A origem do Velocípede é atribuída ao francês Pierre Michaux e seu filho Ernest, por volta de 1855. Eles haviam recebido uma Draisiana em sua oficina para conserto, mas consideraram o veículo muito cansativo de usar. Então, redesenharam o projeto colocando pedais diretamente na roda dianteira.

A ideia se popularizou e logo surgiram outros modelos, todos com a característica de ter uma enorme roda dianteira. O chacoalhador de ossos, como ficou conhecido, impunha alguns desafios ao seu usuário. Construído em madeira com rodas de metal, ele chacoalhava muito nas ruas de pedra da época. Além disso, com a roda dianteira muito grande, com aproximadamente 1,25 m de diâmetro, os tombos eram frequentes, pois o ciclista tinha dificuldade em apoiar os pés no chão. Mas porque o Velocípede tinha a roda dianteira tão grande?

A explicação é: como a transmissão do movimento era exercida através de um pedal acoplado diretamente na roda dianteira, isso significa que a cada pedalada que o ciclista completava, a bicicleta avançava uma distância equivalente ao comprimento da circunferência desta roda. Então, quanto maior a roda, maior o espaço percorrido pelo ciclista a cada giro completo no pedal. Isso fez com que o Velocípede fosse considerado o veículo de propulsão humana mais rápido até então fabricado.

Sabendo que o comprimento da circunferência é dado pela multiplicação do diâmetro pela constante matemática “pi”, representada pela letra grega π e com valor aproximado de 3,14, pode-se concluir que o velocípede percorria uma distância de 3,92 m a cada pedalada completa.

Neste modelo de transmissão direta na roda dianteira, um aumento de desempenho, portanto, passava pelo aumento do raio da roda dianteira. Mas havia uma limitação, além de exigir ainda muito esforço do ciclista: o raio da roda não poderia ser maior do que a medida do comprimento da perna do ciclista, para que ele pudesse alcançar o pedal.

Atualmente, o sistema de transmissão mais utilizado é através de corrente e duas engrenagens dentadas. Os pedais estão conectados à coroa (primeira engrenagem dentada, localizada no movimento central), que através da corrente acionam o pinhão (segunda engrenagem dentada localizada na roda traseira). Neste sistema, o desempenho é determinado pela relação entre o número de dentes de cada engrenagem.

Para visualizar mais facilmente esta demonstração, imagine uma bicicleta em que a coroa possui 36 dentes e o pinhão 12 dentes. Cada volta completa do pedal corresponde a uma volta da coroa e três voltas do pinhão menor, já que 36 dividido por 12 é igual a três, o que significa três voltas também da roda traseira. Uma bicicleta aro 26 polegadas tem um diâmetro de aproximadamente 66 cm. Dado isto, uma volta no pedal percorre uma distância de aproximadamente 6,21 m.

Para um Velocípede realizar este mesmo desempenho, ele teria que ter uma roda dianteira de dois metros de altura! Só um ciclista gigante para pedalar um desses…