Therbio Felipe entrevista Phillip James

Conhecemos de longa data o senso criativo e engenhoso de Phillip James Fiuza Lima. Mas, uma das características que chama a atenção neste biker é a capacidade de dar um fim útil às obras que cria, de modo a superar, em muito, as expectativas mais comuns. É o caso da Bambubini, uma bicicleta ajustável ou expansível, feita em bambu laminado, que tem um alcance muito maior e mais importante do que, não tão simplesmente assim, garantir que crianças possam ter a sua primeira bike por mais tempo. Não importa ter ideias, apenas. Importa ter ideias generosas. Importa é que elas façam diferença na vida das pessoas que nem sequer conhecemos.

T. Phillip, como e quando surgiu a ideia de elaborar a Bambubini? Quais foram os primeiros passos para o desenvolvimento do modelo?

P. Venho trabalhando com bambu para fazer bicicletas desde 2011, mas no formato normal, em bambu roliço. Porém, percebi que seria um desafio conseguir desenvolver o projeto em escala. Até fiz uma bike para o meu filho quando ele tinha três anos, mas com cinco ele já não podia mais usá-la. Conhecendo o bambu laminado vi que era muito mais fácil e viável para chegar a fazer uma produção em escala. Porém, a primeira bicicleta de bambu laminado que criei não foi a Bambubini, mas uma de adulto cujo quadro é ajustável para pessoas de 1,48 m até 1,97 m. Só que chegou um momento que eu estava tendo uma crise de criatividade com essa para adultos e meu filho vivia perguntando quando ele teria a “nova bicicleta de bambu”, já que a primeira estava pequena demais para ele. Com isso, acordei um dia de um sonho da bicicleta ajustável para crianças e nesse mesmo dia saiu a primeira bicicleta “Fênix”, porque a ideia veio das “cinzas” da minha recriação da bicicleta para adultos. Até que essa primeira bike que eu fiz foi vendida para um funcionário da Embaixada dos Estados Unidos e ele a levou para os EUA no dia seguinte!

T. Quais as principais vantagens do modelo?

P. Como a bicicleta é ajustável para idades desde dois até oito anos, com a opção de tirar os pedais, ela pode servir para todas as crianças que ainda não aprenderam a pedalar. E da mesma maneira que a planta bambu, as crianças crescem rápido demais. Com esta bike ajustável elas não perderão tão rápido a sua “primeira” bicicleta. Isso sem falar na possibilidade de repassar a bicicleta para o irmão mais novo mais tarde ou para outra criança que esteja na idade.

© Arquivo pessoal / Philip james

T. Que perspectivas você tem para ampliar a demanda sobre o modelo? Há alguma proposta de levar a Bambubini para as escolas públicas de alguma região do Brasil em parceria com Secretarias de Educação Municipais?

P. Em princípio, minha primeira ideia é vir a desenvolver uma bicicleta para crianças autistas, já com um projeto que venho desenvolvendo e trabalhando há algum tempo, mas o problema ainda são os tipos de bicicletas. Também, estou desenvolvendo um projeto para trabalhar com menores infratores, no qual eles fabricarão as bicicletas. Mas, como não podem receber por seu trabalho, essas bicicletas serão doadas para ONGs com fins sociais, por exemplo, para a Organização Bike Anjo, que precisa de bicicletas para várias idades e tamanhos a fim de amplificar sua atuação.

T. Alguns pais defendem o uso de rodinhas laterais por medo de que seus filhos possam cair e se machucar. Você também é pai, que orientação você dá aos pais baseando-se nos fundamentos criados para que a Bambubini ofereça a máxima segurança aos pequenos ciclistas?

P. Minha primeira sugestão é a de não forçar seu filho a fazer algo que não gosta ou não tem interesse. Como pai, primeiro tentei dar o exemplo para meu filho de gostar de andar de bike porque eu andava, não apenas como lazer, mas como meio de transporte, levando meu filho para vários lugares, inclusive para escola. E também expliquei dos riscos naturais e inerentes, ensinando-o a como “cair”, de que maneiras pode acontecer uma queda e como se prevenir. Da mesma forma, busquei ensinar-lhe a como agir quando não for possível prevenir uma queda, como cair sem se machucar muito. Porém, na vida todos nós, uma vez ou outra, só aprendemos depois de “cair”, mas o que importa é como se levantar e continuar. Como Albert Einstein dizia, “para manter equilíbrio, sempre tem que estar em movimento.” Agora, em relação ao uso de rodinhas, não posso dizer que algo é melhor ou pior, mas cada ferramenta tem seu uso. O que é importante lembrar é de não fazer algo que crie dependência. Rodinhas atrasam a “programação” do cérebro sobre gerar o equilibro para músculos e quanto mais nova é a criança, mais rápido ela aprende. Mas isso pode valer tanto com bicicletas sem rodinhas para crianças quanto para os mais velhos que querem aprender.

T. A Bambubini não é uma bicicleta que ficará obsoleta com o crescimento da criança. Que adaptações você criou para que o investimento tenha o melhor benefício ao longo dos anos?

P. O principal é o giro do quadro no qual o banco fica mais alto ou mais baixo. Mas, creio que também as gancheiras que têm duas posições para aros 16 e 20.

T. Como representantes e pessoas interessadas podem fazer contato com você?

P. Pode entrar em contato via nosso website: bambubikedobrasil.com.br ou no Facebook.com/bambubikebrasil