Muitos artistas buscam inspiração para suas obras na bicicleta. As sensações suscitadas por este incrível veículo são projetadas para manifestações artísticas, em forma de escultura, fotografia, teatro, música, pintura, poesia, enfim, todas as formas possíveis de arte.

Marisia Salomão, gaúcha da cidade de Rio Grande, atualmente radicada no Rio de Janeiro, é uma artista plástica expressionista que tem a bicicleta como tema das suas telas. “Pinto há 35 anos e me considero uma observadora dos hábitos contemporâneos. Em minha fase atual, estou desenvolvendo o tema bicicletas com grande expressão estética dentro de um expressionismo”, diz Marisia. Ela iniciou sua carreira no IBA, hoje Escola de Artes Visuais, no Rio, em 1978. Cursou História da Arte na PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro, e ao longo de sua carreira, trabalhou com diversos orientadores como Paulo Alves, professor Acélio Melo, José Maria de Almeida, Armínio Pascual e mais recentemente Bernardii, com quem desenvolveu técnicas variadas e abstração.

O expressionismo foi um movimento surgido no início do século XX, como reação ao positivismo associado aos movimentos impressionista e naturalista, ou seja, a expressão pessoal e intuitiva se contrapondo à mera impressão ou observação da realidade. Munch, autor da famosa obra “O Grito”, é um dos renomados artistas representantes desta vertente.

Como a intenção das obras expressionistas não é retratar fielmente a realidade, os temas são representados com exagero e distorção, e o uso de cores fortes e puras busca conceder às obras uma força psicológica, buscando representar os sentimentos e angústias do artista, com o objetivo de impactar emocionalmente o espectador.

Marisia busca expressar a sua criatividade numa confluência de movimento e cores, em seus quadros com o tema bicicleta. “Minha paixão pelo ciclismo vem da sensação de liberdade e superação que somente o esporte pode propiciar. Fiquei fascinada ao assistir a uma competição de ciclismo no Rio de Janeiro, quando presenciei uma montanha de rodas girando de maneira alucinada e interminável, até certo ponto fugindo à compreensão dos que não participam da competição. Traduzir esses sentimentos na tela acabou sendo muito natural para mim”, afirma a artista.

A arte é uma forma de expressão importante na sociedade, pois registra as sensações e percepções do artista, e isso implica na representação da história e cultura em que ele está inserido, com valores estéticos, embora não seja uma mera questão de beleza, mas sim uma faculdade e habilidade humana capaz de comunicar sentimentos de uma maneira acessível a todos, o que pode contribuir para o aperfeiçoamento moral e social dos espectadores, contagiados com os sentimentos autênticos contidos na obra.

A bicicleta, muito além de sua função primordial como meio de transporte, lazer e bem-estar, também se torna expressão artística nas mãos e mentes de pessoas criativas e talentosas, demonstrando em mais esta vertente o quanto está presente em nossas vidas. A arte desdobra a simplicidade, engenhosidade e beleza contidas nesta criação humana, e evidencia a complexidade de sentimentos e emoções que a bicicleta pode gerar.

© Marisia Salomão