Brasileiros competem em uma das provas mais difíceis do planeta

Conheça a ultramaratona de gravel que rodou quase 1.700 km pelo Peru

© Cesar Delong

O Inca Divide é uma ultramaratona de ciclismo realizada no Peru. O percurso é obrigatório, rodando cerca de 1.680km entre estradas de chão e asfalto dentre várias cidades no país, de norte a sul. O limite para completar a prova era de 240 horas, ou 10 dias. Como o projeto é ‘’self supported’’, ou seja, sem ajuda externa, o próprio competidor tem que carregar em sua bike tudo que irá usar durante a corrida, não podendo ter auxílio externo de carro de apoio, da mídia ou organização, entretanto, o mesmo pode comprar o que quiser e onde quiser, pois são muitos dias e seria inviável carregar comida para tanto tempo. A hospedagem também é por conta do atleta.

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Ao todo, 45 ciclistas de 15 países foram ao Peru para disputar essa corrida maluca, que muito mais do que uma competição contra os seus adversários, é uma luta diária para conseguir completar o planejamento, com suas dores, suas raivas, seu cansaço. Saindo de Trujillo, a 600 km norte da capital Lima, a prova seguiu para Cajamarca e dali adiante por dezenas de cidades e vilarejos, lugares com pouquíssima estrutura para receber turistas.

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Com mais de 32.500 de elevação acumulada, essa com certeza entra para a lista das mais duras do mundo. Perigo constante, adrenalina a mil e visuais de tirar o fôlego era a combinação diária para todos que seguiam o trajeto maluco ao lado de penhasco em estradas onde mal cabia um carro.

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A altitude com certeza foi fator predominante para muitos, saindo do nível do mar e subindo já no primeiro dia para dormir a 3.300 m. Ao longo dos dias subindo e descendo, chegamos a quase 5 mil metros de altitude, onde o ar já fazia efeito em nossos corpos e a fadiga muscular era visível, pedalando ou mesmo trabalhando nessas condições, que inclusive, chegaram a zero grau.

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Para provar a dureza e dificuldade dos que largaram, apenas 12 completaram no tempo. Dentre eles alguns gigantes como Sofiane Sehili, que finalizou em 5 dias, Rodney Soncco em 6 e Giona Birds em terceiro. O melhor brasileiro foi Leo, o cicloviajante que foi pedalando do Brasil para o Peru em uma bicicleta toda adaptada e muito inferior aos demais, um guerreiro!

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Acompanhamos de perto a saga de Rafael Oliveira e Breno Bizinoto, os youtubers do Canal de Bike. Atletas acostumados com longas distâncias, mas que sofreram com altitude. Dois dias perdidos por conta de mal-estar acabaram comprometendo o planejamento deles, mas não desistindo tão fácil. Breno recuperou o tempo perdido e chegou no checkpoint, mas devido à chuva congelada e o frio de menos 5°, além da altitude elevada, resolveu abortar por segurança própria. Rafael sofreu muito logo nos primeiros dias e por fadiga extrema se obrigou a largar a prova no sexto dia. Não é fácil para ninguém! Mesmo preparado, lugares exóticos como este podem te derrubar. A diferença cultural é bizarra, todos sofremos quanto a isso.

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Neste ano, o Inca Divide recebeu 15 brasileiros, número que vem crescendo ao logo dos três anos que esta edição rola nesta terra. A edição de 2020 está confirmada e há rumores de uma etapa no Brasil.

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Os visuais são esplêndidos, as paisagens deslumbrantes e a cultura é incrível. As cores chamam a atenção em todos lugares, trajes típicos, pinturas, praças de armas por todo canto. Vale a pena desfrutar dessa experiência, ela vai ficar marcada em sua vida!

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