uma simples bicicleta faria tanto e em tão pouco tempo, não é mesmo?

Nos últimos 20 anos houve agravamentos em inúmeros campos das atividades humanas pelo mundo, porém, é notável o destaque que ganha a ciclomobilidade neste mesmo espaço de tempo. E se alguns céticos preferem pensar que isto se trata, tão somente, de uma nova moda, vale lembrar que a palavra moda (do latim vulgar Modus) quer dizer costume e, sendo assim, é obtido por hábitos recorrentes disseminados culturalmente em uma sociedade.

E, enfim, existem costumes que permanecem por séculos ou milênios, por exemplo, como o de escrever, relatar, comunicar. Pensamos que essa moda pegou e vai durar por tempo indeterminado, afinal, ela trata de uma escolha pelo bom e pelo bem, de um e de todos.

Uma escolha pelo bom e pelo bem, de um e de todos…

Então, digamos que a assunção da bicicleta, indistintamente, se trata da mais radical adoção de costumes de maneira global em toda a história da humanidade.

O mais importante em toda a repercussão deste fenômeno social em proporções globais é que, invariavelmente, os participantes se sentem realmente fazendo parte do mesmo, sintonizados e pulsantes como se uma teia de relações estivesse sendo tecida, multiplicando os laços, vertiginosa e eloquentemente, e em definitivo.

Já percebemos que a escolha pela bicicleta foi a resposta dada a um apelo mundial pela ressignificação do trânsito, mas, mais ainda, ela tem sido a resposta para a humanização das cidades, onde o trânsito é apenas uma das partes que as compõem.

© Monkey Business Images / Shutterstock

Fica claro que esta mudança de comportamento individual alcança proporções tão amplas quanto profundas porque estamos falando de um movimento civil, franco, pacífico, pedagógico, inclusivo, plural, indiscriminado, longevo, gerador de felicidade e que não dá mostras de diminuir intensidade, muito pelo contrário.

Através da bicicleta estamos mudando e crescendo, enquanto indivíduos e enquanto sociedade. Ou seja, através da bicicleta não estamos criando um mundo, individual e egoísta, estamos, sim, mudando o mundo em que vivemos uns com os outros.

Dizemos isto valendo-nos da reflexão de que mudar e crescer não são equivalentes e nem deveriam ser. Portanto, vale compreender melhor o que cabe nestas duas expressões complementares: algumas pessoas acreditam que seja necessário mudar para crescer; outras, que seja preciso crescer para mudar. E ainda há um terceiro grupo, que admite a possibilidade de que mudar e crescer sejam simultâneos e inerentes.

Através da bicicleta não estamos criando um mundo, individual e egoísta, estamos, sim, mudando o mundo em que vivemos uns com os outros…

Mudamos quando admitimos a alternativa enquanto uma premissa da vida.

Concordando com o grande Lulu Santos, “tudo muda o tempo todo no mundo”, porém, há mudanças que são praticamente indeléveis e irreversíveis, ainda mais quando são para melhor. A própria palavra ‘trânsito’ decorre da palavra mudança.

E esta alteração de estado individual e coletivo, em grande parte, traz consequências no ambiente onde estamos, seja na família, no trabalho, na cidade.

© Marcel Pabst / Thule Divulgação

Ao mudar nossa forma de comportamento optando pela bicicleta fazemos com que o ambiente em que estamos, por conseguinte, também seja alvo desta alternância de estado. Uma sociedade melhor é feita de pessoas melhores, em todos os sentidos.

Então, é bom levar em consideração que tais mudanças de comportamento social associadas ao ato de pedalar estão sendo apontadas como o mais impactante fenômeno social do novo milênio, tanto quanto as mídias sociais.

Os participantes se sentem realmente fazendo parte do mesmo, sintonizados e pulsantes como se uma teia de relações estivesse sendo tecida, multiplicando os laços, vertiginosa e eloquentemente, e em definitivo.

Análises produzidas pelo mundo apontam incrementos importantes à qualidade de vida das pessoas que optaram pela bicicleta, e não estamos falando somente dos aspectos de saúde, econômicos, sociais e culturais.

Temos observado um crescente retorno ao natural, uma busca sem precedentes pelo contato com a natureza, valorizando-se o ambiente, já não como recurso que se pretende dominar, mas como meio ao qual se pertence. Outra tônica que merece ser notada e entendida é que estamos ficando cada vez mais solidários e já não tratamos a violência com a mesma indiferença de tempos atrás, isto em grande parte por estarmos fartos, e por outro lado, por estarmos mais sensíveis ao que nos cerca.

Duas perguntas resultam daí: quantas pessoas você conhece que se transformaram por causa da bicicleta? E quantas pessoas você conhece que ainda irão se transformar por causa da bicicleta?

© Sterling Lorence Photography / Specialized Divulgação

Não é difícil encontrar gente por toda a parte que declara que em seu cotidiano pensa duas vezes antes de preterir a bicicleta em um deslocamento. Ao contrário, ela tem sido a principal escolha para ir ao trabalho, à escola ou para encontrar-se com os amigos. Aliás, a bicicleta tem se tornado a forma mais eficiente e prazerosa de unir o útil ao agradável, inteligentemente.

E ela voltou a ser o presente de aniversário mais desejado, ora vejam só.

Pensamos que seja bastante possível que as pessoas que necessitariam ler nossas matérias são aquelas que ainda não optaram pela bicicleta. Mas, isto não quer dizer que quem já optou não possa reforçar sua convicção e usá-la em favor daqueles que ainda não perceberam ou reconheceram todos os benefícios que a adoção da bicicleta e o hábito de pedalar garantem.

É da natureza humana, quando conhecemos algo bom, fazermos por onde repercutir a seu favor, informar as pessoas que nos cercam, aproximá-las disto e nos comprometermos com sua perenidade.

Nossa escolha, na Revista Bicicleta, é a de levar ao maior número de pessoas todo bem que resulta de tornar a bicicleta parte de nossas vidas. Entendemos que, assim como você, nós também somos a mudança. Que tal convocarmos mais e mais gente para fazer parte desta transformação irreversível conosco?

Viva Bicicleta, sempre! Alguém ainda duvida?

Que tal convocarmos mais e mais gente para fazer parte desta transformação irreversível, conosco?