Já está mais que comprovada a importância do uso da tecnologia em componentes da bicicleta, e que isso afeta diretamente o desempenho do ciclista. Para essas peças, são necessários projetos, protótipos e testes que garantem a eficiência do produto. Isso se aplica aos forros utilizados nas bermudas e bretelles para pedalar.

No mercado internacional já está totalmente consolidada a existência de forros específicos para cada modalidade e níveis de treinamento do atleta. Esse texto tem como objetivo esclarecer a importância de saber qual o forro mais indicado para a sua rotina de treino ou passeio.

Em relação à postura, temos como referências antropométricas três variações posturais em relação ao ponto de apoio no selim: posterior MTB1, medial ROAD2 e anterior Triathlon3.

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Porém, alguns atletas podem ter seu ponto de apoio diferente, o que é observado através de um teste de apoio. Existem alterações posturais que podem comprometer a performance do atleta durante o pedal. Por isso, é importante que o ciclista saiba qual deve ser a sua postura correta na bicicleta, através de uma avaliação antropométrica; nessa avaliação é feita a regulagem correta dos itens da bicicleta e a avaliação da postura do ciclista (montado na bicicleta e em pé).

Além dos pontos de apoio das modalidades, existe um outro fator antopométrico (bikefit) que deve ser levado em conta: a mulher apresenta a região isquiática mais larga, e com isso seu apoio fica mais próximo das extremidades do forro. Já a do homem é mais medial, conforme a figura abaixo.

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Com base nessas informações, agora vamos ter uma noção sobre o que um bom forro deve conter, e quais são as indicações para cada modalidade.
Informações técnicas

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Proteção e conforto do tecido: o tecido precisa ter na sua estrutura componentes que garantem a redução da umidade no local. Atualmente, nesse quesito, a tecnologia da COOLMAX é líder. Além da importância em manter a área o mais seco possível, esse tecido precisa da proteção para reduzir ao máximo as bactérias nocivas e preservar as bactérias boas, que mantêm a flora local equilibrada. A SILVADUR (DOW) é, hoje, a empresa com maior tecnologia de tratamento bacteriostático. Funciona assim: através de uma reação físico-química, a membrana da bactéria nociva é atraída para os íons da prata e explode, causando sua morte, enquanto a bactéria benéfica para a flora local permanece viva, pois não é atraída pela reação. Esse processo não acontece na tecnologia de um tratamento antibacteriano, que, por se tratar de um mecanismo químico, não consegue atingir apenas as bactérias nocivas.

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Densidades: as densidades mais indicadas são as que apresentam a “Espuma com Memória”. A densidade de espuma não é um peso, mas sim uma medida de massa por unidade de volume, medida em quilogramas por metro cúbico (kg / m3). Normalmente, utilizamos espumas de D- 40kg / m³, D-60kg / m³, D-80kg / m³, D-100kg/m³ e D-120kg / m³, que correspondem basicamente ao peso do atleta e/ou a sua atividade no pedal. O tamanho das células muda em termos de densidade de espuma: menor concentração de células em espumas de menor densidade, e maior concentração de células em espumas de maior densidade. A “Espuma com Memória” é dita dessa forma porque ela precisa apresentar duas funções básicas: garantir através das suas células de poliuretano a mínima área de passagem de ar e líquido, e ter capacidade para que o sistema de elevação (retorno) volte ao estado inicial ao longo do tempo de uso. As espumas de maior densidade oferecem maior suporte. “Suporte” é a capacidade da espuma de “empurrar” contra o peso (atleta) e evitar que ela vá em direção ao “fundo” (selim), precisando ter resistência à compressão. Quanto maior a densidade, mais peso ou força você precisa para deformar a espuma.

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Respirabilidade: A importância da passagem de ar e de água pelo o forro é fundamental para que ele ao longo do treino não absorva o suor aumentando com isso o seu peso. É por isso que hoje no mercado a maioria dos forros possuem perfurações tanto na espuma quanto no gel. Um importante dado é que a espuma na qual está a densidade não pode estar perfurada porque perderia a sua função de “espuma com memória”, já que suas células seriam rompidas. A foto abaixo mostra as várias camadas de espuma com densidades menores perfuradas que garantem a ventilação e passagem dos líquidos, e a proteção da camada da espuma com densidade acima de 80.

INDICAÇÕES

Forro para Road: nessa prática, o atleta permanece, na maior parte do tempo, na angulação entre 27°- 28°. O ângulo do tronco fica mais próximo da perna, e, com isso, o ponto de pressão é deslocado para frente-medial, onde inicia o estreitamento do selim em máxima pressão na área perineal. Com isso o forro mais indicado será o com proteção das densidades por todo o forro (anterior-medial-posterior) e o mais plano possível, como os de espuma intermediária, e os negativos, que são forros com espuma muito altas que projetam o atleta mais para a frente ainda, forçando, com isso, o grupamento muscular da coluna que precisará fazer um esforço extra para recolocar o atleta na angulação certa.

POSTURAS

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Forro para MTB: nessa modalidade o atleta já precisa de uma proteção extra na região posterior, por causa das irregularidades dos solos e a posição em que ele permanece por mais tempo (na angulação entre 39°- 40°). Com o ponto de apoio do atleta voltado para a região posterior do selim, o forro precisa ter a altura da espuma maior.

Forro para Triathlon: (24°- 25°) o atleta deve usar um forro próprio para seus treinos, e outro para a competição. Na competição, o forro precisa agrupar tecnologia para as três modalidades. Por exemplo, na natação, o forro precisa virar uma peneira para garantir que resistência da água não funcione como uma espécie de âncora, puxando o atleta para baixo. Já para o ciclismo, ele precisa ter um conforto de espuma que não possua um volume que venha a prejudicar a natação e a corrida. E para a corrida, o forro precisa acompanhar anatomicamente os movimentos corporais.

Está totalmente consolidada a existência de forros específicos para cada modalidade e níveis de treinamento do atleta.

Com base nesses dados, pode ficar mais fácil escolher da melhor forma possível o forro da sua bermuda.

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