Ficha Técnica:

  • Bicicleta Monark/Monareta, aro 20, quadro de uso misto, modelo especial comemorativo Monark 2001, ano 1969, equipada com bagageiro e freios rígidos, acionados por cabo.
    Condição estrutural: Original/conservada.
  • Procedência: Brasil.
  • Acervo: MuBi.

Esta Monareta, como suas iguais, no decorrer da história da Monark no país foi a bicicleta que mais agradou ao público consumidor durante os anos de sua produção. Até hoje provoca saudosos suspiros aos ex-proprietários do modelo, além de possuir forte procura no mercado de colecionáveis.

© Valter F. Bustos

Em especial, a que trazemos para esta edição da revista possui dois momentos importantes em sua trajetória. Lançada no país em 1969, a Monark 2001 é um dos muitos modelos comemorativos que a fábrica colocava no mercado, fosse pela sua política mercadológica de lançamentos, ou motivada por um “gancho” publicitário, neste caso, o lançamento no ano anterior do filme de Stanley Kubrick e um dos maiores sucessos de bilheteria mundial, o clássico “2001: Uma Odisseia no Espaço”. Para quem não assistiu, o enredo mostra a existência de um monólito negro que emitia sinais, provavelmente de outras civilizações, e que interferiam em nosso planeta há milhões de anos. No século XXI, uma equipe composta por alguns especialistas e astronautas são enviados a Júpiter para investigar o monólito. A nave Discovery utilizada pelo grupo é comandada por um supercomputador chamado Hall 9000, que no meio da missão sofre uma pane e começa a eliminar um a um os membros da tripulação. David Bowman, interpretado pelo ator Keir Dullea, era o líder da equipe, e inicia um jogo de “gato e rato” com Hall na tentativa de virar a situação. Este é um filme imperdível para quem gosta de uma boa estória.

© Valter F. Bustos

Retornando, departamento comercial antenado, a Monark pegou o mote da tecnologia de ponta e lançou então a “Monark 2001 – A Melhor Bicicleta do Mundo”. Outro momento dessa bike, muito semelhante com o atual e vivido por todos nós, trata da eventual cassação de um presidente da república, através do impeachment. De posse da 2001, juntamente com milhares de brasileiros, fui às ruas pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello.

© Valter F. Bustos

Ao contrário do verde e amarelo, vesti preto, fiz uma grande bandeira preta que amarrei no bagageiro da bicicleta e fui protestar na Avenida Paulista, convicto e cheio de orgulho. Nem durante o movimento das Diretas Já, percebi tanto espírito cívico e emoção nas pessoas ao decidirem os rumos que o país deveria seguir. Infelizmente, a chama arrefeceu e o país está mergulhado no maior escândalo de corrupção perpetrado por gestores, políticos, e grandes empreiteiras nacionais.

© Valter F. Bustos

Mais uma vez, volto a dizer que cada peça do acervo do MuBi tem sua história e essa bicicleta de forma muito especial para mim, também um “mimo” que me fora ofertado pelo saudoso mestre, o senhor Antônio Bérgamo. Juntamente com as Calois, as aros “20” foram uma tendência dos anos 60 e 70, fosse quadro fixo ou dobrável, para atender do jovem ao público adulto, uma vez que tanto o guidão como o canote de selim possuíam uma espaçosa regulagem para diversas alturas.

Ao contrário de nossos políticos, as bicicletas não possuem qualquer tipo de rejeição junto às pessoas, e são apontadas como um dos grandes modais de transporte em todo o mundo, além de mais correto ecologicamente falando.

Viva a bicicleta, sempre!