Ficha Técnica
Bicicleta NSU, aro 26, ano 1948, modelo masculino, montada com freio sobre pneu na roda dianteira e contrapedal na roda traseira, equipada com farol, dínamo e descanso central.
Origem: Alemanha
Condição: Original/Reformada
Acervo: MuBi.

Falar ou escrever sobre as bicicletas “NSU” indiscutivelmente é um prazer, devido à excelência na produção de qualquer modelo, seja ele masculino, feminino ou infantil. Ademais, é uma marca com tradição e que cresceu forte. Seu nascimento está ancorado no ano de 1873, quando os amigos e sócios Heinrich Stoll e Christian Schimidt montaram uma fábrica para produção de máquinas de costura automáticas, a Neckarsulmer Strickmaschien Union, ou “NSU”, cujo principal mercado consumidor era a Áustria.

© Valter F. Bustos

Como a qualidade, competência e durabilidade de qualquer produto incomodam, a Áustria quintuplicou a taxação sobre o produto dos amigos, que mudaram para as proximidades de Stuttgart para não falirem. De olho no mercado Europeu, descobriram o produto que todos almejavam: a bicicleta. Inicialmente eles produziram modelos parecidos com as inglesas, e importavam algumas peças para montagem. Por essa época os biciclos estavam com os dias contados, e a “NSU” em 1888 lançou sua primeira bicicleta baixa, ou seja, com as rodas ou aros do mesmo tamanho.

Segundo consta em sua história, em 1889 foram produzidas 200 bicicletas e a fábrica tinha 60 funcionários na linha de produção. Por outro lado há uma controvérsia quanto ao nome da empresa. O primeiro abre o texto, e o segundo se refere aos rios que cortavam a cidade, o Neckar e o Sulm, acrescido de Union. Existe ainda uma terceira grafia: “Naeh UndStrick Union”, cuja tradução seria “costura e tricô união”.

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Conflitos ou preferências à parte, a NSU conquistou o mundo e chegou a produzir até veículos militares sobre esteiras para o exército alemão. Suas bicicletas foram comercializadas por toda a Europa e em mais de uma centena de países. O Brasil foi um grande importador, principalmente para a região sul, cuja base da colonização foi germânica. Não sem razão, elas são encontradas no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. São peças robustas e confiáveis, em sua maioria equipadas com freios sobre pneu na roda dianteira, e contrapedal na traseira.

Como cada uma de nossas bicicletas possuem uma história especial, esta compramos no bairro Costa e Silva da viúva de um tecelão de Joinville. Ela foi adquirida nova, portanto, sem uso, e durante mais de quatro décadas serviu como veículo de passeio e de trabalho. Trata-se de uma bicicleta aro 26 balão, para os proprietários ou colecionadores com um pouco mais de conhecimento, com quadro tipo “estilingue”, mais alongado e baixo, com outra característica marcante que é o garfo com maior curvatura e projetado para a frente, que proporciona uma direção mais segura.

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Mais do que transporte e lazer, as bicicletas desse período (anos 40 e 50) eram verdadeiros utilitários onde a família era transportada, e também os sacos de milho, farinha e arroz, razão dos bagageiros reforçados com uma ou mais travessa soldada na vertical.

Além de seu “Torpedo 48” que confirma sua data, a logomarca sobre o para-lama dianteiro e a plaquinha ou brasão na caixa de direção “NSU-OPEL” confirmam a datação. Os para-lamas foram trocados devido a corrosão e desgaste pela ação do tempo. Outra coisa que desperta a atenção é que o eixo do movimento central possui as pontas quadradas, semelhante às bicicletas de MTB e Speed atuais. Farol Newmann e selim com mola dupla fecham o requisito de conforto e segurança de uma boa bicicleta. A marca, que possui milhares de admiradores pelo mundo, no final dos anos 60 foi vendida para a VW, desaparecendo completamente em 1984 para firmar as marcas VW-Audi. Como dizem: “Uma lenda nunca morre”. As bicicletas e motocicletas “NSU” continuam andando e conquistando cada vez mais admiradores.