Para abrir a seção raridades, apresentamos uma Monark de 1961.

A partir dessa edição, estaremos apresentando a seção Raridades, que esperamos, seja bem recebida. Sem dúvida, é um novo espaço que se abre para os leitores e assinantes, com o objetivo de apresentar diversos modelos de bicicletas antigas, com os mais variados anos de fabricação, origem e procedência.

No decorrer das apresentações poderemos abordar os aspectos de originalidade, conservação, restauração e reforma; onde, ao longo dos anos, na Coordenação do Museu da Bicicleta em Joinville, em Santa Catarina, notamos muita confusão entre “restauração” e “reforma”, ações válidas sob o ponto de vista da preservação, no entanto, muito diferentes quanto ao conceito do que é uma coisa e outra.

As bicicletas focalizadas pela Seção de Raridades fazem parte do acervo do Museu da Bicicleta, fechado pela Fundação Cultural de Joinville em 2010, na atual gestão do prefeito Carlito Merss. Apesar dessa atitude, ao longo desse período o MUBI vem realizando exposições itinerantes em diversos espaços, inclusive na Câmara de Vereadores de Joinville, entidades recreativas e diversos shopping centers da cidade. Cabe salientar que, no atual contexto, a bicicleta desponta como o mais correto e aplicável modal de transporte, na condição de parte integrante dos projetos de mobilidade espalhados pelo mundo nos grandes centros urbanos. Centros, afogados pelo uso indiscriminado do carro, bem como, alvos diretos dos nefastos desdobramentos oriundos dessa irresponsabilidade.

Também queremos cumprimentar os “incontáveis” colecionadores de bicicletas espalhados pelo nosso país, na condição de preservadores de fragmentos da história da bicicleta. História que começou na França em 1791, com a invenção do “Celerífero” pelo Conde J.H. De Sivrac. Portanto, já transcorreram 221 anos desde o aparecimento daquele engenho com duas rodas, e todo construído em madeira. Grandiosos avanços tecnológicos aconteceram ao longo desses séculos. Da madeira às resinas. Do peso do ferro, à leveza da fibra de carbono. Essa majestosa e simples estrutura a tudo aceitou. Inventado pela “Humber” inglesa em 1890, o quadro em forma de trapézio, ainda se mantém como a melhor estrutura de quadro para bicicletas até os nossos dias. Muitos avanços, certamente, estão por chegar. Acreditamos que duas coisas, sem querer profetizar, jamais irão mudar: a sua forma sempre ágil e elegante; e a força de tração que será sempre humana. Se não for assim, não será uma bicicleta. Bem-vinda, sempre!

Para abrir a seção raridades, apresentamos uma Monark de 1961.

BICICLETA MONARK

  • Bicicleta Monark
  • Modelo masculino
  • Aro 28
  • Ano de fabricação: 1961

Montada com freio contrapedal da marca “Perry”, na roda traseira, equipada com cobre-corrente em alumínio e bagageiro com duas molas de inversão para cada lado. Identificada como “tradicional modelo sueco”, essa bicicleta com rodagem 28 X 1.1/2 X 1.5/8, produz um bom rendimento e conforto nos deslocamentos. Limpa, quanto ao seu visual clássico; e despojada de qualquer adorno, impressiona o seu tamanho e versatilidade ao pedalar. Contrariando uma característica normal da fábrica que predominou até por volta de 1956, os modelos lançados após esse período tinham as junções dos tubos do quadro, feitas com “luvas” ou “cachimbo”, de onde deriva a expressão “quadro cachimbado”, referência aos modelos assim construídos até os anos 70.

A empresa, sob administração sueca, buscava por meta a valorização da marca e seus produtos. Suas campanhas eram marcadas pelo ufanismo: “A melhor bicicleta do Brasil”, “A maior organização do ramo na América Latina”, “O maior nome mundial em bicicletas” etc. Como diz o dito popular, “a propaganda é a alma do negócio”. Ao que parece, a Monark levava isso muito a sério.

Condição do modelo: original/reformada (os aros, paralamas e cobre-corrente mantêm a pintura original). Cabe salientar que MonarK e Caloi dividiam o mercado nacional de bicicletas de maneira ferrenha, situação que perdurou até os anos 90, com o advento do Mountain Bike. Essa nova realidade exigiu uma especialização e qualificação do mercado. Na outra ponta, um público mais atento clamava por bicicletas de qualidade superior, desta forma, quebrando o velho monopólio com a chegada das importadas.