Vamos falar aqui da história da campeã da Monark

Uma das últimas remanescentes dos anos 70 da marca ainda em produção. Estamos falando da Monark Barra Circular.

Em 1966 foi lançada como Copa 66, ou Rei Pelé 66, seu quadro tinha formato menos ergonômico, pois a sessão que ligava o cachimbo ao selim era curvada e de peça única.

Nesta configuração, além de 1966, ela veio no ano de 1967 (Galáxia), 1968 (Medalha de Ouro) 1969 (2001), 1970 (Olé 70, nome que muitos hoje em dia a conhecem) e 71 (Brasil luxo 71).

Imagem do catálogo da linha Medalha de Ouro 1968

Em 1972, com a configuração atual do quadro, substituiu a Olé 70, que também possuía um aro no meio do quadro, só que de resto era bem diferente. Acompanhava aos demais modelos da marca do ano, como Série Águia de ouro 1972, mas seu nome, de fato, era Barra dupla circular, vinha com aros 26 e 28, e com o sistema de freio inglês (FI), sistema acionado unicamente por varas de aço e contra-pedal (CP) e Garupa integrada ao quadro – apenas neste ano – com uma útil garra com mola, para facilitar no transporte de objetos ou bolsas.

Barra circular águia de ouro 1972

Nem é preciso dizer que o modelo fez enorme sucesso, assim como a Monareta de 3ª geração, pela beleza de suas linhas e praticidade no seu uso diário. Aliás, fez tanto sucesso que foi até copiada pela concorrente, a Caloi, que lançou sua Barra forte, que se tornou a maior rival no segmento.

“1960 – O fenômeno da Monark Barra Circular

O começo dos anos 60 se faz com mais de 30 marcas de bicicletas sendo produzidas no Brasil. A grande maioria fabricava modelos em vários tamanhos, geralmente 28, 26, 24, 22 e 20, em polegadas e referente ao tamanho da roda. Com o mercado de bicicletas em crise a necessidade de padronização para diminuir custos é a saída para evitar fechar as portas. A grande maioria das bicicletas adultas, já no final da década de 60, passa a ser produzida com rodas 26 ½.

É difícil encontrar referências para entender o que levou a criação do desenho do quadro da Monark Barra Circular. Antes dela havia no mercado uma série de quadros com reforços no triângulo principal do quadro, geralmente barras que ligavam o tubo de selim com a frente da bicicleta. Podia ser um segundo tubo superior, com os dois em paralelo, ou um “J” que nascia no tubo inferior pouco atrás da caixa de direção e terminava no tubo de selim. Havia até a referência das Schwinn com seus dois tubos de reforço em semi-círculo saindo da parte baixa da caixa de direção, passando pelo meio do tubo superior e terminando nas forquilhas traseiras. Mas tudo indica que nunca se havia feito um quadro com um reforço circular dentro do triângulo central.

O mais interessante é que a primeira Barra Circular a ser colocada no mercado tinha rodas 28, bem maiores que as 26 ½ que se tornariam padrão. O fato talvez explique o porque do tubo superior sair da caixa de direção para baixo para só depois ficar paralelo ao chão. É uma forma de diminuir a altura do quadro e acomodar uma população com altura média baixa, como a do norte e nordeste onde o modelo virou um fenômeno de vendas.

O desenho da traseira, com as duas forquilhas em peça única que começam quase no meio do tubo superior, abrem-se no tubo de selim para formar um pequeno triângulo, continuam na traseira em paralelo ao chão para criar um suporte para o bagageiro, descem para fazer uma suave curva nas gancheiras e terminam na caixa de movimento central. O bagageiro acaba tendo uma área de apoio superior maior que os convencionais.

Se o projeto não tem referências, não restam dúvidas que ele tem uma fluidez que chega a ser agradável e um estilo algo futurista para a época. É completamente diferente do que se fabricava até então, quando o desenho do quadro normalmente tinha linhas retas, formas práticas, reconhecidamente resistentes, e que eram produzidas com o mínimo de desperdício de material.

A Monark Barra Circular foge da tradição e entra no mercado para fazer história. Mesmo uma marca com a força que a Monark tinha então só tem sucesso se seu produto cai no gosto público e a Barra Circular foi um sucesso total.” – A história da Bicicleta no Brasil, com texto de Arturo Alcorta.

Barra circular 5 estrelas 1976

No começo dos anos 80 ela se tornou a campeã de venda da marca, destronando a Monareta e também mudou a sua garupa, tornando suas linhas retas.

Barra Circular 5 estrelas 1976

Diante deste sucesso a Monark aproveitou o momento e lançou versões menores da Barra Circular, a de aro 20 (que concorreu com a Monareta!) e de aro 16, mirim.

Barra circular mirim aro 16
Barra circular aro 20
Barra circular 1982

Atualmente ainda continua sendo fabricada – e copiada pela concorrência – agora nos modelos VB (V-Brake = cabos de aço), FI (Sistema de varas de aço) e CP (Contra-pedal), com quadro de aço carbono.

Barra Circular VB – Modelo atual

Curiosidade:

O sucesso da Barra circular diante da principal concorrente, a Caloi, foi tamanho que a fez imprimir diversas mudanças na sua bicicleta, a Barra Forte, mais que de nada serviram, pois no final se rendeu as linhas da campeã da Monark, como podemos ver nas fotos abaixo:

Caloi Barra forte 79
Caloi Barra forte anos 80
Caloi Barra Forte
Caloi Barra forte atual

Víedo:

Monark Barra Circular no YouTube