Estivemos presentes, com um grupo de 8 brasileiros, formando a Squadra Brasiliana do Giro Vecchio, na oitava edição da ciclo histórica italiana La Mitica, Um dos muitos eventos do tipo, muito tradicionais na Itália, destinados a bicicletas fabricadas até 1987 onde os ciclistas precisam também estar vestidos a caráter. Este ano comemorou o centenário de Fausto Coppi. O local tinha como cenário as colinas melancólicas de Fausto Coppi, no simpático povoado piemontese de Castellania, cidade natal do ilustre ‘Campionissimo’ que, neste ano, em comemoração ao seu centenário, mudou de nome tornando-se oficialmente Castellania Coppi.

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O pequeno povoado, com uma população fixa de 30 habitantes, relembra esse ciclista que foi um dos mais importantes da Itália com fotos espalhadas por todos os cantos da cidade. Sem contar com uma bela estátua bem na entrada da cidade na rua que leva seu nome.

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No quente domingo de sol do verão italiano, o pequeno povoado começou a se movimentar já no sábado, com a chegada de ciclistas de todas as partes, inclusive nós brasileiros, que ganhamos o prêmio no final de destaque do evento, delegação e ciclista mais distante.

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Muitas cores e risadas, bicicletas e camisas de outra era, paisagens românticas, centenas de entusiastas de todo o mundo para celebrar o amor do ciclismo heroico e prestar homenagem a Fausto Coppi, o La Mitica 2019 foi um belo retorno ao passado, onde pudemos pedalar pelos caminhos por onde treinava esse herói italiano. A maioria dos participantes estava com bicicletas dos anos cinquenta e sessenta, com algumas boas incursões antes da guerra. Uma época onde não se falava de bicicletas americanas, chinesas ou alemãs. Não mais do que componentes japoneses ou taiwaneses. Apenas bicicletas italianas, francesas ou suíças. E Campagnolo, Simplex ou Universal.

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As bicicletas, verdadeiras obras de arte, davam seu charme, principalmente as Bianchi e Colnago, mas também nomes como Bartali, Cinelli, Rosa, Peugeot, Mercier, Heylet ou Coppi, já davam uma ideia do panorama. As coloridas de lã, com referência à Bartali, Legnano, Carpano, Tricofilina, Peugeot, Saint-Rafael, Faema, Bic ou Molteni, davam o colorido que decorou as colinas do Piemonte. E nós estávamos com um uniforme vintage produzido especialmente pela Biene, para nossa participação no evento, foi o caleidoscópio da tela grande em contato direto com a nostalgia.

Foram dois dias de maravilhoso flashback, dois dias de emoção, dois dias de felicidade, dois dias de encontros e descobertas.

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Sergio Vallenzona, o hiperativo prefeito de Castellania Coppi e seus amigos da associação Fausto e Serse Coppi, incluindo o fascinante Giampaolo Bovone e o amigo e organizador Pietro Cordelli, multiplicaram e deram as boas-vindas a todos com um sorriso, com esse desejo de compartilhar emoções e paixão em torno de uma região enraizada no culto do ciclismo.

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Foram 4 percursos, 300 participantes, ficamos 300 loucos. Na chegada, 300 abençoados.

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Acompanhando o pelotão, um sublime time vintage de carros antigos apoiando o grupo: da Alfa Romeo Giulietta, o Salvarani e um Fiat Ballila, tendo pertencido a Fausto Coppi, e tendo especialmente como diretor de corrida o glorioso Aldo Moser, que deixou uma bela impressão com suas histórias do passado, durante o jantar do dia anterior com os participantes do evento, ao ar livre, no jardim da antiga Casa Coppi. Foi muito emocionante ouvir conversas sobre Girardengo, Coppi, Moser, Bobet, Geminiani e Anquetil. Tive o prazer de saborear o risoto de açafrão local e vitello tonnato, acompanhado por um vinho branco ou rosé dos vinhedos da região. Uma noite glamourosa para engrandecer ainda mais esse evento.

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No início da manhã da pedalada, no inesquecível domingo, 30 de junho de 2019, eu com minha bicicleta Gios Torino dos anos 70, partiria ansiosamente para uma das mais belas pedaladas de minha vida. Sorri para Faustino Coppi que veio dar a partida em meio a outros 299 ciclistas abraçados pela emoção e carregados pela música de tão longe. Então, essa tão esperada partida. E essa reunião para mim com sensações esquecidas por décadas de alumínio e carbono. Nem mesmo uma hesitação. A mão imediatamente caiu nas alavancas da marcha do quadro, me renovando com automatismos nascidos da infância.

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Uma bela descida rumo a Tortona, onde fomos recebidos com muita festa e com muita comida em uma enorme mesa com os melhores quitutes italianos que se possa imaginar. Tudo isso pedalando por rotas secretas, caminhos de beleza milagrosa em meio aos vinhedos do Piemonte, e com muita subida. E como sobe. Principalmente nos quilômetros finais. Sobe Forte. Muito forte. Especialmente quando você está pedalando com uma relação 42X24, as pernas vão queimando na dureza do Cole Coppi. Então, a chegada. A chegada. A chegada! Com esta linha desenhada na frente da Casa Coppi. Foi emocionante chegar em companhia de todos de nossa equipe em meio a aplausos e festa do público presente.

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Ano que vem tem mais! A data será 28 de junho. Os interessados em participar podem entrar em contato com Paulo de Tarso do Sampa Bikers pelo e-mail queropedalar@sampabikers.com.br.

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Para quem curte eventos semelhantes no Brasil, durante o ano são realizadas 3 edições do Giro Vecchio, nos mesmos moldes dos eventos que acontecem no exterior. Mais informações, acesse www.girovecchio.com.br.

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Fausto Coppi

Fausto Coppi, o Campeonissimo, recebeu esse apelido dos italianos. Ele foi um ciclista profissional entre os anos 1939 e 1959, onde competiu nas mais importantes provas por etapas, tanto nas clássicas de  um dia.

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Coppi ganhou cinco vezes o Giro d’Itália (1940, 1947, 1949, 1952 e 1953), um recorde compartilhado com Binda e Merckx, e duas vezes o Tour de France (1949 e 1952), tornando-se também o primeiro ciclista a vencer duas corridas no mesmo ano.

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Entre seus muitos sucessos em corridas de um dia deve-se lembrar as cinco vitórias na Volta da Lombardia (1946, 1947, 1948, 1949 e 1954), três vitórias em Milan-San Remo (1946, 1948 e 1949), e Paris-Roubaix e Fleche Wallonne em 1950.

Ele se tornou campeão do mundo em 1953. Também se destacou no ciclismo de pista: ele foi campeão do mundo em 1947 e em 1949 deteve o record da hora (com 45,798 quilômetros). 

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Sua legendária rivalidade com Gino Bartali dividiu a Itália no pós-guerra. Famoso por imortalizar um esporte e entrar no imaginário coletivo dos italianos suas façanhas e as circunstâncias trágicas de sua morte o fizeram um ícone da história do esporte italiano, e mais de cinquenta anos após sua morte, sua popularidade e fama aparecem inalteradas.

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Coppi morreu absurdamente no dia 2 de janeiro de 1960, aos 40 anos, em Tortona. Pegou malária numa corrida na África e foi tratado, na Itália, de uma gripe. Muitos, acreditaram que “deixaram ele morrer”.

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