Confira 20 inovações da Shimano que foram fundamentais na evolução da bike e do MTB
A Shimano surgiu quando Shozaburo Shimano fundou uma empresa familiar em 1921, em Sakai, Japão, para projetar uma roda livre. Isso porque ele não queria ter que importar este tipo de produto. Hoje, com mais de 100 anos de história, a Shimano tem uma equipe de mais de 12.000 funcionários em 51 empresas de todo o mundo.
A marca icônica, associada ao ciclismo e à pesca, há décadas protagoniza alguns dos marcos tecnológicos mais importantes do ciclismo, desde os hubs de três velocidades dos anos 50 e 80 até os primeiros grupos 100% MTB, o Shimano Deore XT de 1982, ou os motores Shimano STEPS, passando por inovações como os pedais clipless SPD, mudanças indexadas ou o nascimento do grupo de competição Shimano XTR.
Você não pode entender a história da bicicleta, nem a do mountain bike, sem a contribuição que uma marca como a Shimano deu nos últimos 100 anos. Confira aqui 20 momentos tecnológicos da marca que mudaram o rumo das coisas.
1922 – A PRIMEIRA RODA LIVRE SHIMANO: 3.3.3.

A Shimano Iron Works, antecessora da Shimano Inc, deu o seu primeiro passo na indústria de bicicletas com esta roda livre com processo de fabricação e materiais que foram um salto de qualidade em relação ao que era fabricado no Japão, e que acabou sendo reconhecido internacionalmente, atingindo o objetivo de competir com a então marca referência, a britânica BSA.
1957 – CUBO DE MARCHA INTERNA DE 3 VELOCIDADES

Com a ascensão do ciclismo no Japão na década de 1950, a Shimano lançou um desviador de 3 velocidades em 1954, mas esse boom durou pouco e a Shimano interrompeu a produção. Três anos depois, lançou uma alternativa, um sistema de câmbio integrado no cubo de três velocidades, que foi simplificado e aprimorado em 1958.
1965 – PRIMEIRO DESVIADOR EM PRODUÇÃO

Após a primeira tentativa em 1954, a Shimano recuperou a produção de desviadores com um primeiro modelo com desenho de paralelogramo e orientações que perduram até hoje. Nestes anos, a indústria estava mudando de sistemas internos para desviadores, e dois anos depois a Shimano melhorou o design com o popular modelo Skylark e até 5 coroas.
1966 – COMBI, 12 VELOCIDADES

Tendo o necessário para o próximo passo, a marca lançou o COMBI 12, uma combinação de um câmbio de 4 velocidades e um cubo de câmbio interno com engrenagens de 3 velocidades, para chegar ao número mágico de 12 velocidades, que significou uma grande melhoria para se adaptar a usos muito diversos.
1974 – POSITRON, O MELHOR STEPPER

A ideia de definir trocar as marchas entre cliques definidos para facilitar as trocas continuou a se desenvolver com o sistema Positron em que a indexação da troca foi integrada ao próprio desviador. Porém, com o passar dos anos, a Shimano impôs seu sistema SIS (Shimano Index System) alojado nas alavancas.
1982 – SHIMANO DEORE XT, O PRIMEIRO GRUPO DE MTB

Em 1980 havia nascido o primeiro Deore voltado para as bikes de estrada e de passeio, e na mesma época em São Francisco já se espalhava uma nova onda de ciclismo em que os jovens desciam as encostas das montanhas e até reformavam suas bicicletas para melhorar seu desempenho.

O primeiro Shimano Deore, precedente do Deore XT
Yoshizo Shimano, então presidente da Shimano na América, reconheceu a importância do momento, e uma ligação para a matriz no Japão deu origem ao primeiro grupo específico para mountain bike, o mítico Shimano Deore XT de 1982, desenvolvido seguindo as duras exigências indicadas por esses pioneiros do MTB. O grupo foi melhorando ano após ano acompanhando a trilha e abrindo novas possibilidades para esse novo esporte que iria revolucionar o ciclismo.
1989 – EXAGE LX/DEORE LX

O mountain bike explodiu em todo o mundo e a Shimano percebeu que o grupo Shimano Deore XT precisava de novos companheiros de viagem, começando com o Exage LX em sua versão MTB, como um novo caminho para montagens mais acessíveis, e, um ano depois, o Deore LX específico para MTB continuou este caminho.
1990 – SHIMANO SPD: PEDAIS COM CLIP

É sempre uma das invenções mais citadas quando falamos da história da Shimano, e seu impacto foi enorme. Em apenas alguns anos, todo o universo do ciclismo em busca de desempenho passou dos clássicos grampos e tiras para a nova e revolucionária invenção dos pedais sem grampo, mais seguros, mais eficientes e mais confortáveis. A Shimano foi a arquiteta original dessa revolução e continua a ser a líder de mercado hoje.
1992 – NASCE O SHIMANO XTR

No início dos anos 90, com o MTB já sob o guarda-chuva da UCI, a modalidade estava em um boom imparável, e a Shimano percebeu que era necessário um grupo para as corridas. Assim nasceu o XTR (XTRacing), o grupo de competição da Shimano, que incorpora os melhores materiais, máxima leveza e tecnologias de ponta como o Rapidfire Plus, uma evolução do Rapidfire que estreou o Deore XT em 1989, e um enorme salto dos botões tradicionais indexados para um design que permitia mudar sem perder o controle.
1993 – A FAMÍLIA CRESCE

Os usuários de mountain bike estavam aumentando aos milhões em todo o mundo, e com esse crescimento as formas de curtir a bicicleta também foram se diversificando, por isso eram necessárias bicicletas de diferentes tipos e orçamentos, e também as montagens que essas bicicletas demandavam. A Shimano já era líder absoluta em equipamentos de MTB e nestes anos lançou novos grupos como o Alivio e STX em 1993 e o Acera-X em 1994.
1996 – V BRAKE, A FRENAGEM QUE PRECISÁVAMOS

A Shimano incorporou na sua gama os V Brakes, com uma primeira e bem-sucedida versão dotada de um desenho em paralelogramo para um melhor encaixe da pastilha no aro. Os grupos Shimano Deore XT e XTR desfrutaram de um aumento significativo no poder de parada em relação aos designs anteriores de cantiléver.
1997 – AIRLINES

Surgiam os primeiros protótipos da Shimano Airlines, um grupo que transmitia comandos do controle à mudança por meio de ar comprimido. A marca desenvolveu para downhill, e por alguns anos equipou bicicletas na Copa do Mundo de DH. Já estava claro que o sistema tradicional de cabos não era o único caminho, como seria confirmado anos depois com a eletrônica.
2000 – FREIOS A DISCO

Os primeiros freios a disco hidráulicos Shimano para MTB ainda são lembrados por sua potência e modulação: o Deore XT, equipado com um sistema de dois pares de pistões com diâmetros diferentes. De repente, a Shimano colocou uma data de validade nos freios de aro, tornando seu primeiro contato com freios a disco mais do que satisfatório para muitos usuários, o que foi um impulso para este novo padrão.
2003 – AS RODAS SHIMANO

A Shimano começou a incorporar rodas em sua linha, expandindo o conceito global de montagem de bicicletas para além da frenagem e transmissão. Grupos como o XTR ou o Deore XT já tinham rodas com nome próprio e padrões Shimano, que já estavam mais do que comprovados.
2003 – NASCE O SAINT

Após o boom do MTB, veio a maturidade do esporte e a diversificação. O DH era uma nova disciplina que precisava de um grupo específico, e a resposta da Shimano foi o novo Saint. Os anos 2000 também viram o nascimento do freeride e a Shimano projetou o grupo Hone para esses novos e exigentes usos. Em alguns anos a marca adicionaria o Zee como grupo DH para configurações mais acessíveis.
2007 – TECNOLOGIA SHADOW

A Shimano continuou a incorporar inovações tecnológicas em seus grupos, que começaram na linhas mais caras e depois passaram para as mais baratas. Nesse ano, ela apresentou o seu design Shadow para o desviador traseiro, que escondia e protegia o desviador de impactos com rochas ou raízes.
2008 – SLX, O GRUPO MAIS VENDIDO

Herdeira do Deore LX, a Shimano criou um novo conjunto de grupos, o SLX, de gama média por excelência, que incorporava as tecnologias mais avançadas da marca a um preço popular, um status de “best-seller” que dura até hoje. O SLX é “o primeiro dos grupos bons” e ao mesmo tempo “o primeiro dos grupos baratos”.
2014 – SHIMANO STEPS

Um momento chave para a marca japonesa foi quando a Shimano pegou o pulso do novo tipo de bicicleta que estava surgindo, a e-bike, e desenvolveu seu próprio sistema de pedal assistido, o Shimano STEPS. A Shimano desenvolveu inicialmente um sistema com a unidade do motor localizada na roda dianteira com uma bateria de íons de lítio mais um sistema de travagem regenerativa, e, embora não tivesse lançado este produto, decidiu recomeçar procurando um sistema alojado no quadro da bicicleta. Em 2014, lançou a série E6000, a primeira da série Shimano STEPS.

Em 2016, as e-MTBs decolaram estrondosamente, e a Shimano lançou a série E8000 aprimorada, continuando um desenvolvimento imparável que levaria ao inovador EP8 em 2021.
2015 – DI2, DO FÍSICO AO ELETRÔNICO

Após sua aparição na estrada com o Dura Ace, o primeiro grupo eletrônico de MTB surgiu, o Shimano XTR Di2, que inaugurou uma nova era na qual estamos imersos hoje, passando da mecânica tradicional para a eletrônica. Mais tarde esta tecnologia chegaria ao Deore XT.
GRX 2019 – O QUE O GRAVEL PRECISAVA

Sempre atenta às tendências do mundo do ciclismo, a Shimano viu que no final da década passada um novo tipo de modalidade chegaria, o gravel, e é por isso que em 2019 a Shimano já tinha preparado o seu grupo específico para ele, o GRX, que respondia à nova versatilidade exigida no gravel, como múltiplas posições de frenagem, robustez ou ergonomia.
Curiosidades
Em 1968, a Shimano desenvolveu um cubo de marcha interna automático, combinado com um desviador de 5 velocidades. Usando a força centrífuga, o mecanismo interno selecionava duas opções de velocidade para facilitar as partidas.

Em 1969 a Shimano já projetou seu primeiro sistema de freio hidráulico. Com o nome de Power Brake, a peculiaridade dele é que com uma única alavanca a frenagem era distribuída para ambas as rodas, por meio de freios de aro.

Em 1971, o primeiro Tourney foi uma mudança projetada para a rede JBM, à qual os principais fabricantes japoneses se juntaram para oferecer produtos intercompatíveis. Em 1986, o nome Tourney foi trazido de volta aos novos conjuntos de grupos acessíveis que a Shimano lançou para competir em um mercado com produtos cada vez mais baratos de outras partes da Ásia.

Associamos o nome Shimano Altus a componentes MTB de valor acessível, mas em 1978 o primeiro grupo Shimano com este nome era um grupo de estrada e não exatamente dos mais simples.

No final da década de 1970, a Shimano colocou o foco na ergonomia, desenvolvendo, entre outros componentes, coroas que não eram redondas, mas ovais, para melhor aproveitar o momento de força de cada zona de pedalada. Seu nome era Biopace, e foi vista nos primeiros grupos de MTB. Mais tarde evoluiu para o Super Pace do mercado japonês.

Em 1981, a Shimano aperfeiçoou seus sistemas internos de câmbio no cubo, buscando maior confiabilidade e resistência, lançando o sistema 1-2-3, que incluía um comando de câmbio que foi o precedente do Rapidfire.

O primeiro Shimano Nexus para bicicletas urbanas trouxe de volta, em 1992, a ideia de mudança de cubo de marcha interna dos designs originais décadas atrás, muito refinada ao longo de anos de desenvolvimento, novos materiais e capacidades tecnológicas. Essa alternativa de mudanças finalmente encontrou seu lugar no nicho de mobilidade urbana.

A origem da tecnologia DI2 que viria mais tarde para a estrada e MTB começou a ser explorada nos grupos de ciclismo urbano e recreativo Nexave nos anos 2000, e já podíamos ver soluções eletrônicas em séries do ano de 2001.

Num plano de “edição de luxo”, a Shimano trouxe ao mercado em 2009 uma edição exclusiva do grupo de topo de linha da marca Yumeya, algo como o “Golden XTR”. Quem tem um hoje guarda como ouro.

NÃO APENAS BICICLETAS
Em 1970, a Shimano entrou no negócio de equipamentos de pesca. Essa decisão foi tomada porque a pesca contribuiria para a saúde das pessoas, que é o princípio da marca desde suas origens, e também permitiu o uso das tecnologias desenvolvidas para bicicletas. Como primeiro passo, a Shimano começou a fazer molinetes, acrescentando depois acessórios. Hoje a divisão de pesca é parte fundamental do faturamento da Shimano.

Na intenção de diversificar e aproveitar a capacidade tecnológica da marca para outras atividades, a Shimano testou o mundo do golfe por alguns anos a partir de 1991 com seus tacos ULTEGRA.

Desde 2008, os remadores também podem desfrutar das soluções tecnológicas da Shimano com seus sistemas SRD para ancoragem de sapatilhas no barco.

Baseado no artigo de MIGUEL LORENZO do MOUNTAINBIKE.ES