Junto com o mercado de ciclismo que borbulha no país, está se erguendo o universo do “feito à mão”, que atende uma gama de ciclistas que anseiam por itens raros e exclusivos, de peças para restaurar bicicletas antigas a framesets e componentes que a indústria e importadoras não têm por aqui ainda.

Atualmente é possível encontrar profissionais que entregam diversos produtos, como quadros/garfos em cromoly sob medida, selins e outros acabamentos em couro (essa parte sou eu quem cuida, com a SRD – Sem Raça Definida), alforjes e bikepacking com tamanhos e funções especiais, móveis para expor sua bicicleta como decoração etc. Um mundo à parte que já conta com inúmeros empreendedores apostando no amadurecimento desse nicho, e que tem tudo para crescer e se estabelecer no Brasil.

© Zé Mário

Em mercados mais consolidados, o “feito à mão” tem sua devida relevância, com publicações, feiras e exposições, como a Bespoked UK Handmade Bicycle Show (Inglaterra) e a NAHBS – North American Handmade Bicycle Show (Estados Unidos). E essa importância também se demonstra como um laboratório para tendências de mercado, onde a indústria vê novas demandas e as incorpora em seu portfólio. Exemplo disso são as adventure bikes (bicicletas gravel e off road tourings) e o bikepacking, que estão ganhando força como novos produtos. Para a linha 2017 de muitas marcas, não será difícil encontrar bicicletas e acessórios desse tipo.

Ok, mas como é sobreviver como empreendedor no mercado de bicicletas?

© Zé Mário

Sou publicitário por formação, completei a graduação em 2011. Comecei a me dedicar somente à produção da SRD em agosto de 2014, após ser demitido. Eu já tinha a marca há um ano e meio, então já tinha produtos desenvolvidos e alguns clientes. Todas as minhas forças passaram a se concentrar nisso. Desde então foram muitos os aprendizados, em todos os sentidos: como melhorar o produto, criar novos itens para o portfólio, cuidar das redes sociais, cuidar de e-commerce etc.

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Mas se tem um aspecto que está sendo o maior desafio é: empreender. Tudo que escrevi a respeito de como foi me dedicar apenas a SRD estava na primeira pessoa, mas o caso é aplicável para muitos empreendedores que surgiram no setor. Administrar é um grande desafio, gerenciar seu tempo, suas encomendas, estoque, envios, atender clientes etc. E o principal: arranjar tempo para poder pedalar!

Este é o primeiro texto de uma série, que vai apresentar o que já é possível encontrar no mercado brasileiro de produtos “feitos à mão” e o principal: quem faz!