Derrubando os mitos, cálculos e calendários que beiram a astrologia dos elos da corrente, descobrir o momento certo para a troca é muito mais simples do que parece. E pode salvar toda a relação da sua bicicleta

Todo ciclista já ouviu falar da importância de trocar a corrente, certo? Se ainda não, fica o aviso: você pode estragar todo o conjunto de cassete e coroas se insistir em sair por aí pedalando com uma corrente velha. Ou estourar a corrente e ficar sem ter como voltar do pedal. O problema é que a corrente vencida não apresenta sinais claros como de um pneu careca ou um rolamento que começa a fazer a barulho.

Se você esperar a corrente fazer barulho e começar a escapar das coroas, é sinal de que você errou a hora da troca e isso vai te custar bem caro e vai ter que trocar todo o resto da relação – cassete e coroas. Ou até se acidentar no momento que a corrente escapar das engrenagens.

Me lembro antigamente que muita gente ensinava a fazer as contas. Diziam que uma corrente durava 2 mil quilômetros. Outros diziam 4 mil. Alguns usavam a escala de tempo, algo perto dos 6 meses. Aí vieram falando que depende do seu peso. E da sua potência. Na verdade, sua relação peso/potência. Socorro.

A verdade é que a quilometragem e o peso do atleta são somente algumas das infinitas variáveis que vão desgastar a sua corrente mais rápido ou mais devagar. Nessa conta, deveria entrar também a quantidade de chuva que você pegou, poeira, se lubrificou corretamente, potência gerada, quantidade de minério e até o material que a corrente é feito.

A verdade é que, dependendo destes fatores, uma corrente pode durar 7 mil km, como pode durar só mil. Experimente fazer uma ultramaratona com chuva por 7 dias e veja a sua corrente pedir arrego logo aos 500 kms de vida.

Então como saber se chegou a hora da troca?

Este é um medidor de corrente. Quando a corrente fica velha o tamanho dela aumenta, literalmente. Ela se estica mesmo. Se você comparar o tamanho total de uma corrente usada com uma nova, a usada chega a ser até 1 cm maior do que a nova, considerando mesma marca e modelo.

Como funciona?

Você insere cada ponta do medidor em um elo da corrente. Se a corrente estiver nova, ou seja, em seu tamanho normal, a segunda ponta do medidor não vai entrar completamente no elo da corrente, como mostra a imagem acima.

Porém, se a sua corrente estiver velha, ou seja, esticada e mais alongada, essa mesma ponta do medidor vai conseguir entrar no elo da corrente, como na imagem abaixo.

Veja um comparativo de duas correntes com vidas úteis distintas. Na primeira imagem, uma corrente ainda boa por quê o medidor não entra completamente na corrente. Na segunda imagem o medidor entra completamente no elo, demonstrando que a corrente já está esticada o suficiente e necessita ser trocada.

Qualquer oficina pode te emprestar essa ferramenta, mas quem tem mais de uma bike pode se confundir com as aferições que fez quando levou a bike na oficina pela última vez. Além disso, quem gosta de ter o domínio de como anda a vida útil de cada peça das magrelas, vale a pena ter a ferramenta em casa e acompanhar sempre como está o desgaste das correntes.


Corrente com sinal claro de desgaste extremo, onde a ferramenta se insere com muita facilidade entre os elos.

Existem modelos compactos, recomendados para você ter em sua modesta caixinha de ferramenta e outros mais elaborados que fazem a aferição numérica de qual é o desgaste da corrente.

Vale lembrar que os medidores são universais para todos os tipos de corrente, independente da quantidade de velocidades ou marca da corrente.